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    Sardinhas estão de volta à Bolsa de Valores

    4 de agosto de 2016

    Para quem não sabe, os sardinhas da bolsa de valores são os pequenos investidores, ao contrário dos grandes investidores que são conhecidos como tubarões.

    Após a presidenta ser afastada, a bolsa não para de subir e o número de CPFs cadastrados ou reativados nas corretoras segue em pleno crescimento. Quem sabe um dia não chegue nos 5 milhões de investidores prometidos anos atrás pelo Edemir Pinto (presidente da BM&FBOVESPA)…

    Confira o que saiu no jornal Valor Econômico:

    Pessoa física volta à bolsa e participação chega perto de 20%

    A pessoa física começa a voltar ao mercado acionário. Com a recente escalada da bolsa brasileira, que
    levou o Ibovespa a subir mais de 30% neste ano, a participação do investidor individual no volume
    negociado no segmento de ações da BM&FBovespa atingiu 19,6% no fim de julho, parcela que não se via
    desde meados de 2012. Em dezembro, a fatia era de 11,9%. O maior interesse se reflete na busca pelos
    serviços de home broker, de negociação de ativos pela internet, e tem mobilizado corretoras e
    plataformas de investimentos.

    Casas consultadas pelo Valor relatam um aumento significativo no número de cadastros novos ou reativação de clientes antigos que passaram os últimos anos longe da bolsa. No total, a BM&FBovespa contabilizava ao fim de junho 559,5 mil CPFs cadastrados, ante 610,9 mil no auge em 2010. A Clear, ligada à XP Investimentos, que abria em média de 3 mil a 4 mil contas por mês, em julho cadastrou ou reativou 8 mil investidores. Na Rico, criada a partir da venda da Link para o UBS, que cadastra em média 7 mil clientes mensalmente, 30% dos investidores agregados à base mostram interesse pela bolsa. Até março, 95% pretendiam aplicar em títulos públicos no Tesouro Direto ou outros ativos de renda fixa. No Modalmais, do Banco Modal, vêm sendo abertas 200 contas por dia e a base já superou as 8 mil contas, quando a meta para o ano era chegar a um total de 2 mil. E a própria XP, líder no segmento de varejo pelos rankings do próprio mercado, tem hoje R$ 9,2 bilhões em volume custodiado na Bovespa, com crescimento de 85% neste ano. Em quantidade de clientes, a expansão foi de 20%, para 58 mil.

    Mesmo quem acabou de estrear nessa seara vem capitalizando bons números. A Nova Futura investiu nos últimos anos R$ 18 milhões para replicar, para pessoas físicas, uma fração da sua estrutura tecnológica que atende o investidor institucional local e estrangeiro. Lançou a plataforma de home broker NewF há quatro meses, faz até 80 cadastros por dia e contabiliza uma base de 3,5 mil clientes – soma que inclui 1,1 mil contas obtidas com a aquisição recente da PAX Corretora, do grupo de farmácias Pague Menos, do Ceará, com R$ 230 milhões custodiados.”Havia um vácuo no varejo com muitos home brokers fechando, outras casas desistindo, então foi uma oportunidade para entrar no negócio”, diz André Ferreira, sócio-diretor da Nova Futura, uma das corretoras fundadoras da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F).

    Quem permaneceu no mercado nos anos de baixa da bolsa, período de consolidação e que expulsou nomes tradicionais do mercado, teve que se reiventar. Passou a oferecer ativos de renda fixa e a fortalecer a base tecnológica. É o caso da Rico, que em cinco anos investiu cerca de R$ 10 milhões num ambiente voltado para a pessoa física e que hoje se define não mais como corretora, mas como plataforma de investimentos. Reforçou a comunicação para além do
    universo on-line e aparece na mídia de aeroportos e em inserções em canais de TV a cabo, como o
    jornalístico “GloboNews”. O passo mais recente, que começa a ser testado, conta o sócio Norberto
    Giangrande, são as transações por celular.

    A persistir esse ritmo de novos cadastros destinados às negociações em bolsa, ele estima que a
    participação da pessoa física no pregão pode chegar a 25% até dezembro. O ingresso do pequeno
    investidor começou a ser percebido em março, nas primeiras sinalizações pró-processo de impeachment
    da presidente afastada Dilma Rousseff, quando o Ibovespa ganhou quase 17%, e se intensificou nos
    últimos dois meses, enquanto o índice galgava mais 18,2% de valorização, o que levanta o
    questionamento se o novo investidor não está chegando tarde.
    “No mundo todo, a correlação entre participantes pessoas físicas e performance é direta”, diz
    Giangrande. “Se o Jornal Nacional der dois meses consecutivos que a bolsa foi a melhor aplicação, chove
    investidor.”

    O perfil, primeiro, era aquele investidor individual mais afeito a transações de curto prazo e que opera
    usando predominantemente a análise gráfica. Agora, o que se vê é um público que se propõe a
    diversificar o portfólio com viés de longo prazo, afirma Roberto Lee, diretor de produtos da Clear.
    “Tivemos que dobrar a equipe de cadastro e estamos olhando para a infraestrutura porque são números
    que não víamos desde 2010”, diz. O pico de participação da pessoa física na bolsa foi justamente em
    fevereiro de 2010, com uma parcela de 32,1% do bolo transacionado.

    “A diferença é que o investidor que está voltando ou entrando agora vai encontrar um ecossistema de
    corretoras mais saudável, uma indústria mais organizada”, diz Lee. Após a depuração que se viu nos
    últimos anos – a própria Clear foi comprada pela XP em 2015 – e o número de corretoras encolhendo, o
    executivo considera que o brasileiro também já reúne mais conhecimento sobre o mercado acionário e
    não investe mais em bolsa por meio de bancos, que tradicionalmente tinham a maior custódia em renda
    variável no varejo.

    No Modalmais, o perfil, por ora, é de investidores que olham o longo prazo, com a somatória de vários
    prazos curtos. Não necessariamente operam todos os dias, mas sempre acompanham a posição, afirma
    Rodrigo Puga, sócio da plataforma. “Quando há uma tendência bem definida de alta, aumenta a base [de
    clientes]”, diz. “Há a percepção de que a bolsa já atingiu o fundo do poço e o mercado dá sinais de força
    com o fluxo para o Brasil e a realocação dos ativos.”

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