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    O verdadeiro motivo que mantém mulheres longe dos investimentos

    9 de março de 2018

    Menos acesso a renda significa menos disponibilidade para aplicar; mas existem outras nuances

    Fayga Czerniakowski Delbem é gestora de investimento, tirou o certificado CFA, entre os mais difíceis da categoria mundialmente, diretamente após se formar na faculdade e completou um mestrado em Economia e Finanças pela FGV que a garantiu o prêmio Prêmio CFA society Brazil de Inovação Financeira pela monografia “Impacto do benefício fiscal no apreçamento das debêntures de infraestrutura”. Isabela Guarino é economista-chefe da XP Gestão, parte do grupo XP, detentor da maior corretora de investimentos do Brasil. Graduada e mestre pela PUC, trabalha desde cedo na área que mais a encanta: economia pura.
    Em comum, ambas têm o que pouquíssimas mulheres, no Brasil e no mundo, dividem: uma carreira dentro do universo dos investimentos e, até mesmo, uma carteira de investimentos para chamar de “minha”. As duas também sabem os motivos que as mantêm como exceções – e as potenciais soluções.

    Dados mais recentes do Tesouro brasileiro mostram que apenas 25,2% das pessoas que investem em Tesouro Direto atualmente são mulheres. Na bolsa de valores, a B3, o número é ainda menor: 11,08%. Segundo o IBGE, a população feminina é maior que a masculina no país, quase 52%.Os motivos que levam a essa discrepância não são segredo, embora ainda sejam tabu: mulheres ainda possuem menos acesso ao dinheiro que os homens.

    Segundo pesquisa da Catho publicada em 2 de março, os salários de mulheres chegam a ser 38% menores ocupando exatamente as mesmas funções que colegas homens. Mulheres com o mesmo nível de escolaridade podem receber até 43,5% a menos – e, em todos os níveis de escolaridade pesquisados, o salário das pessoas do gênero masculino são maiores. Resumidamente: investe mais quem tem maior disponibilidade de recursos. Mas não só.

    “A mulher demorou mais para entrar no mercado de trabalho, então ainda tem menos acesso ao dinheiro”, aponta Isabela. Ela acredita que, a partir do momento que as mulheres passem a receber salários mais altos e ocupar mais cargos no topo da hierarquia, investir melhor deve ser um caminho natural.

    Fayga, por sua vez, vislumbra outros agravantes. “Acho que somos a segunda ou a terceira geração de mulheres trabalhando. Nossas avós não trabalhavam”, concorda com Isabela, mas complementa: “trabalhando com investimentos e olhando as pesquisas a gente vê que mulheres associam riqueza a segurança, e homens a sucesso e poder. Acho que esse é um comportamento cultural, onde a mulher é um pouco mais insegura que o homem”.

    Essa insegurança pode impedir o desprendimento necessário para aplicar o dinheiro em produtos mais rentáveis ou de mais longo prazo – ou apenas atrasar esses investimentos. “Elas estudam muito mais antes de investir de fato”.

    Por outro lado, a ausência de profissionais mulheres em empresas de investimento também pode afastar. “A maioria dos gestores no mercado são homens. Talvez uma forma de estimular [a participação feminina] seria colocar uma interação mais equilibrada. Mulher oferecendo produto para outra mulher, identificação gera fidelização”, associa.

    Otimismo

    Apesar de parecer uma realidade distante, a participação relevante da mulher no universo do investimento é uma esperança compartilhada pelas duas profissionais da área. Isabela acredita que, cada vez mais, a única coisa que separa mulheres de cargos em bancos e corretoras é o interesse pela área. “Nunca senti preconceito, sempre me vi em um ambiente em que me sinto confortável”, diz.

    Para Fayga, o passado e o presente estão começando a escrever um futuro mais equilibrado. “Em 10 anos, o número de mulheres na bolsa passou de 16% para mais de 20%”, exemplifica. “Quando a gente olha número de empresas administradas por mulheres, e percebe que estão gerando mais resultado e mais emprego, isso também contribui”, diz a CFA, relembrando pesquisas que demonstram resultados, inclusive financeiros, para empresas com quadros de liderança mais diversos.

    De uma coisa, ambas estão seguras: não há porque temer um investimento acompanhado por profissionais confiáveis. “O importante é ter ajuda para identificar seu perfil e aplicar”, dizem. “Seja homem ou mulher.
    fonte de consulta: infomoney.com.br/minhas-financas/planeje-suas-financas/noticia/7324215/verdadeiro-motivo-que-mantem-mulheres-longe-dos-investimentos-segundo-profissionais

    Até mais.