Outra ótima fonte de estudo sobre o “Império-X”. O livro traça a ascensão e derrocada do Grupo EBX de Eike Batista.
De midas a motivo de chacota no mercado. Simplesmente incrível esta história. Vale muito a pena conferir.
247 LANÇA E-BOOK SOBRE ASCENSÃO E QUEDA DE EIKE
Leia também:
- Folha: Derrocada de um Midas: como Eike Batista se atolou em dívidas
- Vídeo: O que está acontecendo com as Empresas X?
- EBX deve muito e empresas lucram pouco
- A bolha EBX estourou?
- Por que as informações do Bastter ajudam o pequeno investidor?
- Como fazer o controle de risco
Até o próximo post.
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15h08- Lara Rizério
“Eike sabia estar patrocinando uma mentira”, diz escritora de livro sobre o empresário
Livro “Tudo ou Nada: Eike Batista e a verdadeira história do Grupo EBX”, de Malu Gaspar, conta a história do empresário desde a sua ascensão até a derrocada
SÃO PAULO – O empresário Eike Batista volta à cena, com o seu julgamento pelos crimes de insider trading e manipulação de mercado nesta semana, ao mesmo em que ele tenta se reeguer – pela terceira vez – no segmento farmacêutico.
Mas não é só por esses motivos que o antes homem mais rico do Brasil está em evidência. Nesta semana, está sendo lançado o livro Tudo ou Nada: Eike Batista e a verdadeira história do Grupo EBX, de Malu Gaspar, que conta a história do empresário em um momento bastante peculiar da vida dele. Malu é editora da revista Veja no Rio de Janeiro.
O livro, de 564 páginas, foi realizado com base em depoimentos inéditos, documentos e na experiência oriunda de oito anos de cobertura jornalística do grupo X e promete oferecer um um raio x da trajetória do empresário e das ações que o alçaram à posição de 7° homem mais rico do mundo, segundo a revista Forbes, e também das operações que o levaram à derrocada.
“Vi de muito perto o grupo X ascender ao topo do capitalismo brasileiro. Conheci seus executivos, acompanhei os momentos de tensão e glória, o surgimento das primeiras dificuldades. (…) Sempre me impressionou o tamanho da ambição e a grande quantidade de projetos e planos que suas empresas cultivavam, assim como a facilidade que tinha de convencer o mercado e o público sobre sua capacidade de executá-los. Soube, de início, mais por fontes de fora do grupo, que muitos não eram factíveis. Fiquei preocupada quando vi a bolha X se formando e logo passei a buscar as pistas de que ela estava prestes a estourar”, conta a autora.
No livro, Malu destaca ainda que a história de ascensão e da queda de Eike é a epítome de um período do capitalismo brasileiro.
E a jornalista ressalta que, com base no relato de episódios concretos e documentos, mostra-se que Eike Batista tinha ciência de estar divulgando dados “fantasiosos” sobre as suas empresas. “Deixo claro no livro que Eike sabia estar patrocinando uma mentira. O fato de ter ido à falência junto com suas empresas não o absolve, como ele costuma afirmar. Graças aos devaneios que vendeu ao mercado, ele se tornou o sétimo homem mais rico do mundo e passou a integrar a elite global dos negócios. Teve muitos lucros, colheu muitos louros e só quebrou de forma tão fragorosa porque, ao se julgar alguém iluminado e especial, cometeu erros demais”, conclui.
O livro mostra ainda como a personalidade peculiar de Eike Batista influenciava na tomada de importantes decisões. O empresário tem um grande carisma, capacidade de liderança e um talento especial para vender seus projetos, atrair pessoas e mobilizar recursos, afirma a autora. Mas, ao mesmo tempo, vive em conflito com seus executivos, colocando uns contra os outros, subestimando as dificuldades que encontrava e sempre foi incapaz de manter o foco num único projeto, por mais complexo que ele fosse.
m.infomoney.com.br/mercados/acoes-e-indices/noticia/3702166/eike-sabia-estar-patrocinando-uma-mentira-diz-escritora-livro-sobre
07/02/14 – 15h34 – João Sandrini
Repórter Felipe Moreno lança livro sobre Eike Batista
Eike – A Derrocada do Homem mais Rico do Brasil reconstitui a maior tragédia da história do mercado de capitais brasileiro
(SÃO PAULO) – A maior tragédia da história do mercado de capitais brasileiro acaba de ser reconstituída no livro Eike – A Derrocada do Homem mais Rico do Brasil (editora Matrix, R$ 27 pelo site flpmoreno.com.br), lançado nesta sexta-feira. Escrito pelo jornalista mineiro Felipe Moreno, que, como repórter de Mercados do InfoMoney, acompanhou de perto a ascensão e queda do grupo X, a obra conta a história das empresas do ex-bilionário Eike Batista com uma “visão 360 graus” – parafraseando expressão popularizada pelo próprio empresário. Moreno analisa a construção do mito, o contexto econômico que o produziu, os parceiros de peso, a chegada das empresas à Bolsa, as bravatas nunca cumpridas, as vítimas de seus fracassos e, finalmente, o colapso. A narrativa precisa e o tom crítico ajudarão a perpetuar a história triste que empobreceu milhares de brasileiros e contribui para o amadurecimento do mercado financeiro. Leia a seguir um resumo dos principais pontos defendidos pelo jornalista:
O mito
Eike é mostrado como a pessoa que ganhou mais dinheiro com o PowerPoint no mundo – “mais até do que Bill Gates”. O ex-bilionário foi um vendedor nato de sonhos, capaz de captar bilhões de reais na Bolsa para investir em empresas que levariam muitos anos para começar a gerar caixa. A confiança que os investidores depositaram em Eike ajudou a construir sua fama de “Midas brasileiro” e até a lenda urbana de que ele teria o mapa brasileiro do minério e do petróleo na cabeça. Era um gênio empreendedor que não tinha vergonha de sua riqueza. O único brasileiro a ocupar uma das 10 primeiras posições no ranking dos maiores bilionários do mundo. O futuro homem mais rico do mundo, que só não sabia se ultrapassaria Carlos Slim “pela esquerda ou pela direta”. O sócio que qualquer um queria ter. O líder que enriqueceria seus seguidores.
O contexto que produziu esse mito
Eike foi um fenômeno da era de ouro das commodities. Era o Brasil do Cristo Redentor transformado em foguete na capa da revista Economist, da conquista do “investment grade”, do dólar que só caía, da febre dos IPOs na Bolsa, da aparente segurança com as regras do Novo Mercado, da elevada liquidez internacional, do deslumbramento dos estrangeiros com o Brasil. Se tivesse surgido em meio ao cenário econômico atual, Eike não teria uma pequena fração da projeção que conquistou na década passada.
As empresas
Em 2006, a MMX, primeira empresa de Eike a abrir capital, conseguiu levantar R$ 1,1 bilhão com sua oferta de ações. Era a miniVale. Um ano depois, veio o IPO da MPX, que arrecadou R$ 2 bilhões. Em 2008, chegou ao mercado o que deveria ser a joia da coroa do grupo X: a OGX, que captou R$ 6,7 bilhões. Era a miniPetrobras. Logo depois fez a cisão da MMX, dando origem à LLX, que seria a Roterdã dos trópicos. Outra cisão da MMX criou a IronX, que ajudou a torná-lo mítico no mercado, uma vez que a empresa foi vendida para a Anglo American por R$ 5,4 bilhões. Como Eike havia pagado muito menos pelas minas, a notícia foi encarada como a prova definitiva de seu toque de Midas. Em 2010, Eike trouxe à bolsa a OSX, levantando mais R$ 2,45 bilhões. Era a Embraer dos mares. Ainda chegariam à Bolsa a PortX (incorporada posteriormente pela MMX) e a CCX. Sua fortuna alcançou US$ 30 bilhões com esses IPOs, mas poucos se questionaram até que ponto essa montanha de dinheiro seria real.
As quase empresas
Além de todos esses empreendimentos, Eike ainda prometeu construir uma montadora nacional de carros. Tentou entrar no bloco de controle da Vale. Estudou comprar o SBT do apresentador Silvio Santos. O suntuoso hotel Glória foi uma grande promessa, mas nunca saiu do papel e acabou vendido. O barco Pink Fleet rendeu fotos em todas as revistas de celebridade, mas virou sucata.
As bravatas
O ex-bilionário era uma máquina de fazer promessas. Disse que tinha US$ 1 trilhão em petróleo na OGX. Declarou que as reservas provadas da OGX alcançavam 10 bilhões de barris, quando na verdade eram muito menores. Divulgou fatos relevantes em série sobre supostas descobertas que nunca se provaram. “Minhas empresas são à prova de idiotas”, afirmou certa vez. “Quem apostar na queda das minhas ações será pego de calças curtas”, escreveu em outra oportunidade em seu perfil no Twitter. Seu livro se tornou best-seller imediatamente. Deu entrevista para o Fantástico. Exibiu carrões. Exibiu mansões. Exibiu uma frota de jatos. Exibiu mulheres. Posou ao lado de celebridades, de Madonna a Lula. Tornou-se, talvez, o brasileiro mais invejado de sua época.
Os sócios ou credores
Eike teve como parceiros em seus projetos gente muito graúda como a General Eletric, a BP, o Mubadala, o BNDES, o BTG Pactual, o Bradesco, o Itaú, a Caixa, o banco Votorantim, o Santander, a BlackRock, a Pimco, o Ontario Teachers Pension Plan. Difícil acreditar que todo esse grupo de instituições, com executivos tão experientes, estivessem errados em aprovar a liberação de uma mantenha de dinheiro para o empresário. Mas todos erraram.
As vítimas
O investidor brasileiro médio é típico de manada. É o cara que comprou um imóvel ou um fundo imobiliário em 2013. É quem entrou na capitalização da Petrobras em 2010. É o cara que entrou com tudo na Bovespa no início de 2008. É quem comprou dólar no pico de R$ 4, logo antes da eleição de 2002. É o cara que sempre investiu na poupança, mas que só resolveu diversificar porque recebeu uma dica ou porque ouviu um amigo contar vantagem que estava ganhando muito dinheiro sem trabalhar com alguma aplicação financeira. É quem acha chato demais se informar sobre a economia. Sem considerar fundos passivos, mais de 50 mil brasileiros investiram dinheiro na OGX sem saber quase nada sobre os riscos de uma empresa de petróleo, sem entender a dinâmica de uma empresa pré-operacional, sem estar preparados para enfrentar as armadilhas da Bolsa. São pessoas que acreditaram em opiniões de analistas pouco preparados ou muitas vezes enviesados. São pessoas que, salvo exceções, não foram devidamente avisadas pelos jornalistas da área. Gente que vislumbrou a possibilidade de ficar rico de uma hora para outra sem analisar os riscos de empobrecer ainda mais. Em suma, presas fáceis a serem fisgadas por algum espertalhão.
2013: o colapso
Talvez só tenhamos começado a conhecer um pouco do verdadeiro Eike Batista em 2013. P ex-bilionário vendeu ações da OGX 15 dias antes de anunciar ao mercado que a OGX abandonaria quatro de seus principais campos de petróleo. Segundo matéria publicada pela Folha, ele já sabia desde 2012 que não havia óleo viável ali. Depois passou a fazer de tudo para não honrar a put (opção de venda) de US$ 1 bilhão, dinheiro que havia se comprometido por escrito a colocar na OGX caso a empresa necessitasse de caixa para dar continuidade a seus projetos. Demitiu executivos em série. Demitiu centenas de pessoas. Não pagou o aluguel do prédio onde ficava a EBX. Deixou dezenas de fornecedores na mão. Deu um calote bilionário nos credores. Vendeu empresas às pressas sem se importar muito com os sócios minoritários. Foi acusado por mentir ao mercado e por insider information. Nunca pediu desculpas. Preferiu apontar o dedo para aqueles que o assessoraram no passado, que o teriam enganado.
Confira a capa do livro:
m.infomoney.com.br/blogs/blog-da-redacao/noticia/3183787/reporter-felipe-moreno-lanca-livro-sobre-eike-batista
aiaiaiaiaiai, eu si divirto aahuuhauha
Justiça barra leilão de “tranqueiras” de Eike após ágio de mais de 400% – InfoMoney
http://www.infomoney.com.br/minhas-financas/consumo/noticia/3242923/justica-barra-leilao-tranqueiras-eike-apos-agio-mais-400
O Chefe – O Livro Proibido Sobre Lula
Nos dois governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, diversos casos de corrupção sacudiram o País. O mais grave ficou conhecido como escândalo do mensalão. Dirigentes do PT foram denunciados por montar uma organização criminosa. Lula tratou de abafar investigações e proteger correligionários e aliados.
http://www.escandalodomensalao.com.br
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A história da ascensão e queda da LTCM
Excelente documentário da BBC. Explora a história da criação da fórmula de Black & Scholes de precificação de opções, com a participação dos próprios protagonistas, Myron Scholes e Robert Merton, e outros famosos acadêmicos das universidades de Harvard, Stanford, Columbia e MIT.
Este filme conta como foi concebida a formula e sua posterior utilização com a estratégia de dynamic hedging na criação do fundo de hedge LTCM – Long Term Capital Management, que após sucesso inicial, quebrou e precisou ser resgatado pelo FED para não mergulhar o sistema financeiro mundial numa grave crise.
http://vimeo.com/20604405
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Para complementar o documentário segue a indicação de um livro que é considerado um clássico da literatura financeira e que conta a história da LTCM.
Titulo: Quando os Gênios Falham
Autor: Roger Lowenstein
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Sinopse:
Em “Quando os Gênios Falham”, Roger Lowenstein, renomado jornalista de finanças e investimentos, conta, com uma riqueza de detalhes impressionante, a trajetória da gestora de recursos Long-Term Capital Management (LTCM). Saudada como o mais impressionante hedge fund da história em 1993, liderada pelo notável e bem-sucedido especialista em arbitragem John Meriwether, a LTCM gabava-se por ter nos seus quadros dois prêmios Nobel de Economia, a elite dos traders de Wall Street e a nata dos acadêmicos de finanças e matemática das melhores universidades norte-americanas. Porém, após quatro anos, nos quais a LTCM fascinou Wall Street graças ao patrimônio de US$ 100 bilhões sob sua gestão, de repente, sofreu fortes perdas que prejudicaram não apenas os maiores bancos de Wall Street, mas também a estabilidade do próprio sistema financeiro como um todo. Hoje, a Long-Term é sinônimo de desastre financeiro.
Baseado nas memórias e entrevistas com pessoas-chave que tiveram relação com a LTCM, o autor não se limita a narrar como o fundo fez e perdeu dinheiro. Ele relata também como a personalidade dos sócios da Long-Term, a arrogância das suas certezas matemáticas e o ambiente do mercado financeiro dos EUA nos anos 1990 contribuíram para a sua ascensão e queda. Drama de proporções épicas, esta é uma história real de como a confiança irrestrita nas análises quantitativas e a crença de que o mercado é previsível e passível de controle podem provocar graves tragédias financeiras.
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forum.infomoney.com.br/viewtopic.php?f=15&t=11992&p=2114355#p2114355
OGX, de Eike Batista, dá calote de US$ 45 milhões em credores
Petroleira de Eike Batista tem 30 dias antes para adotar medidas necessárias sem que seja caracterizado o vencimento antecipado da dívida
10h04 | 01-10-2013 | Atualizada às 10h18
SÃO PAULO – A principal preocupação dos investidores da OGX Petróleo (OGXP3) veio à tona na manhã desta terça-feira (1). A petroleira de Eike Batista anunciou, por meio de comunicado enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que não vai pagar as obrigações com seus credores.
Com isso, a empresa deixou de pagar parcelas referentes os juros, no valor aproximado de US$ 45 milhões, decorrentes dos bônus emitidos pela OGX Austria, controlada da companhia, que venceriam hoje.
A empresa, segundo as cláusulas que regem a referidas notas, possui 30 dias para adotar as medidas necessárias sem que seja caracterizado o vencimento antecipado da dívida. A expectativa do mercado é que a companhia entre com pedido de recuperação judicial.
OGX não vai pagar juros dos bônus de US$ 45 milhões que venceriam hoje (Divulgação OGX)
Em comunicado, a OGX informou que contratou como assessores os bancos de investimentos Lazard e o Blackstone para coordenar as discussões com os diversos stakeholders envolvidos no processo, dentre eles, os detentores das notas sêniores emitidas pela OGX Austria.
Os papéis da OGX operam próximos a estabilidade nesta terça-feira e eram cotados às 10h18 (horário de Brasília) a R$ 0,21. Já os papéis da OSX Brasil (OSXB3) registravam no mesmo horário queda de 3,39%, a R$ 0,57.
infomoney.com.br/ogxpetroleo/noticia/2985478/ogx-eike-batista-calote-milhoes-credores
E o Eike não é o único culpado do fracasso das X não.
A mídia o usa como mote, pois bancos brasileiros, bancos estrangeiros, governo, investidores daqui e de fora, grandes ou pequenos, maioria escondeu os reais riscos do grupo EBX, pois todos apostavam que daria certo, apostaram junto com Eike, esqueceram de mensurar melhor os riscos, aí deu no que deu.
Agora todos perdem junto, não só o Eike. Dizer que só ele é o vilão da história é injusto, mas vende muita notícia, o mercado não é justo.
“A grande vítima é o pequeno investidor”, diz autor de novo livro sobre Eike
O jornalista Leonardo Attuch, que entrevistou Eike várias vezes, diz que o empresário contou com a condescendência da CVM, do governo e da mídia para criar uma bolha gigantesca
10h16 | 22-07-2013
(SÃO PAULO) – A história da ascensão monumental seguida pela impressionante queda do bilionário Eike Batista é o tema do recém-lançado e-book “Eike: o homem que vendia terrenos na Lua” (Editora 247, 133 páginas, US$ 9,90 na Amazon). Escrito pelo ex-editor da revista IstoÉ Dinheiro e diretor do site Brasil 247, o jornalista Leonardo Attuch, o livro compara Eike a Ícaro, o personagem da mitologia grega que pretendia voar até o sol, mas viu suas asas se derreterem antes de realizar o sonho. Attuch diz que Eike contou com a condescendência da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), dos analistas, da mídia e dos governos para criar uma das maiores bolhas individuais da história mundial. Em entrevista ao InfoMoney, ele diz que o grande perdedor de toda essa história é o pequeno investidor, que confiou nas promessas do bilionário e perdeu boa parte do patrimônio. Leia a seguir os principais trechos da entrevista:
A MAIOR DAS BOLHAS
O Eike é o retrato de uma bolha individual criada por ele mesmo em um momento em que o Brasil se beneficiava muito do superciclo das commodities. Nunca antes na história desse país alguém conseguiu captar tanto dinheiro e entregar tão pouco. Os ativos hoje são muito frágeis apesar de todo o dinheiro investido. A única empresa saudável é a MPX.
Leonardo Attuch, diretor do site Brasil 247: nunca ninguém prometeu tanto e entregou tão pouco quanto Eike
OS PERDEDORES
A linguagem inadequada para o mercado de capitais usada por Eike ajudou a atrair investidores inexperientes. Ele dizia que descobriu “meia Bolívia” em gás no Maranhão, que criaria a “Embraer dos mares” [a OSX] e a “Roterdã dos trópicos” [a LLX]. As mensagens que ele colocava no Twitter chegavam bem perto de recomendações de compra das ações. O bilionário foi no “Fantástico” e lançou um livro de autoajuda. Essa linguagem muito eufórica merecia reparos da CVM. No artigo publicado na última sexta-feira no “Valor”, ele se disse iludido pelos funcionários, afirmou que se pudesse voltar atrás não teria vendido ações das empresas na bolsa. Mas ele abriu o capital. Então deveria ter moderação nos comentários. A grande vítima é o pequeno investidor. Alguns fundos ganharam muito dinheiro no começo, quando as ações subiram. Depois houve fundos que lucraram na baixa porque souberam se posicionar vendidos.
OS CREDORES
O BNDES deu a entender que, ao decidir conceder tanto dinheiro ao Eike, ele errou junto com todo o sistema financeiro brasileiro. Mas o Banco do Brasil não emprestou dinheiro para o Eike. Falei com um diretor de lá e o cara me disse que não queria o risco de dar crédito para alguém com base em promessas. Agora imagine a pressão política que deve ter havido sobre o BB. Eles resistiram. Não sei como Eike vai pagar todos os credores como vem prometendo. Além dos ativos das empresas, deve haver alguns bens pessoais em garantia dos empréstimos. Então os bancos vão para cima do patrimônio dele. Não acho que os bancos são os maiores perdedores porque a dívida não é monstruosa em relação à carteira total de crédito. Parece que é o BTG Pactual quem tem a maior exposição em relação à carteira total. Mas também parece que as dívidas com o BTG têm como garantia principalmente a MPX. Aí tudo bem porque tem ativo para cobrir. Agora pode haver uma contração no mercado de crédito para todas as empresas brasileiras se os bancos saírem dessa menos capitalizados. Outro impacto negativo do colapso de Eike poderá ser visto no próximo leilão de petróleo que a ANP vai realizar neste ano. Se não atrair investidores, será uma herança negativa para o país.
A RELAÇÃO COM OS POLÍTICOS
O personagem era muito forte, era um dos homens mais ricos do mundo. Então os governantes queriam se aproximar dele. O Flávio Godinho, diretor de relações institucionais da EBX, era muito esperto e construiu esses relacionamentos. Eike foi um grande doador de campanhas do José Sarney [senador pelo PMDB-AP e ex-presidente do Senado] e de sua filha Roseana [PMDB]. Não foi à toa. A MMX nasce no sistema Amapá, um feudo político de Sarney. A relação mais forte, no entanto, é com o governador Sérgio Cabral [PMDB-RJ]. Ele emprestava avião ao governador ao mesmo tempo em que conseguia isenções tributárias do Rio para a EBX. Ele também cativou o [ex-governador e hoje senador] Aécio Neves [PSDB-MG] porque a MMX tinha minas no Estado. Eike chegou a financiar um museu de mineração em Belo Horizonte. E também tinha uma relação muito forte com o PT e cativou as forças mais influentes do partido. Eike foi o maior patrocinador do filme “Lula, o Filho do Brasil”. Depois ele comprou um terno do ex-presidente em um leilão por R$ 500 mil. Ele sempre buscou agradar o chefe da vez. Também tinha relações nos escalões inferiores do governo e no BNDES. Acho que ele fez o que todos os empresários fazem. Se o PSDB estivesse no governo, teria sido cativado igualzinho. É verdade que Dilma manteve uma distância bem maior. Ela chegou a ir nas empresas do Eike como presidente, mas não vejo a mesma proximidade como de outros governos até pelo perfil da pessoa, ela sempre foi mais comedida que o antecessor. Mas vale lembrar que não houve grande pressão sobre a Petrobras agora para salvar o grupo X.
A CVM LAVA AS MÃOS
A CVM fechou os olhos. Era um ambiente que qualquer coisa valia muito dinheiro por causa de euforia com a China e as commodities. O Eike fez a operação com a Anglo American [venda de parte dos ativos da MMX] que ajudou a criar a percepção de que ele era um Midas. Ele diz que também teve a chance de vender uma parte da OGX em uma operação que avaliaria a empresa como um todo em US$ 30 bilhões. Não sei se chegaram a fazer uma oferta firme pelos ativos, mas seria um grande erro de avaliação ter rejeitado tal oferta. Mesmo com a deterioração do cenário externo, ele continuava a vender suas empresas com todo o otimismo. Falei uma vez com o Eike sobre a LLX e ele me mostrou um mapa em que dizia que as maiores empresas brasileiras já haviam decidido se instalar no Porto de Açu. Ele dizia que grandes empresas como a Fiat já estavam fechadas. Eu perguntava se a Fiat iria mesmo para lá e ele dizia que sim. Ele vendia possibilidade como certeza. Empresa dá “guidance” ao mercado e pode mentir um pouquinho. Mas não pode mentir tanto quanto ele mentiu.
A CONDESCEDÊNCIA DA MÍDIA
Discuto muito no livro o papel da imprensa na criação dessa bolha. Eike se vendeu como um Midas e as pessoas compraram também pela quantidade de capas de revistas dedicadas a ele. Cabia à imprensa e aos reguladores não permitir que essa venda fosse tão ilusória quanto foi. Quando trabalhava na IstoÉ Dinheiro, fiz uma capa com o Eike sobre o leilão da ANP de 2007 em que ele pagou R$ 1,5 bilhão por vários blocos. Ele pagou ágios enormes em que não havia concorrência nenhuma. Fiz uma capa questionando: “O que Eike está enxergando?”. Quando o entrevistei, ele disse que petróleo é como eleição, você só vai saber o que tem na urna depois que ela é aberta. Mas se é questão de sorte, perguntei por que ele havia colocado tanto dinheiro. Ele disse que confiou na equipe dele, que considerava bons blocos a serem explorados. Ele tentava transmitir a sensação de que tinha informações que o mercado não tinha. É justo lembrar que os prospectos para a abertura de capital de suas empresas explicavam em detalhes todos esses fatores de risco. Estava escrito ali que tudo podia dar em nada, mas me parece que as pessoas não se atentaram a isso. Fiz várias outras reportagens sobre Eike nos anos seguintes e acho que não me deixei contaminar.
FUTURO DE EIKE
O que acho que vai acontecer? Acho que agora é momento da reestruturação das dívidas. Vai ter um longo processo de liquidação. A OSX vai ser liquidada e tende a desaparecer. A OGX pode ser vendida em partes, o que prestar encontrará um comprador. A MMX não vingou ainda, tem prejuízo, o sistema Minas-Rio não se provou. O porto de Açu, da LLX, é uma grande fraude, não vai ter a “Roterdã dos trópicos”. Acho que ele vai ser alvo de ações coletivas de investidores. Acho que pode responder criminalmente pelo que prometeu, já que a realidade é muito diferente dos fatos relevantes divulgados. Não sei se pode ir preso, a Justiça é imprevisível. Mas acho que deve sobrar algo da fortuna porque um empresário sempre protege o próprio patrimônio.
infomoney.com.br/blogs/blog-da-redacao/post/2875039/grande-vitima-pequeno-investidor-diz-autor-novo-livro-sobre-eike
eike batista virou milionário