Razões para o “pibinho” brasileiro
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Razões para o "pibinho" brasileiro

29 de março de 2013

Segue um texto excelente de um economista de renome internacional onde se vê de forma clara várias razões para termos este quadro de crescimento pífio da economia brasileira aliado à alta inflação.

A equipe econômica atual tentou aplicar a mesma fórmula de incentivo ao consumo do governo anterior, mas não surtiu efeito. Muito pelo contrário o que mais tem demonstrado os números é um possível quadro de estagflação.

A oposição, os liberais, os capitalistas e todos aqueles que querem um Estado menor na economia agradecem todas as trapalhadas do desgoverno, as quais podem representar uma oportunidade de renovação para o país com o surgimento de lideranças que façam as reformas necessárias para destravar a economia brasileira.

O Brasil não se pode dar ao luxo de perder mais de 20 anos de estabilidade econômica por mero capricho de medidas equivocadas e falta de reformas estruturais.
Acorda Brasil!!!

 

06/03/2013 – 03h00
A razão do “pibinho”

Não é a crise internacional. Se fosse, o “pibinho” não seria uma exclusividade nacional, mas compartilhado com vários outros países, em particular os mais parecidos conosco, seja geograficamente, seja pela composição das exportações (a predominância de commodities) ou ainda pela renda per capita.

Sob qualquer perspectiva, porém, o Brasil se destacou negativamente em termos de crescimento no ano passado, indicando que, ao contrário da alegação do ministro da Fazenda, nosso desempenho ruim tem origens domésticas.

Na verdade, a crise externa, mais que uma desculpa, foi também diagnóstico. As medidas de política econômica adotadas desde meados de 2011 seguiram um desenho semelhante àquelas utilizadas no período que se seguiu à grande crise financeira de 2008-2009. Da mesma forma que se costuma dizer que os generais lutam sempre a última guerra, nossos gestores de política econômica parecem estar ainda enfrentando aquela crise.

Para quem não se lembra, o BC iniciou seu ciclo de afrouxamento monetário argumentando que a crise teria um impacto equivalente a um quarto do observado em 2009, o que faria a inflação convergir à meta no ano passado, um equívoco exposto por uma taxa inflacionária que teima em se desviar dela.

Da mesma forma, o Ministério da Fazenda retomou as medidas de desoneração tributária e colocou os bancos públicos na linha de frente de financiamento ao consumo.

Adicionalmente, elevou o gasto público, apesar das juras de que cumpriria fielmente a meta fiscal e, no final do ano, usou e abusou da contabilidade criativa para tentar esconder o que ficou à plena vista: que não chegou perto do que havia prometido.

Em outras palavras, seguiu um roteiro muito parecido ao adotado em 2009: juros em queda, bancos públicos expandindo o crédito, gasto governamental em alta.

Essa combinação funcionou bem àquela época, mas, como se vê pelo “pibinho”, fracassou espetacularmente no ano passado.

O fiasco é resultado do diagnóstico equivocado. O governo viu a desaceleração da economia como um fenômeno cíclico, induzido pela crise externa, quando as raízes são, na verdade, mais profundas e locais.

Ao contrário de 2009, não se observa no país uma situação de folga do ponto de vista de recursos produtivos. Nem o desemprego é alto (muito pelo contrário), nem os níveis de ocupação de capacidade instalada na indústria são anormalmente baixos.

Assim, enquanto uma política de incentivo ao consumo àquela época tinha grande chance de reativar (como reativou) a economia, a mesma política, sob condições distintas, falhou visivelmente.

Crescemos nos últimos anos com base na expansão do consumo e na ocupação da mão de obra desempregada, com pouca ênfase no investimento e na expansão da produtividade. Funcionou a contento enquanto havia mão de obra disponível, mas isso acabou à medida que a economia se aproximou do pleno emprego.

A desaceleração do crescimento não é, portanto, um fenômeno cíclico, mas o sintoma de esgotamento de um modelo que, a bem da verdade, não poderia ser sustentado indefinidamente, mas foi tratado como se pudesse.

Baseado nessa crença, o país não se preparou para o que viria depois do binômio “consumo e emprego”.

Em particular, o abandono das reformas, assim como a relutância em transferir ao setor privado responsabilidades pela infraestrutura, estão por trás tanto do fraco investimento quanto do crescimento medíocre da produtividade.

Assim, para o crescimento continuar ao ritmo observado entre 2004 e 2010, será necessário mudar os incentivos do consumo para o investimento.

Isso, porém, fere interesses já enraizados no país, assim como o padrão de política econômica que se cristalizou no período, sublinhando as dificuldades para operar a mudança.

Cresceremos em 2013 mais do que no ano passado, mas nem perto daquilo que foi um dia o objetivo do governo.

Alexandre Schwartsman, formado em administração pela FGV-SP e em economia pela USP, é doutor em economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley). Ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central e sócio-diretor da Schwartsman & Associados Consultoria Econômica, é também professor do Insper. Escreve às quartas, semanalmente, no caderno ‘Mercado’.
alexandre.schwartsman@hotmail.com
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/alexandreschwartsman/1241368-a-razao-do-pibinho.shtml

 

Leia também:

Até o próximo post.

3 Comments

  • Reply Vilmar 8 de outubro de 2013 at 14:04

    PANORAMA
    FMI reduz PIB do Brasil para 2014 e diz que será o pior dos emergentes

    http://www.infomoney.com.br/mercados/noticia/2995677/fmi-reduz-pib-brasil-para-2014-diz-que-sera-pior

  • Reply Vilmar 12 de setembro de 2013 at 17:25

    Agropecuária deverá gerar um terço do PIB de 2013
    Alta no trimestre faz mercado rever para cima projeção do PIB brasileiro

    http://www.em.com.br/app/noticia/economia/2013/09/03/internas_economia,443701/agropecuaria-devera-gerar-um-terco-do-pib-de-2013.shtml

  • Reply Vilmar 2 de abril de 2013 at 11:48

    ARTIGOS
    Mercado projeta crescimento do PIB em 3,01% neste ano
    Por Enfoque em segunda-feira, 1 de abril de 2013 – 09:11

    (Ag. Brasil) – Analistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central (BC) ajustaram a projeção para o crescimento da economia este ano. A estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, passou de 3% para 3,01%.

    A projeção ficou um pouco mais próxima da estimativa do BC (3,1%), spanulgada na última quinta-feira (28). A previsão do BC está 2,2 pontos percentuais acima da expansão observada no ano passado (0,9%).

    A estimativa para a expansão da produção industrial passou de 3% para 3,12%, este ano, e permanece em 3,95%, em 2014.

    A projeção das instituições financeiras para a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB continua em 34,5%, este ano, e passou de 33,2% para 33,1%, no próximo ano.

    A expectativa para a cotação do dólar foi mantida em R$ 2 para o final deste ano e em R$ 2,05, ao fim de 2014.

    A previsão para o superávit comercial (saldo positivo de exportações menos importações) passou de US$ 13 bilhões para US$ 12,4 bilhões, neste ano, e de US$ 13,3 bilhões para US$ 12,65 bilhões, em 2014.

    Para o déficit em transações correntes (registro das transações de compra e venda de mercadorias e serviços do Brasil com o exterior), a estimativa foi ajustada de US$ 65 bilhões para US$ 65,8 bilhões, em 2013, e de US$ 70,5 bilhões para US$ 70,67 bilhões, em 2014.

    A expectativa para o investimento estrangeiro direto (recursos que vão para o setor produtivo do país) foi mantida em US$ 60 bilhões tanto para 2013 quanto para o próximo ano.

    (por Alicia González)

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