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    A evolução da bolha imobiliária PARTE 3

    15 de outubro de 2014

    Post mais recente sobre a bolha imobiliária no Brasil: http://defendaseudinheiro.com.br/a-bolha-imobiliaria-no-brasil-e-a-economia

    Neste documento apresentarei as principais evidências relacionadas à bolha imobiliária em mais algumas cidades, ao final, falando sobre 10 motivos para não comprar imóvel neste momento. Esta é a última parte deste trabalho. Em estudos anteriores, demonstrei a evolução da bolha imobiliária em São Paulo (http://defendaseudinheiro.com.br/a-evolucao-da-bolha-imobiliaria-em-sao-paulo), como opera o subprime brasileiro analogamente ao americano e seus efeitos nas construtoras, com evidências da bolha imobiliária em Brasília e Salvador (http://defendaseudinheiro.com.br/a-evolucao-da-bolha-imobiliaria-parte-1) e ainda, a bolha imobiliária em Belo Horizonte e a relação da bolha imobiliária com economia (http://defendaseudinheiro.com.br/a-evolucao-da-bolha-imobiliaria-parte-2) .

    A EVOLUÇÃO DA BOLHA IMOBILIÁRIA PARTE 3:

    Segue estudo:

    CURITIBA:

    Vamos avaliar diversas informações disponibilizadas sobre o mercado imobiliário em Curitiba:

    http://www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.phtml?id=1300746

    Seguem trechos da notícia acima, que é de 2.012:

    Trecho 1: “Imóvel sobe duas vezes mais que a renda do morador em Curitiba”

    Trecho 2: “O aumento, de 110%, é quase duas vezes superior ao verificado no rendimento médio de quem mora na região de Curitiba, que cresceu 57% no período. Os imóveis subiram também bem acima da inflação no período, de 33,01%, segundo cálculo feito pelo economista Luciano D´Agostini, doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), a pedido da Gazeta do Povo.”

    Trecho 3: ““Em relação aos imóveis, o poder de compra dos salários reduziu 33% em cinco anos”, diz o economista. Segundo ele, o preço dos imóveis descolou de todos os demais itens do orçamento das famílias.”

    http://www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.phtml?id=1347279

    Trechos da notícia acima, que é de fevereiro/2013:

    Trecho 1: “Estoque de imóveis novos bate recordes – são 11,5 mil nas mãos das incorporadoras, quase o dobro da demanda anual”

    Trecho 2: “Segundo o Sindicato da Indústria da Construção Civil no estado (Sinduscon-PR) cerca de 9 mil unidades devem ser lançadas em 2013 – o mesmo volume de 2012.”

    Trecho 3: “As promoções vão desde “mimos”, como cozinha e quartos decorados, até a redução de preço de 10% a 30%.”

    http://www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.phtml?tl=1&id=1426349&tit=Gigantes-do-setor-saem-de-fininho

    Trechos da notícia acima, que é de novembro/2013:

    Trecho 1: “Depois de chegarem a Curitiba e praticamente dobrarem o número de lançamentos por ano, as principais construtoras do país estão reduzindo drasticamente o número de novos empreendimentos ou até mesmo encerrando suas atividades na cidade.”

    Trecho 2: “A Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário no Paraná (Ademi-PR) estima que 11 mil unidades estejam nas mãos das incorporadoras e construtoras, enquanto a demanda não passa de 6 mil.”

    Trecho 3: “Para limpar o estoque alto de empreendimentos prontos, essas construtoras estão apostando em feirões, com descontos de até 35% e condições como entrada de apenas 10%.”

    http://www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.phtml?tl=1&id=1491867&tit=Comeco-de-ano-morno-faz-crescerem-os-estoques-das-construtoras

    Trecho da notícia acima, que é de 17/agosto/2014:

    “Em dezembro do ano passado, havia 10,4 mil unidades novas (incluindo prontas e lançadas) em estoque em Curitiba. Em junho, eram mais de 12,2 mil, o equivalente a 32% de tudo que foi lançado desde dezembro de 2008, segundo levantamento da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-PR).”

    http://www.parana-online.com.br/editoria/cidades/news/823803/?noticia=MOMENTO+E+BOM+PARA+CONSEGUIR+DESCONTO+NA+COMPRA+DE+IMOVEIS

    Trechos do link acima, que é de 27/agosto/2014:

    Trecho 1: “O mesmo comprador que se assustou, nos últimos anos, com a escalada de preços do metro quadrado na capital, em 2014, passou a receber uma segunda ou terceira proposta de preço para o mesmo empreendimento com descontos que chegaram a 50%”

    Trecho 2: “Não querem falar da bolha, mas como o mesmo imóvel novo que antes saía por R$ 1,5 milhão, agora dá para ser negociado por R$ 750 mil, questiona”

    http://www.reclameaqui.com.br/7003019/pdg-incorporacoes/distrato-village-parana-unidade-1003/

    Trechos do link acima, que é um depoimento no ReclameAqui, de julho/2013, de Curitiba:

    Trecho 1: “Em 12/07/2013 solicitei distrato com a PDG conforme email abaixo devido a PDV na época estar ofertando o mesmo apartamento por R$ 179.000,00, enquanto estaria pagando em torno R$ 206.067,92.mes fizeram um feirão oferecendo um desconto de R$ 50.000,00…”

    http://www.reclameaqui.com.br/8153478/cyrela-brazil-realty/ideale

    Trechos do link acima, que é de março/2014, também sobre Curitiba:

    Trecho 1: “Em 2011 assinei um desses contratos de imóvel na planta com esta empresa. Trata-se do Ideale em Curitiba.”

    Trecho 2: “Além disso fui enganado pela corretora que me fez a venda. O valor que eles querem que eu financie hoje é maior do que o valor do imóvel que recentemente foi entregue.”

    Pegando o gráfico da notícia de 17/agosto que consta acima e fazendo alguns cálculos:

    Post 30 - imagem 1 - Lançamentos estoques e vendas Curitiba

    Vamos agora, agrupar as informações constantes nas pesquisas e cálculos acima:

    Post 30 - imagem 2 - evolução do mercado imobiliário Curitiba

    Em Curitiba, o aumento muito relevante nos lançamentos de 2.009 a 2.011, combinado com preços dos imóveis que cresceram muito mais do que a renda da população a partir de 2.007, fez com que as vendas caíssem de um patamar de 5.500 unidades por ano até 2.012, para 1.800 por ano nos últimos 12 meses apurados (queda de 67%) e mesmo com redução relevante em lançamentos a partir de 2.012, isto gerou um super estoque com preços fora da realidade de renda local e isto aconteceu, apesar dos descontos significativos e crescentes desde o início de 2.013. Em junho/2014, o estoque de imóveis em Curitiba se tornou o recorde de todos os tempos e está em patamar que também é recorde em relação a vendas (estoque atual equivale a quase sete anos de vendas).

    Em uma situação normal, uma redução relevante em lançamentos combinada com promoções que tenham descontos significativos, ambos ocorrendo ao longo de anos, deveria reduzir os estoques e não o contrário. Por que então tivemos este aumento de estoque?

    Porque mesmo com parte das promoções sendo verdadeira, mas mantendo preço ainda inviável quanto à renda, não gera aumento nas vendas para compradores finais, além de levar à desistência da compra por investidores que viram o ágio se tornar inviável, aumentando assim os estoques, enquanto para outra parte das promoções que são falsas (aumenta preço anunciado e dá desconto voltando ao preço original), também não vende. Outros pontos: com piora na economia, trazida pela própria bolha imobiliária junto com bolha de crédito para consumo, temos como reflexo uma piora na situação financeira para compradores, fazendo com que distratos cresçam sem parar, principalmente porque agora também observamos o recorde de entregas relacionadas às vendas FALSAS do passado (para famílias sem renda para adquirir crédito imobiliário) e os distratos ocorrem na entrega, no momento em que as famílias veem seu crédito rejeitado pelos bancos.

    O cenário acima é típico de nossa bolha e repete o que já foi apresentado sobre outras cidades: diminuições radicais em lançamentos não reduzem estoques, promoções com parte dos descontos sendo insuficientes e a outra parte falsos, também não e distratos continuam crescentes alimentando cada vez mais os estoques, tudo isto junto, demonstrando claramente que os preços são insustentáveis. Qual a solução? Reduções relevantes, reais e abrangentes nos preços dos imóveis em Curitiba, é a única saída para volta ao equilíbrio.

    SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (SJC):

    Vejamos algumas informações sobre o mercado imobiliário de SJC:

    http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2013/05/preco-dos-imoveis-cai-25-em-sao-jose-em-dois-anos-revela-creci.html

    Trechos do link acima, que é de maio/2013:

    Trecho 1: “Preço dos imóveis cai 25% em São José em dois anos, revela Creci”

    Trecho 2: “Valor máximo de apartamento de luxo caiu de R$ 530 mil para R$ 400 mil.

    Pesquisa leva em consideração os negócios fechados no mercado.”

    Trecho 3: “Segundo o coordenador de pesquisa do Creci no Vale, André Turci, a tendência é o que o valor continue a cair.”

    http://www.reclameaqui.com.br/6948247/alphaville-urbanismo/alphaville-sao-jose-dos-campos/

    Trecho do link acima, de novembro/2013

    “O alphaville Sao Jose dos Campos me vendeu lotes por 720,00 o metro. Mas “queima”lotes ate hoje por 650,00 o metro. O Lancamento foi em Outubro de 2011 …se colocamos a inflacao deveria estar no minimo a 740 o metro.”

    http://www.digitalflip.com.br/ovale/flip/Classificados/01024%3D07-07-2013/44.PDF

    Trecho do link acima, de julho/2013:“São José tem aumento de 300% na locação”

    http://www.ovale.com.br/crise-amplia-o-estoque-de-imoveis-para-locac-o-1.556050

    Trecho do link acima, de setembro/2014:

    “O estoque de imóveis residenciais para locação em São José dos Campos registrou aumento de 8,47% entre setembro do ano passado e julho deste ano”

    http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2014/09/valor-do-aluguel-de-imoveis-cai-em-sao-jose-dos-campos-sp.html

    Trecho do link acima, de setembro/2014:

    “Levantamento aponta queda entre 8 e 10% no valor do aluguel.”

    http://www.ovale.com.br/construc-o-civil-de-s-o-jose-tem-pior-indice-de-desemprego-1.554367

    Trecho do link acima, de agosto/2014:

    “Levantamento feito pelo SindusCon ((Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) aponta que São José dos Campos e região tiveram o segundo pior desempenho do interior na geração de empregos no setor em julho, com retração de 377 vagas.”

    O cenário da evolução da bolha imobiliária em São José dos Campos é bem claro, não precisa ser “desenhado”, basta acompanharmos a sequência dos fatos: primeiro, temos o excesso de oferta junto com preço fora da realidade de renda, que leva a 25% na redução dos preços no ato da entrega dos imóveis novos. O aumento de 300% na oferta de aluguel, seguido por novo aumento na oferta cerca de um ano depois, demonstra o volume anormal de investidores, que ao receberem imóveis e perceberem que não conseguiriam revender devido à queda nos preços, optaram em colocar estes imóveis para alugar. A super oferta de aluguel levou a uma redução nos preços dos aluguéis entre 8% e 10%, como era de se esperar, ao mesmo tempo que a construção civil reduziu muito as obras, também em virtude da super oferta, o que aumenta o desemprego na região, retroalimentando a situação de crise local que apenas prejudicará cada vez mais os preços, tanto de venda quanto aluguel.

    OUTRAS EVIDÊNCIAS DA BOLHA IMOBILIÁRIA NO BRASIL:

    Já evidenciei em trabalhos anteriores e neste, com mais profundidade, a bolha imobiliária nas construtoras e nas cidades de São Paulo, Salvador, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba e São José dos Campos. Para não estender demais este trabalho, trarei um conjunto de notícias relacionadas a outras cidades, apenas como referências adicionais.

    Referências sobre quedas de preços que tem ocorrido em outras cidades, tão relevantes quanto reduções que ocorreram em outros países que tiveram explosão de bolha imobiliária:

    Queda relevante de preços de imóveis novos em Natal, na entrega mais barato que na planta:

    http://jornaldehoje.com.br/infraestrutura-ruim-derruba-valor-dos-imoveis-em-natal/

    No Espirito Santo, imóveis com “descontos” de até R$ 400 mil:

    http://webclipping.mile4.com.br/webclipping/visualiza.php?cd=17370

    Notícia sobre queda de 15% nos preços de imóveis em Goiânia, após quedas em vendas:

    http://www.opopular.com.br/editorias/economia/queda-nas-vendas-faz-pre%C3%A7os-de-im%C3%B3veis-recuarem-1.307413

    No trabalho abaixo, constam depoimentos de compradores de imóveis, que viram a construtora vendendo imóvel similar ao seu, no ato da entrega, mais barato do que haviam pago na planta. Além de depoimentos em  cidades que constam nos trabalhos anteriores e neste, temos depoimentos de Piracicaba, Sorocaba e Santos. Segue o link:

    http://www.defendaseudinheiro.com.br/comprar-imovel-em-tempos-de-bolha-imobiliaria

    Referências adicionais sobre desequilíbrio elevado entre oferta e demanda, típico de bolha:

    Aqui temos as informações sobre super-oferta de imóveis para alugar na cidade de Florianópolis e nos Estados do RS, SP e PR:

    http://www.ndonline.com.br/florianopolis/noticias/141217-oferta-de-imoveis-para-locacao-cresce-50-na-grande-florianopolis.html

    Neste artigo, o NRE (Núcleo Real Estate) da Poli-USP, informa a existência de super-estoques de imóveis novos para vender em algumas cidades do país, incluindo Manaus e Vitória:

    https://www.consorciodeimoveis.com.br/noticias/mercado-imobiliario-2014-confira-algumas-perspectivas

    10 MOTIVOS PARA NÃO COMPRAR UM IMÓVEL AGORA:

    Com base em tudo que foi evidenciado neste trabalho, nas partes de 1 a 3 e também no documento anterior sobre a evolução da bolha imobiliária em São Paulo, podemos destacar 10 motivos pelos quais os preços dos imóveis tendem a se reduzir de forma relevante no curto / médio prazo, o que significa que agora não é um bom momento para comprar imóveis:

    1) Lei de oferta e procura: como evidenciado, temos uma oferta de imóveis que é recorde de todos os tempos, nas mais diversas cidades do país, ao mesmo tempo em que a demanda está extremamente retraída, fazendo com que o estoque de imóveis seja o equivalente a anos de vendas e da mesma forma, o tempo para conseguir vender um imóvel também é recorde, nunca foi tão elevado e anormal. Esta é uma das situações típicas de bolha imobiliária e uma demonstração clara de que o preço atual é insustentável. Alguns exemplos demonstrados neste e em trabalhos anteriores: em São Paulo, a oferta de imóveis de 3 e 4 dormitórios em apenas 1 site é o suficiente para mais de 11 anos de vendas de imóveis novos para compradores finais mais usados, em Curitiba, a oferta de imóveis novos com construtoras é o suficiente para quase 7 anos de vendas, em São José dos Campos, a oferta de imóveis para alugar subiu 300% e em BH, a oferta de imóveis novos com construtoras com preço superior a R$ 500 mil equivale a mais de 27 meses de vendas, dentre outras anomalias demonstradas neste trabalho. No total de 12 construtoras com Ações na BOVESPA que pesquisei, que tem relatórios oficiais em suas páginas institucionais na Internet, temos que a proporção dos estoques em relação a vendas dos últimos 12 meses nunca foi tão elevada, mais uma prova de que esta distorção anormal entre oferta e procura é abrangente no país e não localizada ;

    2) Preço dos imóveis versus renda: a distorção muito elevada entre os preços dos imóveis e a renda das famílias, é agravada pela péssima distribuição de renda, onde menos de 10% das famílias no país possui renda superior a 20 salários mínimos, enquanto a grande maioria dos imóveis à venda é acessível somente para esta faixa de renda, fazendo com que em alguns casos, tenhamos uma altíssima quantidade de imóveis que nunca serão vendidos se os preços forem mantidos, por falta de famílias com renda para financiá-los, mesmo  em 30 anos de financiamento. Esta é mais uma demonstração de que os preços não poderão se manter neste patamar. Exemplo da cidade de São Paulo que em apenas 1 site tem mais de 100.000 imóveis anunciados acima de R$ 500 mil que nunca serão vendidos por falta de famílias com renda e sem imóvel, ou o caso de Belo Horizonte, onde os estoques, só do que está em poder das construtoras (sem contar com especuladores, usados, etc.), olhando especificamente para preços acima de R$ 500 mil, equivalem a 27 meses de vendas. Além disto, se considerarmos o estoque superior a R$ 29 bilhões em poder de algumas construtoras versus a quantidade de imóveis, temos preço médio unitário superior a R$ 500 mil, uma evidência de que esta distorção entre preços e renda tem escala nacional e não localizada ;

    3) Subprime brasileiro e as construtoras: o grande volume de vendas FALSAS na planta, conforme demonstrado, levou as principais construtoras que adotaram esta prática a ficarem com super estoques combinados com mega endividamento. Para pagarem as parcelas de suas dívidas, estas construtoras são obrigadas a reduzirem os preços dos imóveis, em promoções e descontos que tem se intensificado ao longo dos anos. Um exemplo foi promoção da PDG em agosto/2014, onde ela tentou vender 5.000 imóveis e só conseguiu vender 1.500 (menos de 1/3), mas a informação importante é que o preço médio de venda foi de R$ 260 mil por imóvel, muito mais próximo da realidade de renda das famílias do que dos preços FANTASIA anunciados, sendo que os preços descolados da renda, simplesmente não vendem (a parcela que é FRAUDE das promoções continua encalhada). O fato é que estas construtoras terão que praticar reduções reais de preços em LARGA escala, só para pagarem as dívidas, considerando-se as distorções elevadas entre oferta e procura e entre preço e renda. Fica ainda pior se lembrarmos que os cancelamentos de vendas que já tinham acumulado mais de R$ 13 bilhões de 2.011 a 2.013 tiveram crescimento relevante neste ano de 2.014, acima de 40% sobre 2.013. Isto é uma prova cabal de que os preços dos imóveis estão incompatíveis com a renda das famílias. O grande volume de distratos no segmento popular indica que mesmo os menores preços estão inviáveis para as famílias, até em função da situação da economia (ver item 6), em grande parte gerada pela própria bolha ;

    4) Apelações para conter desmoronamento da pirâmide são inúteis: Governo tentou “forçar” o aumento na concessão do crédito imobiliário pelos bancos, tirando rendimento de dinheiro retido dos bancos e só permitindo resgate dos mesmos se for para conceder crédito imobiliário ou para compra de imóveis. Resultado? Nenhum. Os bancos preferem perder rendimento sobre aquele dinheiro, do que conceder empréstimos de alto risco que possam significar perdas maiores do que só o rendimento, ou seja, a chantagem do Governo não deu certo, os bancos sabem do altíssimo risco criado pelas bolhas de crédito imobiliário e de consumo, assim como situação da economia e perspectivas. O resultado também foi nulo no caso do aumento de limite de uso do FGTS para financiamentos. A estratégia do segmento imobiliário de diminuir cada vez mais os imóveis ou aumentarem os lançamentos de loteamentos, para “caberem nas parcelinhas”, também alcançou um limite físico e de super oferta, como demonstrado em exemplos destes últimos trabalhos. A “aposta” que os imóveis populares poderiam ser a salvação, com novas fases do Minha Casa Minha Vida (MCMV), por exemplo, também são infundadas, uma vez que até os imóveis populares tem preços inviáveis, basta observar que a grande maioria dos R$ 13 bilhões de distratos de 2.011 a 2.013 foram para estes imóveis e que para as famílias de menor renda o déficit habitacional aumentou durante o MCMV. Até novas vendas FALSAS na planta tem sido mais difícil, mesmo para famílias de baixa renda que eram o alvo preferencial, talvez devido a alerta no programa “Mais você” no início deste ano quanto ao esquema de pirâmide existente ou mesmo porque a antecipação de vendas futuras já foi muito elevada antes. Agora tentam ressuscitar a tabela Price para financiamentos imobiliários, porque ela permite parcelas menores no início e fica mais fácil para tentar aprovar o crédito, o que poderia reduzir o índice de distratos. Óbvio que todas estas tentativas apelativas visam apenas atrasar a explosão da bolha imobiliária o quanto conseguirem, mas o fato é que isto tem sido cada vez mais infrutífero, pois a piora da economia, trazida pelas próprias bolhas imobiliária e de consumo (ver item 6), impede isto.

    5) Mega especulação e seus efeitos: em algumas cidades, conforme comprovado nestes trabalhos, a altíssima especulação já causou redução de preços equivalente a explosão de bolha imobiliária em outros países, tais como o caso de Brasília onde os lançamentos tiveram queda de 35,5% nos preços, ou o caso de São José dos Campos onde os preços caíram 25% na entrega, Natal onde preços na entrega foram menores do que na planta, São Paulo onde mega especulação com 1 dormitório novo no 1S13 causou uma queda de 23% nos preços de usados de 1 dormitório no mesmo período, dentre outras evidências de quedas de preços apresentadas neste trabalho e anteriores, incluindo os depoimentos do ReclameAqui nas mais diversas cidades, de investidores que compraram na planta e no ato da entrega viram construtora vendendo mais barato e foram obrigados a cancelar o negócio, apenas uma nova forma de aumentar os super estoques. Estas são evidências adicionais do quanto estes preços são inviáveis, artificiais e já vem caindo há mais de 1 ano nas mais diversas localidades ;

    6) Situação atual e prevista da economia: de acordo com o que foi demonstrado na parte 2 deste trabalho, a bolha imobiliária, combinada com a bolha de crédito para consumo, gera uma série de danos à economia, sendo que a economia “retribui” ajudando a explodir estas bolhas. Vamos repassar por assunto: a) INFLAÇÃO: preço do M2 de imóvel comercial que disparou, é repassado para preços de produtos e serviços que se utilizam daquela área, assim como aumento relevante nos empregos pela explosão de construções, sem ganho de produtividade, foi altamente inflacionário também. Inflação elevada rouba poder de consumo no dia-a-dia e também faz com que cada vez menos pessoas possam comprar imóveis ; b) PIB: muitos pequenos negócios fecharam e outros se tornaram inviáveis porque M2 do imóvel comercial subiu demais, prejudicando o crescimento do PIB, assim como o aumento obrigatório do juros (SELIC) para combater o aumento de inflação trazido pela bolha imobiliária e de crédito para o consumo, faz com que as muitas parcelinhas relacionadas ao consumo deixem de caber no bolso, assim como muitas empresas deixem de fazer investimentos pelo custo do Capital, tudo isto muito danoso para economia. Os danos a economia se refletem também em queda de consumo e diminuição de compra de imóveis ;  c) ENDIVIDAMENTO DAS FAMÍLIAS E INADIMPLÊNCIA: de acordo com informações do SERASA, ambos bateram recorde neste ano, graças a uma combinação explosiva de crescimento anormalmente elevado e rápido no crédito total concedido para consumo mais imobiliário (passamos de R$ 350 bilhões em 2.007 para R$ 1,350 trilhões em 2.014), combinado com aumento de inflação e juros trazidos pelas bolhas imobiliária e de crédito para o consumo e principalmente, as parcelas do financiamento imobiliário (às vezes consumindo mais de 30% da renda graças à pessoas adicionais na aprovação do crédito que não pagam mensalidades) ou preço do aluguel que subiram muito mais do que a renda, tudo isto junto estrangulou de maneira sensível o orçamento das famílias, reduzindo em muito sua capacidade de consumo, incluindo aquisição de imóveis e gerando novos danos relevantes à economia ; D) DESEMPREGO: graças as vendas FALSAS que fizeram com que as construções explodissem, tivemos geração de emprego recorde durante a etapa “inflar” da bolha, com 10% de todas as vagas geradas de 2.007 a 2.013 sendo para servente de obra, agora que vendas despencaram e temos super estoques, os lançamentos também despencaram, sendo que já tivemos crescimento de quase 50% no desemprego em Salvador graças a isto e esta situação está se replicando para o resto do país ; E) SITUAÇÃO FISCAL DO GOVERNO: O Governo manteve gastos muito elevados nos últimos anos, tentando junto com as bolhas imobiliária e de crédito para o consumo, garantir um crescimento ARTIFICIAL, portanto, não sustentável da economia, tanto que este crescimento despencou. Ocorre que até em virtude destes gastos excessivos do Governo, o mesmo está sem folego para pedalar também, com isto a CEF não pode crescer tanto a oferta de crédito imobiliário como antes e é OBRIGADA  a ser mais criteriosa, colaborando para o aumento nos DISTRATOS e alimentação de super estoques. CONCLUSÃO SOBRE A BOLHA IMOBILIÁRIA E A ECONOMIA: Toda a destruição que a bolha causou a economia é retribuída agora, com a economia tornando ainda mais inviável o preço dos imóveis para os possíveis compradores, ao mesmo tempo que aumenta em muito o número de vendedores que tem a NECESSIDADE de vender para resolver problemas financeiros gerados pela economia fraca, reforçando a tendência de redução dos preços dos imóveis ;

    7) Oferta e preço dos alugueis versus preços do imóveis: a rentabilidade dos aluguéis para os proprietários tem variado entre 0,30% e 0,50% dos preços dos imóveis, em termos BRUTOS. Ao descontar impostos a rentabilidade fica ainda pior, enquanto facilmente encontramos aplicações financeiras conservadoras com rentabilidade liquida de impostos de 0,70% ou mais. Além disto, como muitos investidores não conseguiram revender imóvel com ágio, optaram por colocar para alugar, gerando super oferta que já está levando a quedas nos preços dos aluguéis em conjunto com aumento no tempo de vacância, o que só acrescenta nos prejuízos dos proprietários que colocam seus imóveis para alugar. Devido a estes pontos, cada vez menos pessoas tem comprado imóveis para colocar para alugar, pois sabe que é prejuízo liquido e certo. Esta redução de procura por investidores prejudica ainda mais uma demanda que já está extremamente fraca, sem contar que juros tem tendência de continuar subindo, até pelos efeitos destrutivos trazidos pela própria bolha imobiliária e bolha de crédito para consumo, ou seja, ter imóvel para alugar é disparado o pior investimento e tende a piorar, uma vez que temos diversas situações relatadas quanto a queda de procura de imóveis para alugar e reduções nos preços do aluguel graças a piora na situação da economia trazida pela própria bolha. Outro aspecto é que está cada vez mais vantajoso ser inquilino e não comprar imóvel agora: pelo que a pessoa paga de aluguel, se ela poupar a diferença entre o que paga de aluguel e o que pagaria para um financiamento imobiliário, a tendência é que vai poder comprar um imóvel muito melhor no futuro, se quiser, uma vez que não há mais nenhum espaço para os preços dos imóveis subirem, ao contrário, conforme demonstrado neste e nos demais itens, a tendência é de queda nos preços, de forma relevante  ;

    8) Maior visibilidade da bolha imobiliária brasileira e da situação da economia: cada vez mais temos uma visibilidade clara quanto às situações que contam acima, para as quais o segmento imobiliário tem cada vez mais dificuldade de esconder, mesmo com todo o apoio da imprensa, onde estão entre os principais patrocinadores. Este é mais um dos muitos motivos para reduzir a demanda por imóveis e mantê-la muito baixa, fazendo com que os super estoques e endividamento das construtoras só piorem. Quanto a visibilidade mais clara da péssima situação de nossa economia, o próprio segmento de construção civil tem informado que muitas famílias teriam deixado de comprar imóvel em função do medo do aumento de desemprego no curto prazo, que é cada vez mais palpável  ;

    9) Riscos externos elevados – EUA e China: existem riscos elevados de que o FED dos EUA venha a promover um aumento dos juros até junho/2015 e todas as apostas são de que se isto ocorrer, haverá uma grande fuga de US$ do Brasil em virtude de toda a péssima situação de nossa economia gerada pelas bolhas imobiliária e de crédito para consumo. Se isto ocorrer, teríamos aumento relevante na cotação do US$ por aqui, o que tem efeito altamente inflacionário, não só sobre os itens importados, mas também sobre todos os commodities que tem cotação em US$, o que forçaria o Governo brasileiro, seja ele qual for, a promover aumento muito relevante nos juros (SELIC) e a combinação destes fatores com o que já consta no item 6 acima sobre nossa economia, levaria a uma derrocada ainda maior e mais rápida em todos os indicadores, o que faria com que os imóveis com seus preços surreais, se tornam-se definitivamente inviáveis, forçando uma queda ainda mais brusca e sensível dos preços. Se combinarmos esta possibilidade com outra, relacionada a desaquecimento da economia chinesa, que poderia ser trazida pela própria bolha imobiliária deles, as consequencias seriam ainda mais catastróficas. No caso da China, fala-se sobre a possibilidade deles fazerem um QE (Quantitative Easing) próprio mais abrangente do que as últimas medidas, com a finalidade de “amortecer” os impactos da bolha imobiliária deles, mas o fato é que eles possuem cidades fantasmas, investidores revoltados, imobiliárias sendo destruídas e fora tudo isto, diversas empresas multi nacionais que já debandaram do país em virtude da péssima situação quanto a dívidas corporativas, portanto, o mais provável é que um QE próprio da China, análogo ao americano, não permita de qualquer forma a manutenção da bolha deles, talvez apenas torne o seu processo de explosão um pouco mais lento.

    10) A desinformação do segmento imobiliário enganando cada vez menos pessoas:

    Abaixo colocarei 7 amostras de desinformação plantada pelo segmento imobiliário, parte que foi muito utilizada na etapa inicial de nossa bolha, outra parte mais recente, sempre evidenciando o quanto é claro hoje que estes “argumentos” não fazem nenhum sentido.

    10.1) “Déficit habitacional”: analogias: a) no Mundo temos milhões de pessoas que amam o carro Ferrari, isto significa que se a Ferrari aumentar proporcionalmente a sua produção, mantendo o preço, encontrará sempre demanda para seus veículos? Não? Então, por que o segmento imobiliário diz isto quanto a imóveis que cada vez mais tem o preço maior ou igual a de Ferraris? ; b) Se o Mac Donald´s abrir alguns restaurantes em cada cidade da Etiópia, mas mantendo os mesmos preços cobrados nos EUA, ele acabará com o déficit alimentar na Etiópia? Não? O que vai acontecer se fizerem isto? Teremos um super estoque de lanches sem vender e vários restaurantes do Mac Donald´s insolventes na Etiópia, o mesmo que está acontecendo com imóveis e construtoras no Brasil, aliás, nossos preços de imóveis já são superiores aos dos EUA e outros países. Além das analogias, os números falam por si: como poderíamos ter uma super oferta de imóveis sem vender e um recorde de todos os tempos quanto a distratos, se o déficit habitacional garantiria o “eterno crescimento das vendas”?

    10.2) “Custos justificam aumento e manutenção dos preços”: analogia: se eu contratar duas pessoas para cavarem um buraco e depois fecharem na minha casa, posso pegar este custo e repassar para o preço do imóvel? A vida não funciona assim, há séculos que se sabe que aumentar o custo não significa que pode aumentar o preço, o que vale é o quanto o mercado pode pagar, o quanto o mercado acha que vale, a utilidade e necessidade,  aliás, em todas as bolhas imobiliárias do Mundo os preços caíram antes dos custos. O índice de preços dos imóveis no Brasil subiu 240% acima do índice de custo (ver parte 1), desde quando aumento de preço seria “justificado” pelo custo? Aliás, preço caiu em várias localidades, enquanto o custo continuou subindo, exatamente como ocorreu na explosão de outras bolhas no Mundo.

    10.3) “Percentual de crédito imobiliário sobre PIB é sinal de que não há bolha”: toda a bolha imobiliária brasileira foi criada com base em vendas FALSAS na planta, combinada com MEGA especulação por investidores individuais que compram imóveis na planta, sendo que tracei uma analogia completa em diagrama na parte 1 deste trabalho. Como as vendas FALSAS na planta tem sua explosão ANTES da entrega do imóvel, isto não se traduz na proporção entre o crédito imobiliário adquirido e o PIB. O volume absolutamente ANORMAL de DISTRATOS, que foram de mais de R$ 13 bilhões de 2.011 a 2.013 e ainda, que cresceram 40% em 2.014 e fizeram com que tivessemos 13% de cancelamento de vendas em relação a TODAS as entregas de imóveis em 2.014 guarda uma proporção perfeita em relação à inadimplência de 16% do crédito podre nos EUA, durante o subprime deles. Ver a parte 1 deste trabalho para detalhes.

    10.4) “Preços de imóveis no Brasil são compatíveis com de outros países”: basta acessar o site www.estamosricos.com.br, na aba de comparações, para constatar que os preços dos imóveis no Brasil são maiores do que em outros países, inclusive de países que tem renda per capta e distribuição de renda muito melhores do que o Brasil. Lá podem ser encontradas comparações entre as mais diversas cidades do país e os mais diversos países do Mundo, tanto países desenvolvidos quanto em desenvolvimento, incluindo imóveis do Minha Casa Minha Vida no Brasil comparados a outros imóveis de preços equivalentes em outros países.

    10.5) “A crise no segmento imobiliário é temporária, logo preços voltam a crescer”: conforme demonstrado neste trabalho, a crise para segmento imobiliário começou em 2.012 e apesar de reduções drásticas nos lançamentos e promoções / descontos crescentes desde então, super estoques não param de crescer, tendo alcançado seu recorde em 2.014, assim como a situação das construtoras que mais pedalaram com nosso subprime também não foi resolvida até hoje e elas continuam seriamente ameaçadas de se tornarem insolventes, o que é mais um risco elevadíssimo para quem comprar imóvel agora, em especial o “na planta”, o que combinado com a péssima qualidade de construção nos últimos anos, tanto pela necessidade de reduzir custos por problemas de caixa, quanto pela falta de mão-de-obra qualificada, são motivos adicionais para não se comprar um imóvel agora. As promessas do segmento imobiliário de resolver em poucos anos esta “crise” (=BOLHA EXPLODINDO) já são feitas desde 2.012 e como comprovado, só tem piorado, como em toda bolha imobiliária.

    10.6) “Os preços de imóveis não terão nenhuma queda mais relevante”: Já tivemos diversas quedas relevantes nos preços, nas mais variadas cidades, conforme demonstrado neste e nos trabalhos anteriores. O segmento imobiliário tem feito um esforço enorme para conter as pesquisas baseadas em preços reais e sua divulgação, aproveitando-se do domínio sobre a imprensa, por serem os principais anunciantes. Enquanto isto, continuam tentando divulgar o FIPE ZAP, 100% baseado em preços ANUNCIADOS, que não reflete a realidade, como forma de não deixar as pessoas cientes do que está acontecendo. A esta altura, há muitas pessoas que já viram que aumentar o preço do anúncio quanto mais tempo fica sem vender, não é algo normal e com isto, este esquema tem enganado cada vez menos pessoas.

    10.7) “A teoria do santo milagreiro = se a oposição vencer as eleições, teríamos uma onda de otimismo que permitira a recuperação do segmento imobiliário”: No caso da oposição vencer, uma das promessas é que não vão dar continuidade à farra do crédito, o que por si só, acelera a explosão da bolha. Sem contar que se cumprirem o prometido, não vão utilizar Petrobrás ou o câmbio para combater inflação e não teremos mais maquiagens contábeis, portanto, não haverá outra saída para combater a inflação a não ser o aumento de juros, o que é outra forma de fazer com que a bolha imobiliária exploda antes. Se mantiverem as promessas feitas, a oposição não irá fornecer auxílio casuístico para empresas do segmento imobiliário para estas darem continuidade ao seu esquema de pirâmide financeiro.  O “otimismo” não resolve os outros 9 itens citados acima, ou seja, não faz com que a super oferta “evapore”, não faz com que preços e renda alcancem o equilíbrio “da noite para o dia” sem que se mexa nos preços, não reequilibra aluguel e venda, não salva as empresas do segmento imobiliário ou diminui o volume absurdo de distratos, não elimina da noite para o dia os problemas intensos da economia ou ameaças externas, em outras palavras, esta é apenas a ilusão da vez que o segmento imobiliário tenta vender. Ações prometidas pela oposição, tais como reforma fiscal (rever impostos e gastos públicos), incentivar produtividade via investimentos em infraestrutura, educação e tecnologia, dentre diversas outras, em sua maior parte não são executáveis e com resultados para o primeiro ano de Governo, em parte por questões legais (reforma tributária se vota em um ano para aplicar no ano seguinte), em parte porque serão atrasadas por uma resistência ferrenha da “nova oposição” (Governo atual) que sempre trabalha com a política do “quanto pior melhor” quando está na oposição e em parte, requer trâmites burocráticos mais demorados para implantação, sendo que quando os agentes internos e externos perceberem tudo isto, o mito do “santo milagreiro” será desfeito. Lembrando que se descuidar da inflação em nome do crescimento, como fez o Governo atual, já sabemos do resultado, logo, esta não é opção viável e mesmo que acontecesse, seria ainda mais destrutiva para nossa bolha imobiliária, como explicado acima sobre nossa economia e as bolhas imobiliária e de consumo.

    Convidados, Geral

    A evolução da bolha imobiliária PARTE 2

    25 de agosto de 2014

    Post mais recente sobre a bolha imobiliária no Brasil: http://defendaseudinheiro.com.br/a-bolha-imobiliaria-no-brasil-e-a-economia

    A parte final deste trabalho, com evidências da bolha imobiliária em Curitiba, São José dos Campos e outras cidades, além de 10 motivos para não comprar imóvel agora, pode ser encontrado no link: http://defendaseudinheiro.com.br/a-evolucao-da-bolha-imobiliaria-parte-3/

    A EVOLUÇÃO DA BOLHA IMOBILIÁRIA PARTE 2:

    Segue o estudo:

    Neste documento apresentarei as principais evidências relacionadas à bolha imobiliária em Belo Horizonte, falando sobre o relacionamento entre nossa bolha e a economia ao final. Em trabalhos anteriores, demonstrei como foi a evolução da bolha imobiliária em São Paulo (http://defendaseudinheiro.com.br/a-evolucao-da-bolha-imobiliaria-em-sao-paulo) e também como opera o subprime brasileiro analogamente ao americano, seus efeitos comprovados nas construtoras, em Brasília e Salvador (http://defendaseudinheiro.com.br/a-evolucao-da-bolha-imobiliaria-parte-1). Vamos agora ao estudo:

    Para a maior parte do que consta abaixo sobre BH, tive como base as pesquisas que já são realizadas há mais de 10 anos pelo IPEAD/UFMG, relacionadas ao mercado imobiliário da cidade, especificamente, para imóveis novos. Estas pesquisas podem ser obtidas no endereço: http://www.ipead.com.br/site/publicacoes/mercadoImobiliario.

    Este levantamento do IPEAD/UFMG leva em consideração as quantidades de vendas com base em uma parte do mercado imobiliário em BH e portanto, os números abaixo não são os totais da cidade (não é feita uma projeção das vendas totais, como o CRECI SP faz). No lado da oferta, considero o final de cada período, já para vendas, é o acumulado. Vamos aos dados:

    Post 29 imagem 1 - Vendas e oferta de imóveis novos em BH

    Que conclusões podemos tirar das informações acima:

    1) As vendas de imóveis novos tiveram uma queda de 61,06% em 2.013 quando comparado ao pico de vendas da cidade que foi em 2.010 ;

    2) A velocidade da queda das vendas está sendo muito maior do que quando subiram ;

    3) As vendas em 2.013, que já foram as menores desde 2.006, tiveram nova queda em 2.014 quando comparamos os números do primeiro semestre do ano ;

    4) Em Junho de 2.014 tivemos o recorde de oferta de imóveis para a cidade de BH dos últimos 10 anos. A oferta de imóveis novos aumentou 41,40% apenas na variação de Dezembro de 2.013 a Junho de 2.014, somente do que está em poder das construtoras.

    As informações acima já dão uma ideia da relação entre oferta e procura na cidade, no entanto, para termos uma melhor visibilidade, é interessante avaliarmos o estoque de imóveis em relação as vendas. Para o cálculo, considerei a oferta total ao final de cada período e as vendas dos últimos 12 meses daquele período. Vejamos o resultado:

    Post 29 imagem 2 - Estoque de imóveis de BH em meses de vendas

    Ponto de atenção: só no período de dezembro/2013 a junho/2014, o número de meses necessários para se vender todo o estoque cresceu 63,6% e alcançou um patamar muito elevado, equivalente a 18 meses de vendas, sendo o recorde dos últimos 10 anos, no mínimo!

    Para confirmar a validade dos dados acima, consultei pesquisa da Geoimoveis de setembro/2013 que comprova que o estoque na época em BH equivalia a 11 meses, conforme consta acima. Ver neste link, em tabela que consa no final do artigo: http://www.bahiatodahora.com.br/destaques-esquerda/noticia_destaque2/queda-nas-vendas-leva-construtoras-a-reduzir-o-ritmo-em-salvador-situacao-e-preocupante

    A situação acima já impressiona, no entanto, fica uma dúvida: será que teríamos distorções ainda maiores, quando analisamos as informações organizadas por faixa de preços ofertados e vendas realizadas em cada faixa? Vejamos os dados extraídos do estudo da IPEAD/UFMG:

    Post 29 imagem 3 - Estoque e vendas por faixa de preços em BH

    Pelo que podemos observar, em todas as faixas de preços o estoque é superior a 1 ano de vendas e no caso de preços acima de R$ 500 mil, o estoque é superior a 2 anos de vendas!

    Como a situação acima acaba afetando as vendas de imóveis por investidores? Teríamos muitos investidores em imóveis em BH? Vejamos mais informações a este respeito:

    http://www.hojeemdia.com.br/noticias/economia-e-negocios/atraso-no-pagamento-de-condominio-chega-a-10-em-belo-horizonte-1.219820

    Trecho da reportagem acima:

    “Muitos investidores que compraram imóveis na planta, com o esfriamento do mercado, não estão conseguindo realizar o lucro e, consequentemente, repassar adiante para a taxa de condomínio. Outra saída é financiar o restante do imóvel. Mas o acesso ao crédito também está mais difícil. Assim, não recebem as chaves e não pagam condomínio. A construtora, por sua vez, entende que o erro é do investidor. E aí cria-se o impasse”, explica Mota.

    Segundo ele, em alguns prédios recém-entregues o nível de inadimplentes chega a 50%.

    Pelo que podemos observar acima, tivemos um volume muito elevado de investidores na planta em BH, sendo que pelo total esfriamento nas vendas, levou a um aumento de até 50% na inadimplência dos condomínios novos, pois estes investidores sequer tinham renda para adquirir crédito imobiliário na entrega e também não conseguiam revender os imóveis. Lembrando que o volume acima de vendas para investidores não é computado como oferta, constou com parte das vendas das construtoras nos últimos anos, no entanto, venda para investidor equivale a transferência de estoque, ou seja, a situação do estoque em relação a vendas, ainda é muito mais crítica do que os dados do IPEAD/UFMG demonstram!

    Por que temos um desequilíbrio tão elevado entre oferta e demanda de imóveis em BH?

    Fiz um levantamento especificamente para a cidade de BH, em parte usando dados da PED do DIEESE (link: http://www.dieese.org.br/analiseped/mensalBHZ.html) quanto ao rendimento médio dos ocupados em valores absolutos (TABELA 09) e na outra parte utilizando  dados da pesquisa do IPEAD/UFMG quanto a evolução do índice de preços dos imóveis residenciais novos. OBS: utilizado o mês de junho por ter sido o último apurado em vendas e preços de imóveis pelo IPEAD, mas em 2.014, DIEESE com dados só até maio. Vejamos o resultado:

    Post 29 imagem 4 - Evolução preço dos imóveis versus salário médio BH

    Pelo que podemos observar pelas informações acima, o preço dos imóveis novos subiu muito mais do que os salários em BH, sendo que esta distorção foi muito maior a partir de 2.011, exatamente o período a partir do qual a oferta de imóveis começou a ficar cada vez maior em relação a demanda, ou seja, esta total disparidade entre preços e salários tem sido um dos principais causadores do fortíssimo desequilíbrio que vemos no mercado imobiliário de BH.

    Outro ponto interessante de se notar, é que enquanto o preço dos imóveis novos variou 170,78% no período acima, os salários variaram apenas 64,61%, ou seja, os imóveis tiveram um crescimento de preços que foi de quase 3 vezes o crescimento dos salários em BH.

    Até aqui avaliamos as informações sobre imóveis novos. Será que no caso de imóveis usados, tivemos uma disparidade similar? Consultando o FIPE ZAP, verifiquei que no período de abril/2009 a maio/2014 (*), a variação dos preços anunciados foi de 92,6%, enquanto no mesmo período, o salário médio de BH variou 19,56%, em outras palavras, a variação dos preços anunciados foi de quase 5 vezes a variação da renda média na cidade. (*) Esta pesquisa do FIPE ZAP para cidade de BH se iniciou apenas em Abril/2009.

    Embora a distorção muito relevante entre a evolução do preço dos imóveis e da renda média ajude a explicar porque temos um estoque de imóveis novos que no geral é superior a 18 meses e que mesmo para menores preços ainda é anormal e superior a 12 meses, será que temos alguma informação adicional que poderia nos auxiliar a entender porque temos estoque equivalente a mais de 2 anos de vendas no caso de preços acima de R$ 500 mil?

    Para responder questão acima, busquei informação sobre a distribuição da renda familiar em BH, com base no Censo 2.010 do IBGE (acessar www.ibge.gov.br, opção Banco de Dados, Cidades, selecionar Belo Horizonte, Censo 2.010 e depois dados de domicílios). Levantei o percentual de famílias que tem imóveis próprios para região Sudeste, no link: http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2012-09-21/casa-propria-ja-nao-e-so-sonho-75-no-brasil-sao-donos-do-imovel-onde-vivem.html. Quanto a quantidade de imóveis novos anunciados por preço acima de R$ 500 mil, obtive da pesquisa do IPEAD/UFMG de Junho/2014. Sobre a distribuição das ofertas de imóveis usados pelos preços anunciados, levantei pelo ZAP Imóveis em 20/Agosto/2014. Quanto a renda familiar para se adquirir imóvel acima de R$ 500 mil em financiamento de 30 anos, veio da pesquisa: http://exame2.com.br/mobile/seu-dinheiro/noticias/quanto-voce-deve-ganhar-para-comprar-um-imovel-em-16-cidades. Seguem as informações:

    Post 29 imagem 5 - Censo 2010 BH

    Qual a “solução” que está sendo adotada na cidade de BH, para que este total desequilibrio entre oferta e procura não fique tão evidente?

    http://estadodeminas.lugarcerto.com.br/app/noticia/noticias/2014/07/31/interna_noticias,48214/projeto-de-lei-regulamenta-uso-de-placas-de-publicidade-nos-imoveis-em.shtml

    Pelo que consta no link acima, BH tem um projeto de lei para que as placas de “vende-se” e “aluga-se” sejam reduzidas na cidade, visando uma diminuição na poluição visual…

    A situação que mencionei anteriormente sobre inadimplência nos condomínios também chama a atenção quanto ao processo de venda na planta para clientes que não terão condições de adquirir o crédito imobiliário no ato da entrega do imóvel (vendas FALSAS), combinado com alto volume de especuladores, ambos os itens que estão na essência de nossa bolha imobiliária, como relatado na parte 1 deste trabalho. Teríamos outra evidência?

    http://www.clicksergipe.com.br/1n_blog.asp?postagem=107055&tipo=mercado

    Trecho do artigo acima:

    “Eu dei (ao representante) pelo menos cinco oportunidades para me falar sobre essa questão (taxa de evolução da obra), mas ele nem a mencionou. Não mentiu, mas omitiu. Além disso, ainda afirmou que as prestações do financiamento ficariam congeladas durante muitos meses, o que não acontece”, diz Saldanha.

    Traduzindo o que consta acima: Diretor de associação de mutuários de MG constatou que corretores não informam os reajustes durante a construção, o que é um dos grandes responsáveis por termos tanta venda falsa (para família que não terá renda para adquirir crédito imobiliário na entrega), gerando volume anormal de distratos que temos observado.

    Outra notícia relevante:

    http://www.itatiaia.com.br/noticia/mais-de-3-mil-familias-de-bh-tiveram-o-sonho-da-casa-propria-transformado-em-pesadelo

     “Mais de 3 mil famílias de BH tiveram o sonho da casa própria transformado em pesadelo”

    O que aconteceu? Construtora se tornou insolvente e milhares ficaram sem seus imóveis e dinheiro, aguardando alguma solução através da justiça brasileira, o que pode demorar anos.

    E os preços, será que estão sendo afetados por estas quedas relevantes em demanda que já acontecem há anos, combinado com oferta recorde de imóveis para vender, excesso de especuladores,  vendas falsas na planta para famílias que não tem renda para crédito imobiliário na entrega e até mesmo construtora insolvente? Vejamos as informações abaixo:

    http://www.itatiaia.com.br/noticia/excesso-de-construcoes-gera-desvalorizacao-de-imoveis-na-zona-sul-da-capital

    Trechos do link acima:

    “A queda dos preços dos imóveis localizados na região Sul de Belo Horizonte, cada dia maior, devido a falta de compradores, promete movimentar o mercado imobiliário da capital.

    Ainda, de acordo com Kenio Pereira, a expectativa é que o preço dos imóveis diminua em até 20%. “

    “Um outro fato que de ver ser destacado é que, um imóvel na planta, por ser uma entrega futura, sempre foi mais barato que o imóvel pronto. No entanto, hoje acontece o contrário, já que as construtoras não podem parar os trabalhos, por terem um preço fixo, mesmo com a queda de vendas”, destacou.”

    Como está o segmento hoteleiro em BH e quais as expectativas após a Copa do Mundo?

    http://www.itatiaia.com.br/noticia/sindicato-preve-fechamento-de-grandes-hoteis-de-bh-apos-a-copa-do-mundo

    Título acima: “Sindicato prevê fechamento de grandes hotéis de BH após a Copa do Mundo”

    E como ficam os empregos na construção civil em BH, com tudo isto?

    http://www.otempo.com.br/capa/economia/construtoras-cortam-vagas-e-situa%C3%A7%C3%A3o-pode-piorar-1.892796

    Trechos que constam no link acima:

    “O mercado de construção civil já começou a demitir em Belo Horizonte. No último mês de junho, foram 3.000 vagas a menos no setor em relação a maio na região metropolitana da capital, de acordo com os dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) do Dieese.”

    Vamos agora, analisar alguns aspectos de nossa economia, diretamente relacionados ao segmento imobiliário e a este estudo:

    1) Empregos e renda: O setor imobiliário sempre tem dito que o crescimento nos preços dos imóveis teve como um de seus pilares, o crescimento dos empregos e da renda das famílias. Como vimos neste trabalho, tivemos um crescimento da renda que foi muito inferior ao preço dos imóveis, sendo que a péssima distribuição de renda combinada com um percentual relevante de imóveis a preços acessíveis apenas pelo topo da pirâmide de renda, anulam esta “lógica” quanto ao aspecto “crescimento de renda”. Agora, pensando quanto aos empregos em si, como evoluímos até alcançar o tão propalado “pleno emprego” e como estamos neste momento? Como isto foi influenciado pela construção civil e o quanto pode influenciar o mercado imobiliário? Vamos verificar algumas informações relacionadas:

    Um fato inegável, é que durante a explosão das construções no Brasil, tanto para imóveis residenciais, quanto comerciais e também obras para a Copa do Mundo, a construção civil colaborou muito para geração de empregos no país, de forma rápida e relevante, como consta na notícia abaixo:

    http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/08/1498285-expansao-na-base-reduz-abismo-social-mas-limita-economia.shtml

    Trechos do artigo acima:

    “Dez profissões de pouca qualificação e salário baixo foram responsáveis por metade dos 9,4 milhões de empregos formais criados no país entre 2007 e 2013.

    O cargo de servente de obras foi o campeão de vagas geradas: 921 mil, quase 10% do saldo total entre contratações e demissões no período.”

    Os trechos acima reforçam 2 pontos: primeiro fica demonstrado que durante o período de euforia a construção civil gerou muitos empregos e em segundo lugar, temos a evidência adicional de que os empregos gerados não eram compatíveis em nada com a escalada absurda que tivemos nos preços dos imóveis neste mesmo período.

    Vamos agora, observar a situação atual quanto aos empregos:

    http://oglobo.globo.com/economia/geracao-de-emprego-em-junho-tem-pior-resultado-para-mes-em-16-anos-13288918

    Trechos da notícia acima:

    “Geração de emprego em junho tem o pior resultado para o mês em 16 ANOS –

    É a quarta queda seguida na geração de emprego formal no país”.

    Será que o próprio segmento imobiliário pode ter alguma relação com o fato acima?

    É óbvio que se o segmento imobiliário foi o grande impulsionador dos empregos no momento em que o volume de construções crescia batendo todos os recordes, agora que temos uma redução abrupta nas construções em virtude de redução relevante nas vendas de imóveis e super-estoques que levam a queda significativa nos lançamentos e término da Copa do Mundo, o desemprego também será fortemente influenciado por este setor.

    Vamos avaliar algumas evidências quanto ao mercado imobiliário e empregos para a cidade de Belo Horizonte, que é o objetivo deste trabalho, para validarmos este raciocínio:

    Pelo que consta neste documento, vemos que em BH tivemos uma redução de 3.000 vagas na construção civil em junho/2014 na comparação com maio/2014. Além disto, temos uma empresa de construção civil insolvente, um setor hoteleiro que já anuncia que alguns hotéis deverão fechar na cidade, uma super-oferta de imóveis residenciais e a informação de representantes da construção civil de que irão reduzir os lançamentos para buscarem maior equilíbrio entre oferta e demanda. Todos estes pontos tem relação direta com a “colaboração” que o segmento imobiliário está dando para o aumento do desemprego em BH.

    A situação acima não é isolada: em Salvador, conforme detalhei na parte 1 deste trabalho, a queda brutal em lançamentos em virtude da super-oferta, levou a aumento de quase 50% no desemprego total da cidade, enfraquecendo a economia local e retroalimentando as quedas nas vendas de imóveis, lançamentos, etc. Esta é uma tendência a ser seguida por BH, frente a todo o quadro acima e que também está cada vez mais visível em diversas outras cidades, sobre as quais comentarei e apresentarei evidências em próximos estudos.

    2) Crédito imobiliário: o segundo pilar sempre mencionado pelo segmento imobiliário, é o crédito imobiliário farto e com taxas de juros baixas, sendo que o segmento imobiliário defende a tese de que o crédito imobiliário no Brasil é muito mais seguro do que em qualquer país que passou por uma bolha imobiliária. Sabemos que este crédito imobiliário teve influência no grande volume de construções pelo país nos últimos anos, contando-se que mesmo com aumentos muito elevados em preços totais, a parcelinha ainda caberia no bolso dos compradores (prazo muito ampliado, mais pessoas para comprovar renda, juros subsidiados por CEF, etc.). A questão é: será que este é um modelo sustentável? As premissas que o segmento imobiliário nos “vende” a este respeito, são verdadeiras?

    Sobre a garantia dos juros do crédito imobiliário sempre serem baixas, isto não existe. Na medida em que o Governo mantém gastos elevados e com isto prejudica sua meta de superávit fiscal, ele é obrigado a reduzir os repasses do Tesouro para CEF e só isto já causa um aumento no juro médio do crédito imobiliário, uma vez que é a CEF que possui os financiamentos mais subsidiados e neste cenário fica obrigada a desacelerar a concessão de créditos. Seguem links com mais informações e comprovações:

    http://blogs.estadao.com.br/no-azul/2014/02/27/com-alta-do-juro-brasileiro-aumenta-em-12-meses-o-prazo-de-financiamento-de-imoveis/

    http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/03/1420926-caixa-vai-frear-ritmo-de-aumento-de-emprestimos.shtml

    Falando agora sobre o que o segmento imobiliário nos diz quanto à segurança do nosso crédito imobiliário e os processos dos bancos brasileiros que seriam muito mais confiáveis do que em outros países, vamos avaliar algumas informações relacionadas à CEF, uma vez que ela sozinha concentra mais de 67% de todo o crédito imobiliário concedido no país, vejamos abaixo:

    http://brasileconomico.ig.com.br/ultimas-noticias/moodys-rebaixa-ratings-da-caixa-bndes-e-bndespar_130046.html

    http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,atraso-na-prestacao-chega-a-17-entre-familias-de-baixa-renda-do-minha-casa-imp-,1507663

    Pelo que podemos observar pelas informações acima, a CEF já teve seu rating rebaixado pela Moody´s (agência internacional de avaliação de riscos) em 2.013 e possui uma carteira de crédito no MCMV (Minha Casa Minha Vida) faixa 1 (rendimento das famílias até R$ 1.600 / mês), que tem uma inadimplência de 17,5% (como referência, no subprime americano a inadimplência dos créditos podres no auge chegou a 16%).

    Mais algumas informações sobre a CEF:

    http://www.valor.com.br/financas/3601096/caixa-estuda-vender-r-6-bi-em-financiamentos-de-alto-risco#

    Segue trecho constante no link acima:

    “A Caixa Econômica Federal estuda alternativas para vender aproximadamente R$ 6 bilhões em financiamentos de alto risco voltados ao consumo, sendo metade deles empréstimos do programa Minha Casa Melhor do governo federal.”

    “Um volume de R$ 3,17 bilhões em créditos inadimplentes serão vendidos a fundos especializados em ativos podres, os chamados “abutres”. ”

    Pelo que consta acima, a CEF já está em negociação com empresas “abutres” que possam comprar parte do seu crédito podre com altíssimo desconto (leia-se prejuízo para CEF), para “maquiar” seus resultados, não deixando transparecer um nível anormal de inadimplência.

    Notícia mais recente sobre a CEF:

    http://www.dpf.gov.br/agencia/noticias/2014/08/pf-combate-fraude-no-financiamento-de-imoveis-da-caixa

    TÍTULO DA NOTÍCIA: PF COMBATE FRAUDE NO FINANCIAMENTO DE IMÓVEIS DA CAIXA

    Trechos da notícia acima:

    “A investigação constatou que empregados da Caixa criaram empresas fictícias em nome de parentes.

    Em uma única agência durante o ano de 2010, verificou-se que todos os contratos de financiamento firmados eram fraudulentos. Os empregados dessas empresas chegaram a ter acesso às senhas restritas aos empregados da Caixa. O prejuízo ao erário ainda será apurado.”

    Além de tudo que consta acima, é sabido que a aprovação de crédito imobiliário não é tão criteriosa quanto deveria, sendo fácil mascarar rendimentos e aprovar financiamento (muitos corretores conhecem diversas “técnicas” para isto, uma delas é fazer movimentação entre contas correntes de diferentes bancos simulando rendimento informal, outra é agregar pessoas na renda que não irão colaborar com pagamentos, mas existem muitas além destas).

    Dúvida: o que o segmento imobiliário e o BC querem dizer, ao tentarem nos convencer de que o crédito imobiliário no Brasil é muito mais seguro que nos EUA e do que em outros países que tiveram bolha imobiliária???

    3) Outros indicadores da economia: É de conhecimento público que nossa inflação tem estado sempre muito próxima do topo da meta e é muito elevada em relação a média dos BRICS, países em desenvolvimento, etc. Também é de domínio público o fato de que temos um dos maiores juros reais do Mundo. Tem sido cada vez mais divulgado na mídia, que o nível de endividamento das famílias está muito elevado e isto combinado com inflação e juros elevados tem feito com que o consumo caia muito, prejudicando os resultados das empresas e portanto da economia como um todo, o que colabora para desaceleração nos empregos, crescimento do PIB muito baixo, etc. O próprio segmento imobiliário alega que o crescimento nos cancelamentos de vendas (distratos) e as reduções em vendas também tem relação com este cenário da economia. Uma pergunta que vale a pena ser feita é: os preços dos imóveis que subiram demais nos últimos anos, acima de qualquer parâmetro (renda, rendimento de aplicação financeira, etc.), poderiam ter alguma relação com os resultados aqui listados?

    Quando temos um custo do M2 de imóveis comerciais que sobe exageradamente e de forma rápida, seja para compra ou aluguel, o que acontece com os produtos e serviços que dependem destes imóveis? Temos duas alternativas: a) este aumento de custo é repassado para o preço de produtos e serviços, alimentando inflação ou b) a empresa não consegue repassar o aumento de custo e acaba fechando e abandonando o ponto.

    O que acontece quando temos um crescimento muito rápido dos empregos na base da pirâmide, mas sem nenhuma evolução na produtividade? Como vimos acima, o maior gerador de empregos foi a construção civil. Ocorre que um crescimento desta forma, também é um dos grandes causadores de aumento na inflação, pois as empresas são pressionadas a aumentarem salários para contratarem e manterem suas operações e isto também é repassado para preços.

    Qual a consequência de termos uma inflação muito elevada? O Governo é obrigado a aumentar o juros e com isto, as empresas passam a investir menos (o retorno de cada projeto tem que ser muito maior para compensar o capital investido, resultados são mais incertos = menos projetos aprovados) e as famílias, afetadas por isto, passam a consumir menos, uma vez que as parcelinhas de qualquer financiamento ou empréstimo se tornam mais caras.

    Se temos um aumento muito elevado no preço dos imóveis, as parcelas de financiamento também se tornam muito caras. Quando muitas famílias passam a incluir na renda outras pessoas que não irão colaborar com os pagamentos das parcelas, só para aprovar o financiamento, o que acontece? E quando temos preço de aluguel que também sobe demais? Sobrecarga no orçamento familiar trazida por aumentos relevantes no custo de moradia, junto com juros e inflação mais elevados, geram dívidas mais relevantes para as famílias e roubam a capacidade de consumo e também de pagamento das dívidas, o que afeta diretamente os demais setores da economia, que passam a observar reduções relevantes na demanda por seus produtos e serviços. Como exemplo, vejamos informação que consta abaixo:

    “Consumidor endividado prefere cortar orçamento pela compra de alimentos”

    http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/07/1491686-consumidor-endividado-prefere-cortar-orcamento-pela-compra-de-alimentos.shtml

    Trecho no link acima:

    “O imóvel é o tipo de dívida que mais atrapalha o orçamento destinado ao supermercado. O gasto com o abastecimento do lar com comida, bebida e higiene pode ser reduzido em até 25% quando a renda do consumidor está comprometida com a parcela da casa própria, segundo pesquisa do instituto Nielsen.”

    Agora, de uma forma geral, qual a situação do endividamento das famílias, para o qual o mercado imobiliário tanto tem colaborado?

    http://globotv.globo.com/rede-globo/jornal-nacional/t/edicoes/v/brasil-tem-57-milhoes-de-pessoas-com-dividas-em-atraso/3577280/

    Trechos do link acima:

    “Brasil tem 57 milhões de pessoas com dívidas em atraso”

    “Pesquisa mostra que 40% dos brasileiros estão enquadrados na lista de inadimplentes. Segundo o estudo, país nunca teve tanta gente nessa situação.”

    Conclusão: foram evidenciadas situações anormais típicas de bolha imobiliária para cidade de Belo Horizonte, como um crescimento dos preços de algumas vezes o crescimento da renda,  uma super oferta equivalente a 18 meses de vendas no geral e superior a 2 anos no caso de imóveis com preços superiores a R$ 500 mil e ainda, um volume de desemprego elevado sendo gerado pela construção civil local, expectativa de fechamento de hotéis por excesso de vacância, construtora fechando e deixando alto volume de clientes sem seus imóveis, dentre outros. Já no lado da economia, observamos que foi a própria bolha imobiliária que colaborou e muito para os péssimos indicadores que temos e agora está sofrendo as consequencias via redução muito elevada em vendas, aumento anormal em distratos, etc., ou seja, como toda anomalia, possui em seu bojo os mecanismos de auto-destruição. 

    Convidados, Geral

    A evolução da bolha imobiliária em São Paulo

    24 de junho de 2014

    Post mais recente sobre a bolha imobiliária no Brasil: http://defendaseudinheiro.com.br/a-bolha-imobiliaria-no-brasil-e-a-economia

    O objetivo deste trabalho é avaliar a evolução da bolha imobiliária em São Paulo. Qual seu estágio atual? Como esta bolha se desenvolveu? Qual a tendência para os próximos meses?

     

    A evolução da bolha imobiliária em São Paulo:

    Todo o trabalho é baseado em informações do SECOVI SP (sindicato das construtoras de São Paulo), CRECI SP (conselho regional dos corretores de imóveis de São Paulo), pesquisas das empresas Lopes Inteligência Imobiliária, Lelo imobiliária, Folha de São Paulo, Embraesp, Geoimoveis, além de dados do site www.imovelweb.com.br, pesquisa PNAD do IBGE, dentre outros. No decorrer do trabalho, links com todas as referências utilizadas.

    Como está a relação entre oferta e demanda de imóveis na cidade de São Paulo? Quanto às ofertas, extrai do www.imovelweb.com.br em 19/Junho/2014, apenas para somatória de apartamento padrão e casa/sobrado padrão. As vendas de imóveis novos foram extraídas da PMI (Pesquisa do Mercado Imobiliário) do SECOVI SP do período de Abril/2013 a Março/2014, os últimos 12 meses disponíveis (link: http://www.secovi.com.br/pesquisas-e-indices/indicadores-do-mercado/). Para usados, foram utilizadas as vendas levantadas pelo CRECI SP em pesquisa com participação de mais de 400 imobiliárias em São Paulo (Capital), no período de Março/2013 a Fevereiro/2014, novamente, os últimos 12 meses disponíveis (link: http://www.crecisp.gov.br/pesquisas/pesquisa.asp).

    Quanto a vendas, serão consideradas aquelas feitas para os compradores finais, uma vez que vendas para investidores são apenas uma transferência de estoque, que futuramente deverá ter a venda definitiva ou estes imóveis serão alugados. Neste sentido, considerado neste levantamento que para um dormitório, apenas 20% das vendas de imóveis novos foram para compradores finais (link: http://classificados.folha.uol.com.br/imoveis/2013/10/1355571-apartamento-de-um-dormitorio-torna-se-nicho-de-investidores.shtml) e  para demais tipologias, considerado que 63% das vendas de imóveis novos foram para compradores finais (link:http://economia.estadao.com.br/noticias/economia-geral,investimento-e-objetivo-de-37-dos-compradores,186381,0.htm). No caso de imóveis usados, considerada a quantidade total apontada nos relatórios do CRECI SP.

    Os critérios acima ainda são favoráveis para o segmento imobiliário, na medida em que assumo que em apenas um site teríamos toda a oferta de imóveis novos mais usados para a cidade de São Paulo e ainda, sabendo que muitas ofertas de novos não constam neste site e tendo feito a pesquisa de ofertas só com dois tipos de imóveis (apartamento e casa padrão).

    Vamos agora observar como está a oferta e demanda por imóveis em São Paulo:

    Post 27 imagem 1 - Oferta versus demanda em São Paulo

    Pelo que podemos ver nos números acima, temos uma oferta extremamente elevada no caso de imóveis de 3 e 4 dormitórios, pois temos anunciado em apenas um site, uma oferta que é o suficiente para mais de 11 anos de vendas de novos para compradores finais mais usados, é algo absolutamente anormal e que só pode ocorrer quando temos uma bolha imobiliária!

    Vamos comparar esta pesquisa com outra, feita três meses atrás:

    Post 27 imagem 2 - Pesquisas imovelweb março versus junho 2014

    A relação entre oferta e demanda que já era anormal em 15/Março/2014, piorou 3 meses depois, como isto aconteceu?

    Segundo pesquisa da Lelo Imobiliária, no primeiro quadrimestre de 2.014 tivemos um aumento de 15% nos imóveis anunciados em São Paulo, ou seja, entre Março e Abril tivemos mais anúncios que não haviam sido capturados na pesquisa anterior (link: http://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/noticias/numero-de-imoveis-a-venda-em-sp-aumenta-15-segundo-lello).

    É importante lembrar ainda, que as vendas de imóveis novos na cidade de São Paulo no primeiro trimestre de 2.014 tiveram queda de 45% na comparação com mesmo período de 2.013. Na pesquisa anterior, os últimos 12 meses considerados de vendas incluíam os meses de Janeiro a Março de 2.013, nesta pesquisa, utilizados os dados de Janeiro a Março de 2.014, ou seja, já tivemos o reflexo da queda brusca na demanda por imóveis novos. Conforme consta no gráfico abaixo, feito com dados do SECOVI SP do balanço do 1T13 (página 30 do link: http://www.secovi.com.br/files/Arquivos/balancomercado-1trimestre2013.pdf) mais informações constantes no relatório do SECOVI SP referente a Março/2014 sobre o total de vendas do primeiro trimestre deste ano (ver parágrafo sobre primeiro trimestre de 2.014 no link: http://www.secovi.com.br/pesquisa-mensal-do-mercado-imobiliario/), concluímos que o primeiro trimestre de 2.014 teve o pior resultado de vendas de imóveis novos para um primeiro trimestre nos últimos 11 anos, pelo menos:

    Post 27 imagem 3 - Vendas de imoveis novos no 1T14 em São PauloOutro ponto interessante para avaliarmos, que ajuda a explicar a derrocada de vendas de imóveis novos no 1T14 também: por que a diferença nos anos necessários para vender as ofertas, no caso dos imóveis de 4 dormitórios, teve crescimento tão acentuado, passando de pouco mais de 12 anos para mais de 16 anos?

    As vendas de imóveis novos de 4 dormitórios no 1T13 foram de 1.104 unidades, contra apenas 176 unidades no 1T14, ou seja, tivemos uma queda de 84% nas vendas desta tipologia! Por que esta situação ocorreu? Observamos que em Março/2013, exatamente no último mês do primeiro trimestre de 2.013, no caso de imóveis novos, tivemos um volume de mais de 900 unidades de 4 dormitórios vendidas, sendo que este é um recorde histórico, nunca obtido para apenas um mês em São Paulo no caso desta tipologia e várias vezes a média de outros anos. Tudo indica que tivemos vendas elevadas de imóveis de 4 dormitórios para investidores em Março/2013, que serviu como uma mera transferência de estoques, sendo que este movimento especulativo não teria se repetido neste ano. O fato da explosão de vendas do 1T13 ter acontecido exatamente no último mês do trimestre é indicador de que isto poderia ter  sido feito para inflar os resultados das construtoras que são divulgados trimestralmente.

    Adicionalmente, temos outra questão muito importante: como no caso de 3 e 4 dormitórios, podemos ter um volume de ofertas que equivale a mais de uma década de vendas de imóveis novos para compradores finais mais usados, anunciada em apenas um site?

    A questão acima poderá ser respondida em conjunto com esta outra:

    Post 27 imagem 4 - Pirâmides de renda anúncios e vendas de imóveisSobre a renda familiar e total de famílias em São Paulo: acessar site do IBGE (www.ibge.gov.br ), página Banco de Dados, Cidade de São Paulo e depois Censo 2.010 e informações sobre distribuição de renda familiar. Dados foram agrupados para viabilizar apresentação gráfica e compreensão. Sobre o total de famílias (consideradas 3,6 M de famílias em São Paulo neste estudo), foi considerado o número do IBGE do censo de 2.010 e acrescentando um crescimento vegetativo de 1% ao ano.

    Informação de que mais de 73% das famílias em São Paulo já possuem imóveis próprios vem de pesquisa do IBGE (PNAD) . Para facilitar a compreensão, segue link com reportagem que fala a este respeito: http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2012-09-21/casa-propria-ja-nao-e-so-sonho-75-no-brasil-sao-donos-do-imovel-onde-vivem.html

    Imovelweb – número de ofertas com base nos preços ou número de dormitórios: acessado o site www.imovelweb.com.br e feita consulta em 19/Junho/2.014 para apartamento padrão e para casa sobrado padrão, agrupando quanto a faixas de preços.

    A informação sobre a renda familiar necessária para se adquirir um imóvel acima de R$ 500 mil em São Paulo, que é de 20 salários mínimos, veio de pesquisa contratada pela revista Exame, que contém informações no link: http://exame2.com.br/mobile/seu-dinheiro/noticias/quanto-voce-deve-ganhar-para-comprar-um-imovel-em-16-cidades. Com base nesta pesquisa, temos a situação hipotética de São Paulo, compatível com esta informação. Utilizado como referência o salário mínimo de Janeiro/2014, de R$ 724,00.

    Com base nas pirâmides mais acima, quais as conclusões?

    1) Renda familiar versus vendas de imóveis usados: estão compatíveis, o que se demonstra pelo fato de ambos terem a pirâmide com a base maior que o topo, ou seja, a grande maioria das famílias em São Paulo (91,46%) possui renda inferior a 20 salários mínimos que só permite aquisição de imóveis com preços abaixo de R$ 500 mil, mesmo com financiamento em 30 anos e a maior parte das vendas realizadas (62,87%) foi exatamente para esta faixa de preços ;

    2) Oferta de imóveis versus vendas de usados: estão incompatíveis, o que se demonstra pelas pirâmides invertidas, ou seja, enquanto a maioria das ofertas se situa em patamar superior a R$ 500 mil (71,6%), a maioria das vendas é para imóveis com preços abaixo de R$ 500 mil (62,87%). Vejamos mais uma informação importante a este respeito:

    Post 27 imagem 5 - Vendas de usados em São Paulo de 2008 a 2013 Melhorado

    Pelo que podemos observar acima, tivemos uma queda de vendas de 2.010 para 2.011 que foi de 13,79% e depois uma nova queda de 2.011 para 2.012 que foi de 22,93%, sendo que percebemos uma estabilidade na venda de imóveis usados a partir de 2.012, mas dentro de um patamar que é o menor desde 2.008. Deveríamos ter vendas maiores de usados nos últimos anos e não menores como tem acontecido. Motivo: como o recorde de lançamentos de novos foi entre 2.010 e 2.011, com recorde de entregas 3 anos depois, representa em muitos casos, uma maior necessidade de proprietários de usados venderem seus imóveis para pagarem parte do novo. Uma comprovação disto, é o aumento de 15% na oferta de imóveis no primeiro quadrimestre de 2.014, segundo apurado pela Lelo Imobiliária em pesquisa, citada e com link mais acima.  Em 2.014, até aqui, percebemos que as vendas se mantém dentro do mesmo patamar de 2.012 e 2.013.

    3) Renda familiar versus oferta de imóveis: estão incompatíveis, o que se demonstra pelas pirâmides invertidas, ou seja, enquanto a maioria das ofertas se situa em patamar superior a R$ 500 mil (71,6%), a maioria das famílias não tem renda suficiente para adquirir imóveis com preços acima de R$ 500 mil (apenas 8,53% das famílias possui renda acima de 20 salários mínimos), mesmo em financiamento de 30 anos. Há um outro aspecto interessante para analisarmos: dada a diferença extremamente elevada entre o percentual de famílias com capacidade para adquirir imóveis com preço anunciado acima de R$ 500 mil e o volume de ofertas nesta faixa de preços, teríamos compradores suficientes para todos os imóveis anunciados nesta faixa de preços? Para responder esta pergunta, vamos fazer alguns cálculos:

    Post 27 imagem 6 - Renda PNAD versus imóvel acima de R$ 500 mil em São Paulo

    Novamente, os critérios para montagem da tabela acima, são favoráveis para o segmento imobiliário, pois foi considerado como se a faixa de renda acima de 20 salários mínimos tivesse se mantido, mesmo sabendo que o salário mínimo subiu muito mais do que o reajuste dos salários das pessoas com maiores rendas. Adicionalmente, considerada uma média geral de 73% das famílias que possuem imóveis em São Paulo, no entanto, o mais lógico é que no caso das famílias com maior renda este percentual seja muito maior.

    Poderíamos argumentar que muitas vendas são de proprietários vendendo seus imóveis e complementando em dinheiro poupado ou financiamento para adquirir outros mais caros, mas para alguém vender um imóvel acima de R$ 500 mil para depois comprar outro, primeiro precisa achar um cliente com renda para vender o seu e tal “pirâmide” tem se demonstrado absolutamente insustentável, gerando estas proporções absurdas entre oferta e demanda.

    Com todos os dados acima, podemos concluir que a pirâmide que se encontra em posição de desequilibrio em relação as demais, é exatamente a que contém as ofertas com seus respectivos preços. Qual a correção? Temos duas alternativas: a) aumento relevante e abrangente de salários na cidade de São Paulo, sem nenhuma mudança dos preços dos imóveis ; b) queda acentuada nos preços dos imóveis, também de forma abrangente.

    Tanto a solução a) quanto a b) significam a mesma coisa: quedas nos preços dos imóveis em termos REAIS, de forma relevante e abrangente.

    Com toda a situação de desequilíbrio acima, fica uma pergunta: Como isto ainda não se refletiu em quedas reais nos preços dos imóveis?

    Talvez a resposta seja um pouco diferente do esperado, mas na verdade, já temos algumas evidências de reduções nos preços reais dos imóveis em São Paulo. Começarei apresentando alguns casos do ReclameAqui na cidade de São Paulo, onde investidores insatisfeitos afirmam que as construtoras estão vendendo imóveis no ato da entrega por um preço inferior ao que eles adquiriram na planta. Aqui, pequenos trechos, só para demonstrar a queda e que são de São Paulo, juntamente com links para originais do ReclameAqui (observação: textos copiados do ReclameAqui, sem nenhuma alteração ou correção):

    Depoimento 1: “RESIDENCIAL PARQUE ANALIA FRANCO RUA GUANDU” – PDG http://www.reclameaqui.com.br/6798190/pdg-incorporacoes/xag/

    “…e no fim de tudo acompanhar a enchurradas de unidades oferecidas por eles tres anos depois mais barato do que juntando meu fluxo e saldo devedor”

    Depoimento 2: “Fantastique na Vl. Formosa” – Gafisahttp://www.reclameaqui.com.br/4575633/gafisa/imoveis-com-a-gafisa-nunca-mais/

    “porém para nossa surpresa a Gafisa lançou o Mistral com 2 metros quadrados a mais que o nosso e ainda por cima mais barato que o nosso”

    Depoimento 3: “Villagio Nova Carrão” – Even

    http://www.reclameaqui.com.br/6228471/even-construtora-e-incorporadora-s-a/nao-compre-imovel-com-a-even-construtora-villagio-nova-carr/

    “Atualização de Preço do Imóvel para Revenda segundo Extrato que de Pagtos fornecidos pelo site da Even R$ 324.000,00. Preço atual praticado por seus corretores em tabela promocional R$ 295.200,00.”

    Além destas evidências, tivemos ainda uma pesquisa feita pela EMBRAESP a pedido da revista Zap Imóveis junto às construtoras no 1T13, que apontou uma queda média nos preços de imóveis novos superior a 9% na cidade de São Paulo, sendo que especificamente para 3 dormitórios, a queda foi superior a 17% (Link: http://msn.revistaimoveis.zap.com.br/155982-precos-dos-imoveis-novos-caem-em-sao-paulo.html). Vale observar que a maior queda de preços foi exatamente para 3 dormitórios que conforme vimos, tem super-oferta.

    Ainda quanto a evidências de quedas de preços de imóveis em São Paulo, no primeiro semestre de 2.013 tivemos uma pesquisa do CRECI SP junto a mais de 400 imobiliárias que apontou uma queda de 23% nos preços dos imóveis usados de 1 dormitório. Link para notícia: http://classificados.folha.uol.com.br/imoveis/2013/05/1285907-preco-de-imovel-usado-de-um-dormitorio-cai-23-na-cidade-de-sp.shtml. Muito provavelmente, não foi mera coincidência que isto tenha acontecido exatamente ao mesmo tempo em que vimos os imóveis novos de 1 dormitório em São Paulo terem um aumento superior a 200% em relação aos lançamentos e vendas dos últimos 10 anos, que foi ocasionado por uma fortíssima presença de investidores, de até 80% segundo levantado pela Folha de São Paulo (link no início deste trabalho).

    Naturalmente, uma vez que foi demonstrado que a diferença entre preço de imóveis e renda é muito elevada, não foram estas reduções de preços que trouxeram o equilíbrio de volta, até porque, elas não foram abrangentes e intensas o suficiente para isto, ao contrário, conforme demonstrado, os estoques continuaram crescendo, as vendas caindo e, portanto, a proporção entre oferta e demanda cada vez mais desequilibrada.

    Que outra situação demonstra a bolha imobiliária em São Paulo?

    Os aluguéis em São Paulo tem rendido em média 0,46% ao mês, menos do que qualquer aplicação financeira (link: http://economia.ig.com.br/financas/casapropria/2013-08-02/aluguel-de-imoveis-rende-menos-que-poupanca-em-sao-paulo-e-no-rio.html).

    Temos ainda a informação sobre aumento de 30% na oferta de imóveis para alugar no Estado de SP, vinda de reunião entre corretores de imóveis que analisou evolução em várias localidades diferentes (link: http://www.ndonline.com.br/florianopolis/noticias/141217-oferta-de-imoveis-para-locacao-cresce-50-na-grande-florianopolis.html);

    Ainda quanto ao aluguel em São Paulo, temos depoimentos de proprietários reclamando sobre a demora para conseguir um locatário, as despesas elevadas em função do aumento da vacância e as reduções obrigatórias nos preços que ocorrem (Link: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=0-EGMYkeDpw).

    O que consta acima é uma reação natural a bolha imobiliária: em primeiro lugar, o rendimento do aluguel se torna pouco interessante, porque mesmo aumentando de preço, não acompanha nem de perto a evolução dos preços dos imóveis. Por que isto acontece?

    No caso de aluguel, as famílias precisam ter renda para pagá-lo, ao contrário das vendas falsas na planta ou as vendas para investidores com a finalidade de revenda antes da entrega, que inflaram o preço artificialmente com uma demanda simulada (ver diagrama mais abaixo). No caso do aluguel, não tem como simular o pagamento, o que inibe crescimentos artificiais dos preços e gera distorções entre preço de venda e rendimento do aluguel.

    Temos ainda, pelas informações acima, uma super-oferta de aluguel caracterizada por um aumento relevante e rápido de 30% sobre uma base construída ao longo de décadas, que em parte tem como causa os próprios investidores que compraram imóveis para revender e observando a super-oferta e os descontos elevados por construtoras que inviabilizavam o repasse do ágio, optaram por alugarem os imóveis, mas isto se converte apenas em uma outra forma de prejuízo, como o vídeo com proprietários de imóveis demonstrou.

    Apesar da renda limitar os preços dos aluguéis, ainda assim em determinados casos observamos distorções insustentáveis, quando os proprietários insistem em desafiar o racional. Hoje o CRECI SP apela ao Governo Federal em busca de um “aluguel social” para São Paulo, porque quitinetes com aluguel de R$ 1.000 não encontram clientes em uma cidade com  salário mínimo de R$ 724. Como ficará esta situação, quando a super oferta de imóveis de 1 dormitório que tiveram lançamento e vendas no 1T13 (triplo do recorde de 10 anos, 80% para investidores) chegar ao mercado, qual será o impacto em meio a tanta super-oferta?

    Agora, vamos avaliar como a bolha imobiliária foi inflada. No esquema que consta abaixo, as informações sobre distratos e sua proporção em relação a vendas foram extraídas dos relatórios oficiais das construtoras que são divulgadas por elas trimestralmente e constam na página de investidores, no site de cada construtora, com acesso livre a quem tiver interesse. Já quanto a informação relacionada ao volume muito elevado de investidores, é com base no que foi colocado mais acima neste trabalho, de pesquisas da Lopes Imobiliária e Folha de São Paulo sobre a participação dos investidores no mercado imobiliário, bem como uma série de outras pesquisas feitas nas mais diversas cidades do país e que apontam este mesmo cenário. Para estas outras evidências relacionadas ao volume exagerado de investidores em outras cidades do Brasil, os links de notícias poderão ser encontrados em trabalho anterior (endereço: www.defendaseudinheiro.com.br/mitos-e-verdades-da-bolha-imobiliaria-parte-i).

    Segue agora o diagrama que explica como nossa bolha imobiliária foi inflada:

    Post 27 imagem 7 - Subprime brasileiro

    Como demonstramos os efeitos destrutivos do subprime para construtoras?

    Post 27 imagem 8 - Indicadores do subprime brasileiro

    Vemos aqui um volume anormal de distratos, estoques muito elevados e ainda, endividamento liquido para 5 construtoras superior a todo seu patrimônio liquido.

    Qual a tendência para a bolha imobiliária em São Paulo?

    Para responder a esta pergunta, mais uma vez utilizarei dados fornecidos pelo próprio segmento imobiliário, que foram gerados a partir de pesquisas do SECOVI SP e da Lopes Imobiliária.

    Vejamos agora, o que podemos esperar para São Paulo quanto ao estoque de imóveis:

    Post 27 imagem 9 - Tendência de oferta e demanda em São Paulo

    Para termos uma visão ainda mais clara, da gravidade da situação acima:

    Se em 2.013 tivemos vendas totais de 33.319 imóveis novos, mas no primeiro trimestre de 2.014 já observamos redução de 45% nas unidades vendidas, seria razoável supor, que a expectativa de vendas para 2.014, no total, seria 45% inferior a 2.013, ou seja, uma expectativa de venda de 18.325 unidades em 2.014. Sabendo que 37% das vendas são para investidores, de acordo com pesquisa da Lopes Imobiliária, isto significa que teríamos 11.544 imóveis novos vendidos para compradores finais em 2.014.

    Temos ainda,  a informação levantada pela Geoimoveis, que aponta que o estoque de imóveis novos em São Paulo, levantado ao final do primeiro trimestre do ano, equivale 22.800 imóveis (link com esta informação: http://construcaomercado.pini.com.br/negocios-incorporacao-construcao/154/construtoras-e-incorporadoras-pisam-no-freio-reduzem-lancamentos-e-lancam-311131-1.aspx).

    Vamos agora juntar o que consta nos dois parágrafos anteriores: 22.800 imóveis novos em estoque com construtoras dividido por 11.544 imóveis novos estimados para venda para compradores finais em 2.014 é igual a 1,98, ou em outras palavras, o estoque de imóveis novos em poder das construtoras, equivale a quase 2 anos de vendas para compradores finais! Isto sem contar o que está com especuladores e vendas de imóveis usados, que já avaliamos mais acima. Mais uma vez, utilizando como fonte as informações fornecidas pelo próprio segmento imobiliário, temos uma nova evidência da super-oferta de imóveis na cidade de São Paulo, o que é comprovado pelo próprio conteúdo da notícia acima, onde o segmento imobiliário informa que reduzirá os lançamentos em 2.014 para tentar desovar estes estoques.

    Sobre a tentativa do segmento imobiliário tentar regular os estoques só pela redução de lançamentos: ocorre que o segmento imobiliário já vem reduzindo lançamentos desde 2.012, sempre na promessa de voltar ao ponto de equilíbrio para estoques e isto não tem acontecido, ao contrário, o prazo para se vender um imóvel tem se tornado cada vez maior (os estoques estão ficando sempre maiores em sua proporção quanto a vendas). Podemos observar isto pelo gráfico abaixo, com dados de 12 construtoras com Ações na BOVESPA, extraídas dos relatórios oficiais trimestrais delas:

    Post 27 imagem 10 - Evolução de vendas lançamentos e estoques

    Aliás, como referência, temos uma cidade em que o mercado imobiliário reduziu drasticamente os lançamentos, que é o caso de Salvador, onde já tivemos aumento de quase 50% no desemprego total da cidade, o que retroalimentou as reduções de demanda, tudo isto, típico de uma bolha. Em outras palavras, reduções radicais em lançamentos são parte do ciclo de toda bolha e por si só, não resolvem nada, ao contrário, só pioram as consequências do problema. Para evidências, seguem dois links com estas informações sobre Salvador:

    http://www.bahiatodahora.com.br/destaques-esquerda/noticia_destaque2/queda-nas-vendas-leva-construtoras-a-reduzir-o-ritmo-em-salvador-situacao-e-preocupante

    http://www.sinduscon-ba.com.br/noticias/prg_not_exi.cfm/1FF801CD/construcao-civil-na-bahia-tem-fraco-desempenho-no-1-trimestre-do-ano

    Conclusões:

    Por tudo que consta neste trabalho, fica claro que não teremos uma volta ao equilíbrio entre oferta e demanda em São Paulo, sem que antes os preços se reduzam para um patamar em que a demanda possa aumentar. Pelo tamanho da distorção entre oferta e demanda e entre preços de venda e renda das famílias, fica claro que tal ajuste de preços terá que ser significativo para que isto aconteça.

    É importante não esquecermos que temos uma combinação de fatores que tornará obrigatório o ajuste de preços dos imóveis de forma mais relevante em São Paulo:

    1) Situação crítica na economia, provocada em grande parte pela própria bolha imobiliária  (preço do M2 repassado para produtos e serviços, explosão de construções gerando crescimento de empregos sem contra-partida em produtividade, estes dois itens alimentando fortemente à inflação, parcelas de financiamento imobiliário ou aluguel muito elevados em relação a renda roubando capacidade de consumo, etc.). Neste contexto de piora no cenário econômico, a tendência é redução ainda maior da demanda por imóveis ;

    2) Recorde de lançamentos em 2.011 (ver último gráfico mais acima), leva a recorde de entregas em 2.014, o que significa recorde de distratos que aumentam ainda mais os super-estoques (no primeiro trimestre de 2.014, distratos já aumentaram 11%, confirmando isto – link: http://economia.estadao.com.br/noticias/economia-geral,construtoras-cancelam-r-1-4-bilhao-em-vendas-de-imoveis-no-trimestre,185175,0.htm). Em paralelo, tivemos ainda aumento na oferta de usados já reportada no início deste ano, conforme consta em link no início deste trabalho (pesquisa da Lelo Imobiliária) ;

    3) A situação Fiscal do Governo brasileiro já obrigou a CEF a desacelerar a concessão do crédito imobiliário e com isto, a taxa de juros média do crédito imobiliário no Brasil  bateu recorde de crescimento em Janeiro/2014, com cada vez mais restrições da CEF para concessão deste crédito. Links:

    http://blogs.estadao.com.br/no-azul/2014/02/27/com-alta-do-juro-brasileiro-aumenta-em-12-meses-o-prazo-de-financiamento-de-imoveis/

    http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/03/1420926-caixa-vai-frear-ritmo-de-aumento-de-emprestimos.shtml.

    4) A situação precária de várias construtoras, gerada em virtude de nosso subprime, mescla super-estoques e endividamentos muito elevados, o que obriga a reduções sensíveis em preços para poderem vender e pagarem as parcelas de suas dívidas. Os descontos praticados em percentuais elevados desde 2.012, já não são o suficiente para isto, até em função de itens de 1 a 3 logo acima, o que foi demonstrado pelo desequilíbrio entre oferta e demanda que cresceu de forma mais relevante em 2.014 ;

    5) Investidores individuais não estão conseguindo vender seus imóveis com lucro, o que forçará a redução mais radical dos preços em São Paulo, de forma análoga ao que já ocorreu em Brasília, por exemplo. Vejamos evidências abaixo:

    Link com depoimentos do ReclameAqui de investidores na planta que fizeram distratos para não terem prejuízo maior. Neste endereço, constam os links originais do ReclameAqui:

    www.defendaseudinheiro.com.br/comprar-imovel-em-tempos-de-bolha-imobiliaria

    Links com notícias de Brasília, sobre quedas de preços equivalentes a da bolha espanhola:

    www1.folha.uol.com.br/mercado/2013/12/1391790-especulacao-leva-a-queda-de-preco-nos-lancamentos-de-imoveis-em-brasilia.shtml

    http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2013/09/01/internas_economia,385651/especuladores-sao-penalizados-pela-retracao-do-mercado-imobiliario.shtml

    http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2013/12/construtoras-queimam-estoque-de-imoveis-no-df-dizem-corretores.html

    Até o próximo post!

    Convidados, Geral

    Vendas de imóveis novos em São Paulo no 1T14, as piores em 11 anos!

    16 de maio de 2014

    Post mais recente sobre a bolha imobiliária no Brasil: http://defendaseudinheiro.com.br/a-bolha-imobiliaria-no-brasil-e-a-economia

    Este será um trabalho bastante curto, ao contrário dos anteriores. O objetivo é mostrar um fato que é mais uma das comprovações sobre o absurdo que tem acontecido no Brasil quanto a bolha imobiliária e a desinformação.

    Vendas de imóveis novos em São Paulo no 1T14, as piores em 11 anos!

    Em São Paulo, no 1T14, tivemos as piores vendas de imóveis novos em 11 anos, no entanto, esta “manchete” não foi divulgada por ninguém (exceção deste blog e do www.bolhaimobiliaria.com), está sendo omitida por todos, apesar de ser claramente uma informação extremamente importante.

    Mais absurda que a situação acima, é o fato de tentarem vender a ideia de que porque houve um crescimento em vendas e lançamentos em Março/2014 na comparação com Fevereiro/2014 isto é um sinal de recuperação. O SECOVI SP, que está se utilizando deste discurso em seu relatório mensal de Março/2014, sabe muito bem que temos efeito de sazonalidade e que esta comparação é inválida. Fazendo uma analogia, é o mesmo que dizer que as vendas de Natal do varejo foram as melhores do ano em 2.013, só para esconder que foram as piores vendas de Natal dos últimos 11 anos, não faz nenhum sentido. Quer piorar ainda mais? Em jan/14 as vendas cresceram, depois caíram quase 50% em Fev/14 e a queda em Mar/14 foi de 57%, todos na comparação com mesmo mês de ano anterior, que é o correto em virtude da sazonalidade, ou seja, a situação está é piorando e o SECOVI SP anunciando como se fosse recuperação!

    Segue link com balanço do 1T13 feito pelo próprio SECOVI SP que contém informação das vendas do primeiro trimestre, desde 2.004 até 2.013. Vejam na página 30 do link abaixo, as vendas em milhares de unidades, a cada ano, até 2.013:

    http://www.secovi.com.br/files/Arquivos/balancomercado-1trimestre2013.pdf

    Agora, no segundo link, ao final do documento do SECOVI SP, a informação sobre as vendas totais no 1T14:

    http://www.secovi.com.br/noticias/mercado-de-imoveis-novos-mostra-sinais-de-recuperacao/7828/

    Juntando as informações que constam acima, temos que as vendas de imóveis novos no 1T14 em São Paulo foram as piores desde 2.004, ou ainda, foram as piores de toda a série histórica, pois não localizei informações anteriores a 2.004. Segue o gráfico com base nos dados do SECOVI SP que constam nos links acima:

    Vendas de imoveis novos no 1T14 em São Paulo

    É graças a uma desinformação extremamente elevada que hoje temos, anunciados em apenas um site, entre imóveis novos e usados em São Paulo,  de 3 e 4 dormitórios, o suficiente para mais de 10 anos de vendas de imóveis novos mais usados (utilizando os números de vendas informados por SECOVI SP e CRECI SP), sendo que o SECOVI SP e o CRECI SP continuam informando como se tivessemos uma situação de “normalidade” e até de “otimismo” como no caso acima quanto a vendas de imóveis novos em Março/14.

    Para acessar a evidência do que consta no parágrafo anterior, além de diversas outras sobre quedas em preços reais, superoferta e outros assuntos que comprovam nossa bolha imobiliária, nas mais diversas cidades, com links para todas as fontes, acesse:

    www.defendaseudinheiro.com.br/mitos-e-verdades-da-bolha-imobiliaria-parte-i

    Até o próximo post!

    Geral

    Resultados Tecnisa e a Bolha Imobiliária

    13 de maio de 2014

    Post mais recente sobre a bolha imobiliária no Brasil: http://defendaseudinheiro.com.br/a-bolha-imobiliaria-no-brasil-e-a-economia

    Objetivo deste trabalho é apresentar uma análise sobre resultados da Tecnisa desde 2.007 até o 1T14 inclusive, com foco nos itens que tem maior relação com a bolha imobiliária no Brasil e aproveitando para demonstrar mais uma vez, como opera nosso subprime e expectativas.

     

    Resultados Tecnisa e a Bolha Imobiliária:

    Este trabalho é uma continuação do estudo feito quanto a 12 construtoras, com mais enfase em 7 delas e que demonstrou como foi construído o subprime brasileiro. O estudo anterior pode ser consultado no link: www.defendaseudinheiro.com.br/a-bolha-imobiliaria-e-o-subprime-brasileiro.

    A maior parte das informações da Tecnisa que constam aqui, foram extraídas de earnings releases divulgados pela mesma e que constam na página de investidores no site oficial da empresa, disponível para consulta por qualquer pessoa que tenha interesse nestas informações (link: www.tecnisa.com.br/investidores), com exceção da promoção com descontos de até 30% que foi extraída da página principal da empresa (link: www.tecnisa.com.br) e dos depoimentos de investidores em imóveis na planta, que foram extraídos do site www.reclameaqui.com.br. Adicionalmente, constam aqui informações sobre outras construtoras, também extraídas de earnings releases disponíveis na página para investidores no site de cada uma das empresas, além de dados de pesquisas de mercado realizadas por empresas especializadas neste segmento e trabalhos anteriores publicados.

    Vamos começar analisando as vendas, lançamentos e estoques a partir do ano de 2.007:

    Post 24 imagem 1 vendas lançamentos e estoques

    Análise das informações acima:

    A Tecnisa, como demais construtoras, depende muito de lançamentos para fazer vendas crescerem (exemplo: no total das Construtoras em São Paulo, mais de 80% das vendas de novos todos os meses são de imóveis com até 6 meses do lançamento – SECOVI SP), por isto, lançaram muito em 2.010 e 2.011, mas as vendas não acompanharam os lançamentos e os estoques dispararam. Desde 2.011, estoque se mantém alto, independente de diminuições drásticas em lançamentos, como aconteceu em 2.012 e no 1T14, pois as vendas caíram muito também e foram muito pouco superiores aos lançamentos. A redução drástica nos lançamentos do 1T14, segundo a Tecnisa, se deve a base de comparação, pois no 1T13 tiveram o “Jardim das Perdizes”, que neste momento está em pré-lançamento para próxima fase.

    Vamos agora, analisar mais algumas informações dos earnings releases da Tecnisa, que chamarei aqui de indicadores do subprime brasileiro, pois ajudarão a demonstrá-lo.

    Post 24 imagem 2 indicadores do subprime brasileiro

    Pelo que podemos observar, o endividamento em relação ao patrimônio liquido atingiu um novo recorde no 1T14. Justificativa Tecnisa: o alto volume de lançamentos em 2.010 e 2.011  traz custos altos com menos receitas, se equilibrará na entrega . Esta justificativa faz sentido?

    Como referência, outra empresa do segmento, a MRV, se orgulha porque no 1T13 tinha recorde mundial de imóveis sendo construídos ao mesmo tempo (mais de 100.000) e apesar disto, a relação de dívida liquida sobre patrimônio liquido ficava em cerca de 30%, como explicar a disparidade para este indicador da Tecnisa?

    Outro ponto: como justificar uma dívida liquida tão maior que o patrimônio liquido (PL), se o estoque de imóveis sem vender, que é a maior parte deste PL, é muito elevado, tanto em valor quanto em proporção a meses de vendas (equivale a mais de 18 meses de vendas)?

    Só para finalizar a análise quanto a dívida da Tecnisa: Viver, PDG, Brookfield, Rossi e Gafisa, todas elas chegaram a patamares muito similares aos da Tecnisa nos indicadores acima e todas elas estão em péssima situação financeira, com exceção de Gafisa que conseguiu sobrevida graças a venda de 70% de Alphavile (ver detalhes em trabalho anterior). Será que a Tecnisa estaria tão melhor que estas empresas, tendo indicadores tão similares?

    Sobre os estoques, a Tecnisa justifica que só 4% no 1T14 eram imóveis prontos. Não comentam o fato do estoque total ser equivalente a mais de 18 meses de vendas (elevado) e também não mencionam que o baixo estoque de prontos se deve a atrasos enormes em obras.

    Já sobre o volume muito elevado de distratos, a Tecnisa tem uma teoria interessante: distratos são bons, porque voltam para o estoque e são revendidos com um preço maior, graças à valorização constante dos imóveis ao longo do tempo. Vejamos gráficos do release do 1T14:

    Post 24 imagem 3 - distratos - velocidade revenda e margem

    Frente aos dados acima, vamos avaliar três pontos quanto a “distratos serem bons”:

    1) De fato a margem é maior, no entanto, esta diferença é muito pequena (média de 4% de margem a mais) quando comparado ao juros que a Tecnisa tem que pagar por suas dívidas, que acaba não só consumindo esta margem, como gerando um resultado negativo relevante. Basta considerar que em 15 meses conforme consta no gráfico acima, tiveram 45% dos distratos realizados que não foram revendidos, em outras palavras, todos estes tinham previsão de alimentar o caixa e pagar dívidas, no entanto, foi exatamente o inverso, sugando dinheiro do caixa para restituir ao comprador que cancelou o negócio e aumentando dívidas ;

    2) Se estoques da Tecnisa e do mercado fossem baixos, talvez até fizesse algum sentido alegar que os distratos eram bons porque traziam margem maior, mas quando se tem estoques equivalentes a mais de 18 meses de vendas como no caso do 1T14 e existe uma clara super-oferta no mercado, desde quando seria bom aumentar ainda mais estes estoques? Quanto maior o estoque, maior a necessidade de dar descontos para desová-los e aqui falamos de estoques muito elevados, aliás, com os 4% a mais de margem em relação a venda feita anos atrás, fica bem inferior ao preço atual de mercado e ajuda a empurrá-lo para baixo ;

    3) Os distratos em larga escala geram vendas menores, estoques maiores e sugam o caixa, tudo isto é péssimo para tomarem empréstimos, aumenta risco e portanto juros que pagam.

    Um diferencial da Tecnisa em 2.013 foi o “Jardim das Perdizes”, que se aproveitou de terrenos adquiridos por ela em 2.007, logo após IPO, combinado com financiamento de mais de R$ 700 milhões concedido pelo Santander. A dúvida é se este lançamento e suas vendas foram realmente o “ovo de Colombo”, ou se apenas tornaram os earnings releases mais bonitos em um primeiro momento, para depois virarem um novo volume elevado de distratos…

    Em outras palavras, seria a Tecnisa uma exceção quanto as construtoras que entraram em crise em função de altíssimo volume de distratos e tinham indicadores muito parecidos para estoques e dívidas, ou ela está apenas “pedalando” mais que as outras e adiando o tombo?

    Agora, vamos avaliar algumas consequencias práticas quanto a esta situação financeira da Tecnisa e do mercado imobiliário como um todo. Desta vez, colocarei aqui uma cópia (“print screen”) do que está na primeira página do site da Tecnisa (www.tecnisa.com.br):

    Post 24 imagem 4 desconto 30 por cento Tecnisa

    O desconto que consta acima, ocorre em função da combinação de um estoque elevadíssimo com dívidas também muito elevadas, em proporção anormal em relação ao tamanho do negócio e expectativas. Traduzindo: a empresa precisa dar descontos relevantes para desovar o seu enorme estoque e com isto conseguir pagar suas dívidas muito elevadas!

    Ao contrário de algumas visões “pueris”, de que as construtoras e demais vendedores de imóveis podem ficar por muito tempo sem vender, com elevadíssimos estoques e que isto não representaria nenhum problema, a verdade é que no mundo real, tanto as empresas quanto as pessoas precisam pagar suas dívidas, no mínimo para sobreviver…

    A situação acima, não é uma exclusividade da Tecnisa, como todos sabem, de tempos em tempos a Rossi relança o “Outlet Rossi” com descontos de até 35%, a Even relança o “Even Day” com descontos de até 40%, a PDG relança o “Nocaute PDG” com percentuais elevados de descontos e assim por diante.

    Muitos acreditam que as promoções acima são 100% “Brazilian Black Fraude”, ou seja, campanhas que simulam reduções de preços, pois dão descontos sobre preços de tabela que teriam sido majorados pouco antes da “promoção”, fazendo com que os preços finais fiquem iguais ou até maiores que os anteriores, prática que infelizmente é muito comum no Brasil. Para tirarmos a dúvida, vamos buscar algumas referências, começando pelo ReclameAqui:

    Link com reclamação, postada em Brasília – DF Segunda-feira, 23 de Setembro de 2013 – 15:44

    http://www.reclameaqui.com.br/6539330/tecnisa-construtora/nao-comprem-apt-tecnisa

    Trecho da reclamação do link acima (copiado e colado, sem alterações de conteúdo ou formatação, com exceção do ponto principal que coloquei em negrito):

    “NOS QUE COMPRAMOS UNIDADES NA PLANTA DO ART LIFE ACGUA VILAGUE EM ÁGUAS CLARAS ESTAMOS LUTANDO PARA RECEBER NOSSAS UNIDADE A MAIS DE UM ANO E NADA.
    a TECNISA AGORA ESTÁ VENDENDO AS UNIDADES POR VALOR MAIS BAIXO QUE QUANDO NOS COMPRAMOS NA PLANTA, UMA TREMENDA FALTA DE ÉTICA”

    Vejamos a resposta da Tecnisa também extraída do link acima:

    “Gostaríamos de esclarecer que os critérios e políticas de venda estão sujeitos a oferta e demanda, sendo portanto, natural a oscilação de valores no curso do empreendimento.”

    Observem a data em que foi postada a reclamação: 23/Setembro/2013. Isto significa que as promoções feitas pela Tecnisa, que tem sido contínuas nos últimos anos, como para várias construtoras, levam a situações como esta relatada no ReclameAqui.

    Para que tenhamos uma visão um pouco mais abrangente, vejam relatos de diversos compradores que viram imóvel ter queda de preços na entrega na comparação com o preço pago na planta, sendo que isto ocorreu em diversas cidades (São Paulo, Ribeirão Preto, São José dos Campos, Brasilia, Goiânia, etc.) e também para as mais variadas construtoras (PDG, Gafisa, Brookfield, MRV, Rossi, etc.). Segue o endereço que contém os depoimentos e também os links para o ReclameAqui:

    www.defendaseudinheiro.com.br/comprar-imoveis-em-tempos-de-bolha-imobiliaria

    Será que temos outras evidências quanto a quedas de preços, além dos depoimentos de compradores? Vamos falar sobre algumas pesquisas com base em preços reais, feitas diretamente junto a construtoras e órgãos ligados ao segmento imobiliário:

    Em Brasília, queda de 35,5% no preço dos lançamentos, em São José dos Campos e Natal, queda de 25% na entrega de novos, queda de 17% no preço do imóvel novo de 3 dormitórios em São Paulo no 1T13. Para acessar todos os links com evidências das informações que constam neste parágrafo e muito mais, incluindo evidências de superoferta em todo o país (São Paulo, Salvador, Curitiba, BH, Manaus, Brasília, etc.), veja trabalho anterior:

    www.defendaseudinheiro.com.br/mitos-e-verdades-da-bolha-imobiliaria-parte-i

    Como chegamos na situação acima?

    As construtoras estimularam um altíssimo volume de vendas falsas na planta, ou seja, vendas para clientes que não teriam condições de adquirir financiamento bancário do imóvel no ato da entrega do mesmo. Por que as construtoras fariam isto? Os agentes envolvidos são muito beneficiados por este processo, pois no caso dos corretores, a comissão paga no ato da venda não é devolvida para o cliente no ato do cancelamento (cheques à parte), para executivos das construtras, os bônus pagos pelo “crescimento nas vendas” também não precisam ser ressarcidos no momento dos distratos, no caso das próprias construtoras, esta simulação de demanda via vendas falsas gerou resultados vistosos em seus relatórios trimestrais no começo, ao mesmo tempo propiciou um aumento artificial de preços, o que atraiu grande número de especuladores, retroalimentando nosso subprime.

    Vamos dar um exemplo, de como este esquema opera, mais uma vez, utilizando a Tecnisa e o ReclameAqui. Vejam conteúdo no link abaixo:

    http://www.reclameaqui.com.br/5794925/tecnisa-construtora/distrato

    Localidade e data do depoimento: Guarulhos – SP Terça-feira, 02 de Julho de 2013 – 13:42

    Segue um trecho da reclamação, transcrita literalmente como consta no link acima:

    “Quando chegou a simulação do financiamento, fomos estudar e verificamos que não daria para arcar com um prestação tão alta (não foi feita a simulação no ato da compra)”

    Aqui temos uma singela demonstração de como funciona a venda falsa: no ato da venda na planta, não fizeram sequer a simulação para saber se o cliente teria condições de arcar com o financiamento bancário quando o imóvel fosse entregue. A simulação foi feita no ato da entrega do imóvel somente, gerando o depoimento no ReclameAqui porque neste caso o cliente já havia pago um montante elevado, queria fazer o distrato porque não podia adquirir o financiamento bancário e a Tecnisa queria restituir apenas uma pequena parte.

    Se pensarmos bem, considerando-se que a Tecnisa defende por escrito que “distratos são bons, porque podem ser revendidos por margem maior quando ocorrem” (o que não é verdade quanto ao fato de serem “bons”, conforme foi extensamente  demonstrado aqui), por que se preocuparia em fazer uma análise de crédito no momento da venda na planta?

    Só para mais uma vez não termos uma evidência isolada, relembro o que foi colocado no trabalho imediatamente anterior a este, quanto a evidências de nosso subprime:

    Os distratos tem representado um mínimo de 20% até mais de 60% das vendas brutas, equivalendo a bilhões de R$ todos os trimestre na somatória das construtoras que demonstram este número, algo que não existia até antes de 2.011 no Brasil e que também não existe para qualquer segmento de negócio em qualquer lugar do mundo.

    Link do trabalho anterior com evidências e detalhes do que consta no parágrafo anterior:

    www.defendaseudinheiro.com.br/a-bolha-imobiliaria-e-o-subprime-brasileiro

    O que podemos esperar no futuro próximo, quanto a Tecnisa, demais construtoras e o mercado imobiliário como um todo?

    Aumentando ou não os lançamentos e os descontos, tudo indica que no futuro próximo a Tecnisa não conseguirá reduzir os seus estoques muito elevados na proporção que é necessária para voltar a uma posição de equilíbrio, a experiência dos últimos anos demonstrou isto, basta ver os dois primeiros gráficos deste trabalho, com vendas, lançamentos e estoque.

    A situação acima, envolvendo várias construtoras e não só a Tecnisa (algumas outras de grande porte, mesmo que sem um endividamento tão elevado ainda, já possuem estoques muito elevados), obriga o mercado como um todo a continuar praticando descontos reais em larga escala, disfarçando o máximo que podem que isto significa uma queda de preços que já está ocorrendo de forma maquiada e disseminada pelo país e que mesmo assim, não resolve o problema dos super-estoques que também fica mais evidente a cada dia (os descontos, embora elevados e fazendo com que preços na entrega fiquem inferiores aos “na planta”, ainda não são o suficiente para fazer com que fiquem compatíveis com renda da população).

    Alguns pontos importantes:

    1) O juro médio do crédito imobiliário teve crescimento recorde em Janeiro/2014 e tende a ficar maior que em 2.013 durante todo o ano, porque a CEF está desacelerando a concessão de crédito imobiliário, em virtude dos problemas fiscais do Governo e temor de novos rebaixamentos de rating, combinado com os aumentos da SELIC que são repassados posteriormente para o juro do crédito imobiliário pelos bancos particulares. Isto significa, na prática, muito mais dificuldade para tomada de crédito por compradores de imóveis a partir deste ano. Vejam abaixo o gráfico do Banco Central:

    Post 24 imagem 5 juro médio crédito imobiliário

    Link que contém gráfico do banco central e que também comenta o quanto já aumentou a dificuldade do brasileiro para contrair financiamento bancário a partir de Janeiro/2014:

    http://blogs.estadao.com.br/no-azul/2014/02/27/com-alta-do-juro-brasileiro-aumenta-em-12-meses-o-prazo-de-financiamento-de-imoveis/

    2) Pelo quarto ano seguido o crescimento da economia será pífio para um país em desenvolvimento, neste ano ainda pior. Inflação e juros elevados, já tem se refletido em quedas significativas de consumo, além de crescimento no endividamento e inadimplência, bem como aumento no desemprego para alguns setores e localidades. A combinação destes fatos é altamente impactante, pois prejudica a capacidade de pagamento de prestações para quem já adquiriu imóvel e a possibilidade de novas vendas para quem não adquiriu ;

    3) Mesmo apelando para vendas falsas na planta em larga escala como algumas construtoras tem condições para fazer e aparentemente estão fazendo durante este ano, ainda assim já temos diversas outras que não conseguem mais fazer isto em virtude de seu elevado endividamento e estoques, criados como consequencia das próprias vendas falsas e no final, estas últimas é quem mais colaboram para a queda natural dos preços (precisam dar muitos descontos para conseguirem desovar estoques, pagar dívidas e sobreviverem) ;

    4) O recorde de lançamentos da Tecnisa e demais construtoras ocorreu nos anos de 2.010 e 2.011. Com os grandes atrasos que tem sido observados, teremos recorde de entregas em 2.014 e 2.015, o que significa uma grande quantidade de imóveis chegando às mãos de investidores que irão tentar revendê-los, além de um volume ainda maior de distratos, que deverão ser impulsionados de forma significativa pelo que consta nos itens 1 e 2 logo acima, tudo isto fazendo com que super-oferta fique ainda maior e mais visível.

    Embora ainda estejamos em Maio/2014, já temos evidências de que este ano seria mais complicado para o segmento imobiliário, seguindo o que consta acima? Vejamos alguns fatos, apenas como amostras:

    Em São Paulo, vendas de imóveis novos caíram quase 50% em Fev/14 comparado a Fev/13. No link abaixo, uma análise mais completa e endereço da notícia com dados do SECOVI SP:

    http://defendaseudinheiro.com.br/bolha-imobiliaria-sp-vendas-de-imoveis-novos-caem-50-em-fevereiro/

    No caso de imóveis usados, ainda em São Paulo, as vendas também caíram em Jan/14 na comparação com mesmo ano anterior, segundo pior resultado para Janeiro desde 2008, veja estudo abaixo baseado em pesquisas do CRECI SP com mais de 400 imobiliárias:

    http://defendaseudinheiro.com.br/bolha-imobiliaria-sp-usados-queda-de-vendas-e-precos-em-jan14/

    Para BH, tivemos queda de mais de 70% nas vendas de imóveis novos, segundo pesquisa do IPEAD/UFMG, ao compararmos o mês de Fev/14 com mesmo mês de 2 anos anteriores. Veja estudo abaixo com mais análises e link para estudo do IPEAD/UFMG:

    http://defendaseudinheiro.com.br/bolha-imobiliaria-bh-vendas-de-imoveis-novos-caem-mais-de-70-em-fevereiro/

    Neste próprio trabalho, temos que a Tecnisa contou com distratos equivalentes a mais de 40% das vendas brutas no 1T14 e mesmo com descontos elevados e reduções relevantes em lançamentos, a redução nos estoques foi mínima, insuficiente, fazendo com que o prazo estimado para desovar estes estoques ficasse ainda mais elevado (acima de 18 meses).

    Na prévia da Gafisa, já apresentou informação que distratos totais de segmentos Gafisa mais Tenda foram superiores a 50% das vendas brutas no 1T14. Pode ser comprovado acessando informações públicas no site desta empresa, na página de investidores.

    No earnings release da PDG do 1T14, consta que distratos aumentaram e que 84% deles foram por incompatibilidade de renda do comprador no ato da entrega do imóvel (não conseguiam adquirir financiamento imobiliário por não ter renda suficiente).

    Conclusão:

    Demonstramos aqui que a situação crítica quanto a endividamento e estoques da Tecnisa piorou no 1T14, sendo que as explicações fornecidas pela empresa são frágeis e estes indicadores  tem tendência de piorar ainda mais em próximos trimestres. Embora o aumento em lançamentos e vendas falsas na planta possam mascarar esta situação, não só para Tecnisa como para outras empresas do segmento, o problema é crônico e relacionado aos efeitos do subprime brasileiro, obrigando os eternos descontos reais nos preços dos imóveis, que tem tendência de crescer para estas empresas durante o ano de 2.014, em virtude de uma combinação de diversos fatos adversos para o segmento, como o crescimento do juros médio do crédito imobiliário, situação da economia, recorde de entregas e de distratos previstos para 2.014 e péssima situação financeira de várias construtoras.

    Até o próximo post!

     

    Convidados, Geral

    Bolha imobiliária em Curitiba, no Brasil e nos Emergentes

    14 de abril de 2014

    Post mais recente sobre a bolha imobiliária no Brasil: http://defendaseudinheiro.com.br/a-bolha-imobiliaria-no-brasil-e-a-economia

    Recomendo a leitura de estudo feito pelo professor Luciano D´Agostini. Vejam a diferença na profundidade com a qual o autor aborda o tema, na comparação com o “artigo” divulgado pelo segmento imobiliário, que coloquei em post anterior.

    Bolha imobiliária em Curitiba, no Brasil e nos Emergentes:

    Luciano D’Agostini, economista, é doutor em Desenvolvimento Econômico pela UFPR, integrante do grupo de pesquisa Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento (CNPq) e filiado à Associação Keynesiana Brasileira (AKB).

    http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/conteudo.phtml?id=1460934&tit=Bolha-imobiliaria-em-Curitiba-no-Brasil-e-nos-emergentes

    Ao elaborar uma pesquisa na Boca Maldita, contendo as perguntas “o preço do imóvel em Curitiba está caro?” e “O seu salário nos últimos anos aumentou?”, certamente observaremos a resposta “sim”. Estas duas perguntas, generalizadas para o Brasil e para os emergentes, teriam a mesma resposta: “sim”. Ambos, inflação dos imóveis e inflação dos salários, aumentaram; no entanto, o segundo cresceu bem menos que o primeiro, pelo oitavo ano consecutivo, em Curitiba, no Paraná, no Brasil e nos mercados emergentes (Brics).

    Existem também algumas discussões técnicas a respeito da inflação dos imóveis, da inflação dos salários, da taxa de crescimento do crédito, do endividamento das famílias sobre a renda, da rentabilidade do aluguel sobre o preço do ativo imobiliário, da inflação do aluguel e inflação dos salários e taxas de lucros, do déficit habitacional com a demanda efetiva keynesiana e dos custos da construção civil.

    A teoria de bolha monetária versa que o segundo estágio da bolha imobiliária inicia-se no instante em que o preço médio fundamental da economia, medido por indicadores de preços básicos como o IPCA, o IGPM e inflação dos salários, se descola levemente da taxa de inflação imobiliária, sendo que esta cresce um pouco mais do que aqueles, e em linha com a taxa de crescimento do crédito às famílias e empresas. Em termos macroeconométricos, o segundo estágio ocorreu entre 2003 e 2007, e o terceiro estágio da bolha imobiliária, de quatro possíveis no Brasil, começou em 2007 e termina em 2013. O terceiro estágio da bolha imobiliária inicia, em termos teóricos, quando existe um forte descolamento e em curto espaço de tempo entre a inflação imobiliária e as inflações básicas, e entre a inflação imobiliária e a inflação dos salários dos trabalhadores. A taxa de crescimento do aluguel é maior que a taxa de crescimento dos salários; a taxa de crescimento do crédito acompanha a taxa de crescimento dos preços dos imóveis; e a taxa de crescimento do crédito é bem maior que a taxa de crescimento dos salários dos trabalhadores e dos lucros das empresas – com este indicador provocando endividamento das famílias e empresas.

    Os testes de descolamentos entre variáveis são facilmente visualizados com testes estatísticos de cointegração e modelos de vetores autorregressivos com correção de erros, que levaram Clivel Granger (2003) e Christopher Sims (2011) ao Prêmio Nobel de Economia. Pois bem, pelos testes estatísticos nomeados em relação às variáveis de interesse, o Brasil encontra-se, sim (e um “sim” bem enfático), em bolha imobiliária no fim do estágio 3, quando entramos no paradigma de preços em 2012; e inicia o último estágio da bolha no fim de 2013, o estágio 4.

    Por que dizemos isso? Porque atualmente não há relação de equilíbrio de longo prazo entre as variáveis citadas, salvo crédito com inflação dos imóveis, e existem fortes sintomas do início do estágio 4, que é o realinhamento dinâmico entre as variáveis de interesse. O realinhamento pode ocorrer de modo rápido, dito estouro da bolha imobiliária em colapso, em horizonte de até dois anos; ou com um ajuste lento e gradual que pode durar entre dois e quatro anos. E, como não há relação de equilíbrio estatístico das variáveis citadas, algumas dinâmicas podem ocorrer nos próximos períodos: a taxa de crescimento dos salários será positiva, próximo aos indicadores de inflação básicos da economia e bem maior que a taxa de crescimento dos preços dos imóveis; a taxa de crescimento dos salários deverá crescer em torno da inflação básica da economia e a taxa de crescimento dos preços dos imóveis deve ser negativa (deflação); ou ambos: a inflação salarial cresce e a inflação imobiliária cresce, com taxas próximas.

    Pela rigidez salarial de curto prazo, à la pós-keynesianos, salvo se a inflação básica disparar, os salários nominais continuarão crescendo muito próximo à inflação básica. Atirem a primeira pedra nesta frase, caso tenham dúvidas! E, se a taxa de crescimento do crédito crescer mais que a taxa de crescimento dos salários e lucros das empresas, haverá mais endividamento e comprometimento de rendas.

    No cenário atual, em que a maioria da população está empregada e com baixa produtividade do trabalho, com pouca inovação e baixa tecnologia, portanto, a única trajetória possível dos preços dos imóveis para que o setor retorne ao seu estado de equilíbrio entre oferta e demanda, e ainda mantenha um exame de sangue “saudável” de negócios, é a queda de preços dos imóveis em torno de 40% entre 2014 e 2017 na hipótese de os salários e a inflação básica nesse mesmo período crescerem entre 5,5% e 7% ao ano.

    Benchmarks como os estouros das bolhas dos EUA (2007), Espanha, Grécia, Portugal, Irlanda e Chipre entre 2009 e 2012, e indicadores de emergentes estão nesta linha de raciocínio. Fair play à parte com confederação, sindicatos do setor da construção civil e consultores contratados por estas instituições, precisamos que vocês entendam qual é a definição de bolhas de qualquer natureza, para, então, publicar seus artigos científicos ou relatórios técnicos em revistas e corpos editorias de consideração de grande importância para o país e comentar se existe ou não bolha imobiliária. Minha opinião: estamos em bolha imobiliária e escutem o que eu comento com vocês. Quero preservar a economia do país e a população brasileira.

     

    Convidados, Geral

    “Estudo” afirma que não há bolha imobiliária: estão olhando para onde?

    14 de abril de 2014

     

    Post mais recente sobre a bolha imobiliária no Brasil: http://defendaseudinheiro.com.br/a-bolha-imobiliaria-no-brasil-e-a-economia

    “Estudo” afirma que não há bolha imobiliária: estão olhando para onde?

    Como sabemos, o núcleo Real Estate da Poli/USP é 100% composto por executivos da construção civil. Aqui, um dos professores deste núcleo, defende a “tese” de que não temos bolha imobiliária, apresentando alguns motivos.

    Coloco abaixo o link com o “artigo” e logo em seguida, divididos em duas partes, analogias e traduções para entendermos melhor o que este professor está dizendo, comparando com fatos comprováveis relacionados a bolha imobiliária no Brasil:

    Link com “artigo”:
    http://www.correio24horas.com.br/detalhe/noticia/estudo-defende-que-brasil-nao-vive-bolha-imobiliaria/

    PARTE 1:

    “Elaborado pelo professor João da Rocha Lima Jr., a pesquisa aponta que o mercado imobiliário viveu duas fases de alta. A primeira, que durou do segundo semestre de 2007 até o primeiro de 2011, tinha um caráter mais especulativo, porque os preços subiam acima da evolução dos custos. Desde então, o movimento desacelerou, mais condizente com o encarecimento dos custos, sobretudo dos terrenos.”

    ANALOGIA:

    O funcionário chega no superior imediato e diz: “chefe”, quero aumento de salário mensal porque a inflação está muito alta todo mês. O chefe concorda e dá aumento de imediato que passa a vigorar de forma automática e mensal com base na inflação.

    TRADUÇÃO:

    A vida não é assim…

    Se o seu custo subiu demais em virtude de uma falsa demanda combinada com especulação elevada, que gerou SUPER-ESTOQUES, como no caso do segmento imobiliário, você terá que reduzir seu preço e seus custos, e vender mesmo que seja para ficar no prejuízo, no mínimo para pagar suas dívidas, do mesmo jeito que o funcionário do exemplo acima precisa controlar suas despesas e não pedir aumento mensal e automático para o “chefe” porque a inflação é alta…

    Fatos: queda de preços de 30% em Brasília na entrega de imóveis novos e de 35,5% para lançamentos, na comparação de 2.012 com 2013, descontos de até R$ 400 mil no Espirito Santo e de até R$ 80 mil em Salvador, promoções em Curitiba com descontos que variam de 30% até 35% por vários meses, com super-estoques permanecendo inalterados, promoções intermináveis com “descontos” de até 40% (ver Even Day), etc. Link que contém endereços com comprovação de tudo que consta aqui e muito mais casos similares: www.defendaseudinheiro.com.br/mitos-e-verdades-da-bolha-imobiliaria-parte-i.

    Vejam ainda, trabalho sobre prejuízo na compra de imóveis, por investidores que adquiriram na planta e no ato da entrega, viram imóveis sendo vendidos mais baratos por construtoras, que precisavam reduzir preços para se desfazerem dos super-estoques e sobreviverem (depoimentos do ReclameAqui): www.defendaseudinheiro.com.br/comprar-imovel-em-tempos-de-bolha-imobiliaria.

    Só se fosse um monopólio ou cartel, seria do jeito que consta no artigo, com os custos OBRIGANDO as pessoas a aceitarem os aumentos de preços, será que o professor quis dizer que este é o modelo para o segmento imobiliário? Se tentaram fazer um cartel, pelo jeito não deu certo, é só ver a quantidade de fatos acima…

    PARTE 2:

    “Mesmo assim, não há nada que nos diga que o mercado, do ponto de vista da demanda, piorou em relação ao ano passado. ”

    ANALOGIA:

    Você vê um elefante entrando em uma loja de cristais, mas nada indica que teremos problemas.

    TRADUÇÃO:

    Vendas de imóveis novos caíram 50% em Fev/14 na comparação com Fev/13 em São Paulo (fonte: SECOVI SP).  Lembrando que São Paulo é a principal cidade quanto a vendas no Brasil.

    Em Belo Horizonte, a queda nas vendas de imóveis novos foi superior a 70% na comparação de Fev/14 com mesmo mês dos 2 anos anteriores (Fonte: IPEAD/UFMG).

    Voltando a São Paulo, as vendas de imóveis usados em Jan/14 ficaram em segundo lugar entre as piores vendas desde 2.008, sendo que também tivemos queda nos preços (fonte: CRECI SP).

    DETALHE: Carnaval em 2.014 foi em Março, em 2.013 foi em Fevereiro, significa que agora em 2.014, tivemos mais dias úteis para vendas que no ano passado, ou seja, o resultado é ainda pior que os números que constam acima para vendas de novos em São Paulo e Belo Horizonte…

    Endereços que contém a comprovação do que consta acima e mais análises:

    Bolha imobiliária SP – usados: queda de vendas e preços em Jan/14

    Bolha imobiliária BH: vendas de imóveis novos caem mais de 70% em Fevereiro

    Bolha Imobiliária SP: vendas de imóveis novos caem 50% em Fevereiro

    Sugiro olhar na direção da loja, para saber se o elefante vai entrar, se ficar o tempo inteiro olhando para o lado contrário, com medo do que está acontecendo, não vai ver mesmo…

    Até o próximo post!

    Convidados, Geral

    Bolha imobiliária SP – usados: queda de vendas e preços em Jan/14

    10 de abril de 2014

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    Bolha imobiliária SP – usados: queda de vendas e preços em Jan/14:

    Segue abaixo a pesquisa do CRECI SP, realizada com mais de 400 imobiliárias, referente a vendas de imóveis usados em São Paulo no mês de Janeiro/2014 (última pesquisa divulgada):

    http://www.crecisp.gov.br/arquivos/pesquisas/capital/2014/pesquisa_capital_janeiro_2014.pdf

    Resumo aqui as informações principais, que extrai deste relatório e comparei com anteriores do CRECI SP:

    O preço médio do M2 em São Paulo teve queda de 2,74%.

    Este mês de Janeiro/2014 foi o segundo pior desde 2.008 quanto a vendas, vejam abaixo:

    Vendas de usados em São Paulo de Jan2008 a Jan2014 Para quem acha que a situação acima foi um caso isolado, em que o mês de Janeiro casualmente teve um desempenho pior ao longo dos anos, vamos rever os resultados anuais:

    Vendas de usados em São Paulo de 2008 a 2013 MelhoradoPelo que podemos observar, as vendas de 2.012 e 2.013 já foram muito inferiores a de anos anteriores e começamos o ano de 2.014 com resultado ainda pior…

    Como o segmento imobiliário esconde a realidade?

    No próprio relatório do CRECI SP, fazem a comparação entre meses seguidos, sem respeitar sazonalidade. Além disto, nunca fazem comparações entre os anos, para evitar que as pessoas percebam que as vendas caíram muito nos últimos anos e não permitem que as quedas nos preços médios do M2 sejam divulgadas, só divulgam quando preço médio sobe. Por fim, mas não menos importante, ignoram por completo a super-oferta de imóveis novos mais usados na cidade (em São Paulo, a oferta de 3 e 4 dormitórios em apenas 1 site é o suficiente para mais de 10 anos de vendas).

    Pelo que podemos observar, o esforço de desinformação do segmento imobiliário para esconder a bolha imobiliária em São Paulo é enorme! Vamos ver até quando conseguirão esconder o óbvio e como irão se justificar quando a verdade aparecer…

    Até o próximo post!

    Convidados, Geral

    Bolha imobiliária BH: vendas de imóveis novos caem mais de 70% em Fevereiro

    10 de abril de 2014

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    Bolha imobiliária BH: vendas de imóveis novos caem mais de 70% em Fevereiro/14:

    Segundo pesquisa do IPEAD/UFMG, a venda de imóveis novos (apartamentos) em BH teve queda superior a 70% em Fevereiro/2014 na comparação com mesmo mês dos 2 anos anteriores (2.013 e 2.012). Lembrando que em Fevereiro/2014 tivemos mais dias úteis do que em Fevereiro/2013, pois o Carnaval em 2.014 foi em Março, em outras palavras, o resultado foi ainda pior!

    Segue mais abaixo o link da pesquisa e logo depois, coloco a imagem da tabela 9 que consta na mesma e que contém a informação sobre evolução de vendas na cidade, onde faço um destaque circulando em vermelho e apresentando os percentuais que demonstram a elevada queda nas vendas que ocorreu em BH.

    Curiosamente, embora a queda em BH seja ainda pior do que os 50% de redução nas vendas de imóveis novos em São Paulo neste mesmo mês (ver post anterior a este respeito), esta informação não foi divulgada nos meios de comunicação…

    http://www.ipead.face.ufmg.br/site/siteipead/documentos/imobiliario/comercializacao/2014/02_2014_construcao.pdf

    Vendas BH Fev14

    É interessante analisarmos a evolução da bolha imobiliária em BH, não olhando apenas para quedas em vendas, que já ocorreram de forma relevante em períodos anteriores também. Devemos observar ainda, o que ocasionou estas quedas, que normalmente, está associado a super-oferta e forte presença de investidores e especuladores. Como um exemplo desta situação em BH, vamos ver a notícia abaixo, para a qual destaco um trecho em Italico:

    http://www.hojeemdia.com.br/noticias/economia-e-negocios/atraso-no-pagamento-de-condominio-chega-a-10-em-belo-horizonte-1.219820

    Trecho da reportagem acima:

    “Muitos investidores que compraram imóveis na planta, com o esfriamento do mercado, não estão conseguindo realizar o lucro e, consequentemente, repassar adiante para a taxa de condomínio. Outra saída é financiar o restante do imóvel. Mas o acesso ao crédito também está mais difícil. Assim, não recebem as chaves e não pagam condomínio. A construtora, por sua vez, entende que o erro é do investidor. E aí cria-se o impasse”, explica Mota.

    Segundo ele, em alguns prédios recém-entregues o nível de inadimplentes chega a 50%. “Geralmente, essa situação leva entre seis meses e um ano para ser ajustada”, afirma. E engana-se quem pensa que o problema é restrito a edifícios voltados para a baixa renda. “Isso ocorre com mais frequência em empreendimentos maiores, com muitos apartamentos, independentemente da classe social”, ressalta.

    Observamos pelas informações acima, que a queda nas vendas não afeta apenas as construtoras, mas também aqueles que investiram em imóveis em BH para revender. Aliás, é assustadora a informação de que no caso de prédios recém-entregues, o nível de inadimplência chega a 50% em função de investidores que planejavam vender imóvel antes da entrega e não conseguiram, sendo que também não conseguem adquirir o financiamento imobiliário! Esta é uma das muitas comprovações do subprime brasileiro, que se vale tanto das vendas falsas na planta para quem não tem condições de adquirir financiamento na entrega do imóvel, quanto da venda em larga escala para investidores, sendo que pelas informações acima, podemos comprovar estas duas situações no caso de BH!

    Por fim, deixo ainda um link que fala sobre “promoções” que estão ocorrendo em BH e que são chamadas de “liquidações”. Como consequência das quedas sensíveis nas vendas, ocasionadas por super-oferta, que por sua vez, foi gerada em função de vendas falsas na planta e mega especulação, já podemos perceber os efeitos práticos com as reduções de preços que ocorrem disfarçadas de “descontos”. Agora imaginem a situação dos investidores em imóveis, inclusive aqueles mencionados na notícia logo acima, que além de observarem quedas de vendas, tem as construtoras concorrendo com eles e oferecendo descontos elevados, o que inviabiliza a revenda que eles planejavam… Exatamente esta mesma situação já ocorreu de forma intensa em Brasília, levando a reduções de preços de 35,5% nos lançamentos e 30% para imóveis entregues, além de já ter ocorrido em São José dos Campos, Curitiba e diversas outras cidades. Em outras palavras, o script da bolha imobiliária em BH é o mesmo do restante do país. Para evidências do que consta aqui sobre Brasília, SJC, Curitiba e muitas outras cidades, acesse trabalho anterior sobre Mitos e Verdades da Bolha Imobiliária – parte I (link abaixo da notícia sobre liquidação de preços de imóveis em BH).

    Link sobre liquidação de preços de imóveis em BH:

    http://observadordomercado.blogspot.com.br/2014/03/estouro-da-bolha-provoca-fenomeno.html

    Link com evidências de outras cidades quanto a super-oferta, quedas de preços e outras situações relacionadas a nossa bolha imobiliária:

    http://www.defendaseudinheiro.com.br/mitos-e-verdades-da-bolha-imobiliaria-parte-i

    Até o próximo post!

    Convidados, Geral

    Bolha imobiliária Manaus: super-estoque, quedas em lançamentos e preços

    10 de abril de 2014

    Post mais recente sobre a bolha imobiliária no Brasil: http://defendaseudinheiro.com.br/a-bolha-imobiliaria-no-brasil-e-a-economia

    Bolha imobiliária Manaus: super-estoque, quedas em lançamentos e preços:

    Em continuidade a trabalho anterior (link: www.defendaseudinheiro.com.br/mitos-e-verdades-da-bolha-imobiliaria-parte-i), em que apresentei diversas evidências, nas mais diversas cidades do país, sobre super-oferta, quedas em lançamentos, vendas e preços, grandes construtoras abandonando mercados locais, etc., estarei divulgando esporadicamente as notícias que reforçam o quanto a bolha imobiliária está espalhada pelo Brasil.

    Iniciei com o post imediatamente anterior a este, com a notícia que em São Paulo, tivemos queda de aproximadamente 50% nas vendas de Fevereiro/2014 na comparação com mesmo mês de ano anterior. Agora é a vez de falarmos sobre Manaus, onde segundo informações de pesquisadores e de alguns profissionais do segmento imobiliário na região, teriam oferta de imóveis suficiente para cerca de 3 anos de vendas, falando exclusivamente sobre o que está em poder das próprias construtoras, sem contar o que se encontra em poder de investidores ou usados.

    Nesta mesma notícia, também temos a informação sobre a queda nos lançamentos e nos preços, além de algumas construtoras de grande porte que estariam abandonando a cidade, seguindo exatamente o mesmo script apresentado anteriormente quanto a cidades como Brasília, São José dos Campos, Curitiba e diversas outras, que possuem os links com notícias correspondentes no trabalho anterior (endereço acima).

    Segue o link com a notícia sobre Manaus:

    http://construcaomercado.pini.com.br/negocios-incorporacao-construcao/153/estoque-em-alta-provoca-queda-nos-lancamentos-e-nos-precos-310592-1.aspx

    Até o próximo post!