O que difere marketing multinível e pirâmide?
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O que difere marketing multinível e pirâmide?

11 de julho de 2016

O esquema de pirâmide é ilegal em vários países, assim como no Brasil, o qual vive há algum tempo devido a internet uma verdadeira epidemia de variantes deste golpe no mercado financeiro.

O Ministério Público brasileiro investiga várias empresas por supostamente promoverem o esquema. O caso mais notório é o da TelexFREE, que está com bens de seus sócios bloqueados pela Justiça. As empresas se defendem, dizendo que praticam marketing multinível, porém o que é isso, e por que é tão difícil diferenciá-lo de uma pirâmide?

Pirâmide de motoqueiros

Muitas empresas trabalham com um sistema em que produtos são repassados para vendedores que tem uma relação direta com um fornecedor central, como no caso da Natura, Avon, Jequiti, etc. As vendas diretas como um todo movimentaram 50 bilhões de reais em 2011, o equivalente a 0,75% do produto interno bruto do país, de acordo com a FGV (Fundação Getúlio Vargas). Mais de 4 milhões de brasileiros estão cadastrados como revendedores.

O marketing multinível é um modelo de venda direta que inclui também o recrutamento indireto de vendedores e participação nos resultados dos recrutados. Não há nada de ilegal nisso. O problema ocorre quando a rede é a própria sustentação do negócio, o que configura pirâmide – ilegal em vários países, inclusive no Brasil e nos Estados Unidos.

Definições

Em linhas gerais, pirâmide é um esquema de marketing multinível sem lastro real – quando o serviço ou produto oferecido ou não existe de fato ou não é a fonte principal dos recursos obtidos pela empresa.

“O marketing multinível estabelece relações contínuas de consumo com pessoas fora da estrutura. Na pirâmide, há um processo restrito aos indivíduos que estão dentro dela, e o que você está comercializando é a troca dos próprios recursos internos”, explica Silvio Laban, coordenador dos cursos de MBA do Insper e professor de marketing.

De acordo com material da Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas, a pirâmide também se caracteriza pela falta de treinamento para vendedores e ausência de continuidade nos processos. Ao contrário da venda direta legítima, quando há pagamento de impostos e a recompensa é proporcional ao esforço de cada um, na pirâmide ganha mais quem está no topo da hierarquia.

Como não há leis regulamentando a venda em rede no país, os associados da ABEVD se orientam por um código de ética próprio baseado no modelo mundial da World Federation of Direct Selling Association (WFDSA).

De acordo com a Comissão Federal de Comércio, agência do governo americano responsável por coibir práticas anticompetitivas e proteger o consumidor, “se o dinheiro é baseado em vendas para o público, pode ser um esquema de marketing multinível legítimo. Se o dinheiro é baseado no número de pessoas que você recruta e suas vendas para elas, então não: é um esquema de pirâmide”.

Há quem afirme que não existe modelo de marketing de multinível sustentável. Eles apontam números mostrando que a grande maioria dos revendedores nunca consegue lucrar de fato e argumentam que a internet teria tornado obsoleta a ideia de divulgar e distribuir um produto por esse sistema. Mas, pelo menos por enquanto, as agências regulatórias ainda usam a diferenciação.

História

Há controvérsias sobre quando surgiu o conceito de marketing multinível, mas seu primeiro empreendedor de destaque foi o americano Carl Rehnborg. Ele viveu na China nos anos 20, onde começou a formular suas ideias sobre a ligação entre nutrição e saúde, e quando voltou aos Estados Unidos, criou uma linha de suplementos nutricionais que batizou de Nutrilite.

Para vender seus produtos, ele formou uma rede de revendedores e entrou na mira da agência do governo americano responsável pela segurança da comida e de medicamentos, que o impediu de alardear curas milagrosas. Carl Rich DeVos e Jay Van Andel estavam distribuindo a marca havia 10 anos quando fundaram a Amway em 1959.

A empresa vende produtos da Nutrilite até hoje, apesar de ter diversificado seu portfólio para produtos de limpeza e beleza. Em 1979, a Comissão Federal de Comércio ordenou que a Amway parasse com a fixação de preços, mas concluiu que ela não promovia um esquema de pirâmide porque não cobrava taxa de entrada e exigia que os produtos fossem vendidos para consumidores finais e não só dentro da rede de revendedores.

Herbalife

Famosa pelo selo “Quer emagrecer? Pergunte-me como”, a Herbalife é outra empresa com décadas de história que continua tendo que justificar a validade do seu modelo de negócios.

A polêmica ressurgiu quando o bilionário Bill Akman iniciou uma campanha pública para provar que a empresa é uma pirâmide e levar o valor de suas ações a zero.

Outros investidores organizaram um contra-ataque e por enquanto, a empresa tem disparado na bolsa e não está sendo investigada. Por meio de sua assessoria, a Herbalife informa que é associada da ABEVD e que não há ganhos só com recrutamento: é preciso que a venda do produto efetivamente aconteça.

Se você está questionando se algum negócio que você conhece é uma pirâmide, vale responder este questionário. Na dúvida, basta uma regra simples: se parece bom demais para ser verdade, a chance maior é que seja mesmo.
exame.abril.com.br/negocios/noticias/enfim-o-que-difere-mesmo-marketing-multinivel-e-piramide

Até mais.

4 Comments

  • Reply bruno c r martins 17 de julho de 2016 at 15:45

    Bom dia a todos…

    Infelismente a satisfaçao de uns, são as insatisfações de outrora…

    Porem querem que a filisofia brasileira seja de apenas trabalhadores assalariados e não de empreendedores de sucesso…

  • Reply Carl 16 de julho de 2016 at 14:33

    Herbalife pagará US$ 200 milhões em investigação sobre práticas enganosas

    http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/07/1792036-herbalife-pagara-us-200-milhoes-em-investigacao-sobre-praticas-enganosas.shtml

  • Reply Vilmar 12 de julho de 2016 at 19:43

    07/07/2016 17h47 – Atualizado em 07/07/2016 17h47
    Perícia confirma que BBom praticava pirâmide financeira, diz MPF-GO
    Com base em laudo, órgão requisita ressarcimento e extinção da empresa.
    Documento é tido como prova ‘cabal’; organização ainda não se manifestou.

    http://g1.globo.com/goias/noticia/2016/07/pericia-confirma-que-bbom-praticava-piramide-financeira-diz-mpf-go.html

  • Reply Vilmar 11 de julho de 2016 at 19:13

    Boletim explica a diferença entre pirâmide financeira e marketing multinível — Ministério da Justiça e Cidadania

    http://www.justica.gov.br/noticias/boletim-explica-a-diferenca-entre-piramide-financeira-e-marketing-multinivel

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