Bolha imobiliária à brasileira, você acredita? Parte 7
Convidados, Geral

Bolha imobiliária à brasileira, você acredita? Parte 7

25 de junho de 2013

Para facilitar acesso a texto específico, seguem links com resumo e logo depois a PARTE 7.

Parte 1: http://defendaseudinheiro.com.br/?p=1123 – visão geral sobre conceito de bolha imobiliária ;

Parte 2: http://defendaseudinheiro.com.br/?p=1335  Bolhas imobiliárias – EUA, Espanha e Flats

Parte 3: http://defendaseudinheiro.com.br/?p=1337 Mercado imobiliário Brasil – 2.007 a 2.010

Parte 4: http://defendaseudinheiro.com.br/?p=1339 Mercado Imobiliário Brasil – 2.011 a 2.013

Parte 5: http://defendaseudinheiro.com.br/?p=1378 Reflexões sobre preços de imóveis

Parte 6: http://defendaseudinheiro.com.br/?p=1394 Bolha imobiliária + protestos

Parte 7: http://defendaseudinheiro.com.br/?p=1448 Preço de imóveis, valorização futura

Parte 8: http://defendaseudinheiro.com.br/?p=1506 Vendas imóveis em SP no 1T2013

Parte 9: http://defendaseudinheiro.com.br/?p=1534 Infográfico mercado imobiliário brasileiro

Parte 10: http://defendaseudinheiro.com.br/?p=1640 Infográfico Economia VS mercado imobiliário brasileiro

Parte 11: http://defendaseudinheiro.com.br/?p=1707 Infográfico subprime brasileiro

Parte 12: http://defendaseudinheiro.com.br/?p=1829 Imóveis usados São Paulo & FIPE ZAP

Parte 13: http://defendaseudinheiro.com.br/?p=2247 Subprime brasileiro fase II

Parte 14: http://defendaseudinheiro.com.br/?p=2287 Especulação imobiliária em São Paulo

Nova série de trabalhos: http://defendaseudinheiro.com.br/?p=2366 Desenhando a bolha imobiliária brasileira

PARTE 7:

O jogo dos 7 erros do mercado imobiliário – IMAGEM 1:

Alguém já teve a oportunidade de identificar os 7 erros, naquele jogo que normalmente vem junto com as palavras-cruzadas? É um exercício para desenvolver sua capacidade de observação e atenção quanto aos detalhes. Temos duas imagens, que colocadas lado a lado, apresentam diferenças muito sutis, você tem que marcar quais são elas.

O segmento imobiliário como um todo, vem transmitindo informações, que quando lidas com a devida atenção e às vezes, com uma certa dose de investigação, se comparam ao jogo dos 7 erros. Apenas para mantermos o “espirito” do jogo e não tornar este texto ainda mais longo, manterei este estudo limitado a 7 itens e apresentarei cada item em um texto separado.

Em cada cena analisada, veremos onde estão os aspectos incoerentes entre a primeira figura, que é o que o mercado imobiliário quer nos induzir a acreditar e a realidade por trás disto, que é a nossa segunda imagem.

CENA 1 – PREÇOS DE IMÓVEIS NO BRASIL, VALORIZAÇÃO FUTURA E MOMENTO IDEAL DE COMPRA:

Imagem 1A – Relatos do segmento imobiliário:

“Pesquisa” feita por “especialista” comparando preço do M2 de imóveis no Brasil com outros países e mencionando que ainda não estamos entre os mais caros, para grande maioria das cidades do Brasil, o que seria uma prova de que aqui não há bolha imobiliária.

Referência de outro “especialista” de que tivemos critério na concessão de crédito bancário no Brasil e que isto seria diferente de EUA e Espanha,  significando que não temos bolha.

Foi mencionando pelos “especialistas” acima, que agora seria o momento ideal para compra de imóveis, para aproveitar juros ainda baixos e valorização que continuaria ocorrendo acompanhando inflação.

Imagem 1B – Fatos:

A pesquisa que compara o preço do M2 no Brasil com outros países, simplesmente ignora a renda do Brasil comparado a estes outros países, como se no Brasil a renda fosse equivalente a de Londres, Tokio e outras cidades de países desenvolvidos, quando na verdade aqui são muito menores para grande maioria da população, além disto, tal pesquisa não considera que a distribuição de renda é bem pior no Brasil, não analisa a proporção entre custo de aquisição e aluguel, dentre diversas outras variáveis importantes para esta análise.

Como exemplo gritante da distorção de preços de imóveis no Brasil quando comparado a outros países, temos imóvel usado de 80 M2 e 2 dormitórios no RJ que custa o mesmo que castelo de 3.000 M2 no Estado de NY, sendo que nos EUA a renda per capta é 4 vezes maior que no Brasil e a distribuição de renda é muito melhor lá do que aqui.

Sobre os “estudos” anteriores deste “especialista”, gostaria de destacar a previsão feita pelo mesmo que até o ano que vem a BOVESPA estaria acima de 200.000 pontos (atualmente estamos em aproximadamente 1/5 disto, em outras palavras, a previsão deste especialista consegue ser pior que as previsões de Mantega sobre o PIB, onde este último estima 4 vezes mais do que irá acontecer).

Outro exemplo da precisão deste “especialista”: em Fev/2.013 ele apostava que o US$ tinha alcançado um ponto de estabilidade e que deveria se manter neste patamar, só neste último mês o US$ já subiu mais de 10%.

Sobre a imparcialidade deste especialista, o mesmo já foi garoto propaganda da Cyrela e é contratado frequentemente pelo segmento imobiliário, faturando alto para fazer apresentações motivacionais sobre a performance deste segmento.

Já sobre a opinião do segundo “especialista”, que por termos mais critérios para financiamento bancário, estaríamos imunes à bolha imobiliária, temos como fatos:

a) Compra de imóveis na planta ou em construção: isto é algo que só existe no Brasil e que tem gerado problemas sérios quanto à inadimplência e cancelamento de vendas. Só como referência, a Rossi, que foi a única construtora a fazer higienização da carteira de clientes, teve R$ 1,3 bilhão em distratos, só no 4T2012. No total das construtoras, a cada trimestre, são bilhões de R$ em distratos. Distratos ocorrem principalmente no momento em que compradores já pagaram mensalmente os valores para construtoras, mas não conseguem contrair o financiamento bancário quando o imóvel é entregue. Estes não são contabilizados, em nenhuma estatística, como problemas em concessão de crédito por falta de critério, embora os números sejam claríssimos de que vendas estão sendo realizadas, em grande quantidade, para quem não tem condições de comprar imóveis e depois estas vendas tem que ser canceladas, gerando transtornos e prejuízos para desfazer o negócio. Os imóveis destes distratos ficam em poder das construtoras e tem que ser vendidos novamente, situação análoga a quando bancos de EUA e Espanha tomavam imóveis e tinha que vendê-los, gerando super-estoques que desvalorizavam os imóveis. Este problema foi o principal causador para que, em Dez/2012, o estoque de imóveis novos no Brasil tivesse dobrado na comparação com Dez/2011.

b) Possibilidade de participação de mais pessoas no financiamento bancário, mesmo que não exista comprovação de que as pessoas adicionais irão ajudar a pagar ou morar no novo imóvel. É permitido,  por exemplo, que para um imóvel muito pequeno, tenhamos duas famílias pagando pelo financiamento. Isto significa, que o suposto “critério” mencionado pelo “especialista”, na prática não existe. Uma pessoa que envolva no financiamento a parentes que não ajudarão a pagar nem irão morar no mesmo imóvel, estará se endividando muito acima dos 30% de sua renda, que é o limite que daria a segurança mencionada pelo “especialista”. Outro ponto importante, é que não existe investigação adequada por parte dos bancos quanto a outras dívidas das famílias que contrataram investimentos, o que mais uma vez, tira toda a segurança deste empréstimo ;

c)  Hoje, mais de 70% dos financiamentos bancários para mutuários está dividido entre CEF e BB, dois bancos estatais. Esta situação é no mínimo estranha, pois se estamos falando de empréstimos que seriam, de acordo com o segmento imobiliário e seus especialistas, seguros e que seguem as melhores práticas do mercado, por que então os bancos particulares não foram mais competitivos na oferta de crédito e não tivemos uma concorrência mais equilibrada entre os bancos? Esta situação indica que o Governo, em sua pressão para aumentar o crédito imobiliário, forçou muito mais com os bancos sobre os quais tinha domínio para que concedessem crédito. Em uma situação como esta, como alguém poderia garantir que os bancos públicos foram realmente criteriosos? Considerar: sabendo-se que o interesse do Governo era exclusivamente na concessão do máximo possível de crédito para fazer com que o PIB pudesse crescer mais, junto com os empregos, já que o setor de construção civil era um grande gerador de empregos, será que este conflito de interesses realmente foi tratado da forma adequada, sob o ponto de vista de análise de risco de crédito?

d) Vejamos agora, algumas referências importantes quanto à qualidade do crédito concedido pelos bancos no Brasil e quanto as melhores práticas adotadas pelo segmento imobiliário, sendo estas tão defendidas pelos “especialistas” contratados deste segmento: a agência internacional Moodys que analisa risco de crédito de instituições em todo o mundo, rebaixou  a nota de crédito da CEF pelo fato dela possuir empréstimos concedidos que superam mais de 25 vezes seu patrimônio. Mais recentemente, outra agência internacional de análise de riscos, a Standard & Poors, ameaçou a CEF juntamente com mais 10 bancos brasileiros, de ter um rebaixamento em sua avaliação de risco de crédito. A terceira principal empresa de análise de crédito internacional, a Fitch, deu alerta quanto à situação do crédito imobiliário e o alto volume de distratos que vem ocorrendo.

Sobre o comentário do “especialista”, de que agora é o melhor momento para aquisição de imóveis, aproveitando juros ainda baixos e estimativa dele de que imóveis seguirão a valorização da inflação  (sem nenhuma referência de como chegou a esta conclusão):

Vamos assumir, com extrema boa vontade, uma vez que não existe nenhuma evidência neste sentido, de que os imóveis, por algum motivo desconhecido, poderiam vir a manter aumentos de preços em mesmos percentuais que os de crescimento da inflação. Seria um bom negócio e algo recomendável, adquirir imóveis?

Na hipótese de adquirir imóvel como investimento para depois revender com lucro, como foi incentivado por tanto tempo pelo segmento imobiliário: você faria um investimento em que ficaria no prejuízo? Explico: você pagará 2% de ITBI e mais 6% sobre o valor da venda para corretor, sem contar os demais custos relacionados a cartório, etc. e só isto já significa ficar no prejuízo se o reajuste do preço for só pela inflação.  Ah, mas você poderia comprar “na planta” ou em construção e depois revender antes de receber o imóvel e ainda, poderia tentar revender sem precisar de corretor. Na prática, hoje os imóveis na planta ou em construção estão custando mais do que os imóveis entregues, isto ocorreu, por exemplo, em São José dos Campos e  Natal e quem comprou na planta ficou revoltado com a situação. Mesmo com todo seu trabalho, risco e desgaste, você ficará no prejuízo. Vamos assumir ainda, desta vez chegando a ser utópico a favor dos representantes do segmento imobiliário, que você conseguirá vender com um ganho equivalente à inflação, mesmo com tudo que foi explicado aqui: você poderia obter ganhos maiores, com risco muito menor em qualquer outra aplicação financeira, sendo que a aplicação financeira terá liquidez imediata. Qual o sentido de correr riscos elevados, não ter nenhum retorno superior e ainda estar preso a um “investimento” sem nenhuma liquidez?

Vamos avaliar ainda um outro cenário: você comprou para depois alugar o imóvel. Ocorre que já temos tido excesso de imóveis sem alugar, demonstrado em diversas localidades, como imóveis comerciais vagos em Alphavile de SP que alcançam 40% do total. Também já observamos quedas em preços de aluguel em diversas praças devido a isto. Tudo causado pela queda na demanda por imóveis nos últimos anos. Qual seria a vantagem, principalmente considerando que pelo preço excessivamente alto dos imóveis e restrições de renda, o percentual do aluguel em relação ao preço do imóvel é menor do que a remuneração recebida em aplicações financeiras?

Bem, agora tentando ser um pouco mais realista do que os “especialistas” contratados pelo mercado imobiliário, vamos avaliar o cenário de se adquirir um imóvel agora para morar nele, dentro das condições de preço atuais:

Os preços de imóveis subiram mais do que qualquer outra coisa nos últimos anos. Fazendo analogia com a bolsa, quando o preço é considerado mais alto que o normal, este é o momento certo para se adquirir Ações?

Outro ponto, muito importante: quem disse que ao entrar em um financiamento para aquisição de um imóvel, não haverá nenhum reajuste nas prestações no futuro e como juros bancários para empréstimo imobiliários estão muito baixos, este é o melhor momento?

Muita gente não sabe e não se atentou ao fazer uma compra de imóvel, apesar disto ter um alto impacto financeiro em sua vida, mas não só já temos um juros elevado para quem compra na planta ou em construção, como também temos um juros embutido no financiamento bancário que será acionado em breve e fará com que o custo do financiamento aumente, independente de terem adquirido na planta, em construção ou já construído.

Para quem compra na planta ou em construção, com financiamento junto à construtora até a entrega, paga INCC (Índice Nacional da Construção Civil) sobre o saldo devedor até a entrega. Em outras palavras, muitas vezes o saldo devedor do imóvel, a ser pago no momento da entrega, é maior do que o valor total do imóvel quando o negócio foi acordado e com isto, em alguns casos, a pessoa sequer consegue contrair o financiamento junto ao banco. Estas situações tem sido muito comuns e sido parte da causa do elevadíssimo volume de distratos a cada trimestre.

Agora, temos um índice que muitos desconhecem, que é aplicado na grande maioria dos contratos de financiamento junto aos bancos, que é a TR (Taxa Referencial). Como ela funciona e por que existe nos contratos de financiamento imobiliário? A partir do momento em que a SELIC alcançar 8,5%, os contratos de financiamento imobiliário, mesmo aqueles adquiridos anteriormente e que contiverem esta cláusula de reajuste pela TR (grande maioria), sofrerão reajuste no valor da parcela a ser paga. Isto ocorre, porque qualquer banco ao fazer um empréstimo, precisa de uma garantia de que em caso de inflação muito elevada, combatida através de juros também crescentes pelo Governo, o retorno financeiro trazido pelos juros pagos pelo mutuário em termos reais (considerando inflação e custo de oportunidade) não será negativo, ou seja, continuará valendo a pena para o banco e este não estará operando no prejuízo.

Neste momento, temos a SELIC em 8%, com boa probabilidade de chegar a 8,5% e até passar disto já na próxima reunião do COPOM, no início de Julho/2013, ou seja, será ativado o gatilho para que o reajuste da TR seja aplicado no financiamento bancário, aumentando o custo deste financiamento, mesmo para quem já o contraiu antes.  Vamos lembrar que o US$ começou sua disparada devido a ameaças do FED (BC dos EUA) de antecipar a retirada da injeção de US$ todo mês na economia mundial (QE – US$ 75 bilhões / mês), podendo vir a iniciar uma redução já em 2.013 e concluir em 2.014 e esta situação pressionará cada vez mais o aumento do US$ (fuga de US$ do Brasil procurando retorno maior e mais seguro nos EUA), com isto a inflação cresce (commodities precificados pelo US$, inclusive alimentos, além de alta dependência de itens importados para diversos segmentos) e novos aumentos da SELIC para conter mais esta alta na inflação, principalmente com oposição e população pressionando o Governo em virtude da inflação já estar elevada. Como a SELIC influencia na TR, ao longo do tempo, continuando a crescer os juros para coibir o aumento da inflação, aumentará também o valor a ser pago na parcela do financiamento pelo mutuário. Imagine agora, quem ainda terá mais de 30 anos pela frente para pagar o financiamento e já estava no limite do endividamento para conseguir pagar esta parcela, dependendo das flutuações da SELIC e da TR para saber o quanto vai pagar a mais em cada parcela, situação que a grande maioria não previu ao contratar o financiamento…

Se considerarmos o cenário econômico atual e previsto, é exatamente o contrário daquele que estimulou o crescimento dos preços no segmento imobiliário, uma vez que juros estão crescentes e se refletirão nas parcelas a serem pagas aumentando inadimplência bancária. Mesmo antes disto, o aumento de juros da economia como um todo junto com inflação elevada levarão a novos aumentos no número de distratos. Este aumento nos juros dificultará ainda a contratação de novos financiamentos.

Já observamos na última medição sobre a evolução do PIB brasileiro, ao final do 1T2013, que foi não só decepcionante, como alarmante no sentido de demonstrar que o consumo interno havia estabilizado, e como consequência, combinada com outros fatores,  indústrias e comércio também tiveram desempenho decepcionante. Combina-se a isto, o recorde em déficit comercial e em conta corrente externa. Pior, é que o Brasil, em cenário típico de inflação alta combinada com crescimento baixo (estagflação) ainda enfrenta uma situação em que não pode deixar o câmbio muito alto e juros muito baixo para estimular crescimento e melhoria na balança comercial e contas externas, porque ambos tem alto impacto para inflação e Governo já está acuado pela oposição e por toda a população que já não aguentam mais esta inflação elevada.

Parte do motivo pelo qual o consumo interno não cresceu, é o alto nível de endividamento e de inadimplência, ambos cresceram mais do que a própria concessão de crédito nos últimos anos. Como referência, o índice geral de inadimplência do consumidor (SERASA) subiu mais de 80% no período da bolha imobiliária (desde 2.007 até hoje) e parece estar se estabilizando, mas dentro de um patamar muito elevado. Algo similar ocorreu com o nível de endividamento das famílias e por isto que ambos, endividamento e inadimplência, ajudaram a frear o consumo. Infelizmente, não foi só isto, a queda de produtividade nas empresas combinada com aumento de empregos, fez que produtos e salários ficassem muito caros, se refletindo nos aumentos relevantes de inflação e a forma de combater isto, será dolorosa para todos (aumento de juros, novos aumentos em inadimplência e nível de endividamento, etc.).

O segmento imobiliário tenta sustentar ainda a possibilidade de novos crescimentos nos preços dos imóveis com base no desemprego, que está em patamares baixos frente ao histórico do Brasil e os reajustes maiores de salários que são decorrentes desta situação e ajudariam a suportar estes novos aumentos nos imóveis. Ocorre que pelo DIEESE, que tem medições mais realistas que IBGE  (*), o desemprego estava em 9,6% em Dez/2012 quando alcançou sua mínima e depois veio subindo, chegando a 11,3% em Abr/2013, sendo que Abr/2013 foi 0,5% maior que Abr/2012. Não bastasse isto, pelo próprio IBGE, tivemos um mês de Maio/2013 péssimo, o pior em geração de empregos dos últimos 21 anos, sendo que o acumulado dos meses de Janeiro/2013 a Maio/2013 também foi um dos piores dos últimos anos (pior do que este, só o de 2.009 durante a crise que levou a redução do PIB naquele ano).Temos ainda levantamentos que indicam que os reajustes de salários, pressionados pelo péssimo cenário econômico , nos últimos 12 meses foram muito inferiores aqueles percebidos nos períodos imediatamente anteriores, em muitos casos não repondo sequer a inflação oficial, também com reduções sensíveis em PPR e PLR (prêmios anuais). Observar que estes aumentos menores em salários são inevitáveis, uma vez que não há mais espaço para repassar estes reajustes para os preços, pois a inflação muito alta já tem reduzido o consumo. Frente a todo o cenário econômico negativo que já tem ocorrido e tende a se agravar, conforme explicado mais acima, a tendência é que o desemprego continue a aumentar, os reajustes salariais e prêmios tendam a diminuir e com isto, retroalimentem os problemas mencionados acima, agravando-os.

(*) IBGE considera quem fez um bico no semáforo para poder almoçar e recebeu uns trocados como empregado, quem está a mais de 6 meses sem emprego não entra na estatística e outras manipulações típicas de órgãos ligados ao Governo Federal.

Uma das possibilidades, frente a todos os fatos acima, é que o Brasil venha a enfrentar uma crise econômica mais séria que se tornaria uma recessão, entre este ano e o próximo.

Este cenário econômico muito negativo será cada vez mais percebido pelas pessoas, já nos próximos meses, em especial com o esperado crescimento no desemprego e nos juros, com inflação ainda alta e PIB baixo, endividamento e inadimplência aumentando .

Em resumo, ao sermos realistas, não existe nenhum cenário favorável ao crescimento no preço dos imóveis, mesmo que apenas pela inflação que já não seria lucrativo por tudo que foi demonstrado aqui, ao contrário, todos os indicadores apontam para um cenário em que os preços dos imóveis irão reduzir.

A situação acima, na realidade, é ainda pior para o segmento imobiliário: os estoques de imóveis sem vender, que chegavam a ser menos de 70% das vendas do próprio ano em Dez/2.010, chegaram ao final de 2.012 em 100%, com prazos cada vez mais longos para realizar vendas, reduções de preços de imóveis que já acontecem no mínimo desde julho/2012 e que estão se intensificando (promoção recente da Even oferecendo 40% de desconto), quedas contínuas em vendas de usados no Estado de SP ao longo dos últimos 6 meses, 5 construtoras que devem mais que todo seu patrimônio e estavam entre as 9 empresas do Brasil com maior risco de insolvência no 1T2013. Realmente, apostar na aquisição de um imóvel agora e pelos preços atuais, como se fosse algo interessante ou lucrativo, não é um ato de coragem, mas sim, uma vitória da fé sobre a razão, ou melhor dizendo, a vitória da utopia sobre a realidade.

É por estas conclusões, por enquanto falando apenas do primeiro erro no jogo de 7 erros do mercado imobiliário, que temos uma visão cada vez mais clara que ao mercado imobiliário, só resta um lema: a desinformação é a alma da enganação! O objetivo aqui é informar e permitir que todos possam entender o jogo do mercado imobiliário, afinal, o prejuízo de adquirir um imóvel e depois ver seu preço despencar, será de algumas centenas de milhares de reais em alguns casos, em outros, de no mínimo algumas dezenas de milhares de reais e acho que ninguém gostaria de passar por isto apenas por falta de informação, não é mesmo?

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10 Comments

  • Reply Vilmar 1 de julho de 2013 at 13:08

    Mercado projeta taxa Selic a 9,25% ao ano em 2013
    Por Enfoque em segunda-feira, 1 de julho de 2013 – 09:12

    (Ag. Brasil) – A taxa básica de juros, a Selic, deve chegar ao final de 2013 a 9,25% ao ano. A projeção é de instituições financeiras consultadas todas as semanas pelo Banco Central (BC). Na semana passada, a previsão para a Selic no fim do período era 9% ao ano. Para o final de 2014, a projeção também é 9,25% ao ano.

    As instituições financeiras esperam que, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em 9 e 10 deste mês, seja mantido o ritmo de alta da Selic, com aumento de 0,5 ponto percentual. A taxa básica, atualmente em 8% ao ano, subiu 0,25 ponto percentual em abril e 0,5 ponto percentual em maio.

    Essa expectativa surgiu depois da spanulgação do Relatório de Inflação, no último dia 27. O BC elevou a projeção para a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 5,7% para 6%, este ano. Para 2014, a estimativa é que a inflação fique em 5,4%.

    A taxa básica de juros é elevada quando o objetivo do Copom é conter a inflação. Na spanulgação do Relatório de Inflação, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, disse que a autoridade monetária “dispõe dos instrumentos e está fazendo uso [deles] para que a inflação permaneça sob controle”.

    Para as instituições financeiras, a inflação medida pelo IPCA deve chegar ao final deste ano a 5,87%, contra 5,86% previstos na semana passada. Para 2014, a projeção subiu de 5,80% para 5,88%.

    A pesquisa do BC também traz projeção para o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), que passou de 4,98% para 4,71%, este ano, e permanece em 5%, em 2014.

    A projeção para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) foi ajustada de 4,72% para 4,79%, este ano, e de 5,20% para 5,50%, em 2014. Para o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), a estimativa passou de 4,58% para 4,84%, este ano e de 5,23% para 5,26%, em 2014.
    (por Alicia González)
    O governo está perdido, agora selic vai para perto de 2 dígitos ahahaha, cadê o crescimento da economia??
    #ForaMantega
    E vamos faturando com a renda fixa!!!

  • Reply Vilmar 27 de junho de 2013 at 17:25

    16h33 : BC vê mais inflação em 2013; mercado diverge sobre alta maior do juro

    SÃO PAULO/BRASÍLIA, 27 Jun (Reuters) – O Banco Central manteve seu duro discurso de combate à inflação nesta quinta-feira e indicou que dará continuidade ao ciclo de aperto monetário, mas agentes econômicos seguem sem consenso sobre se virão altas maiores do juro básico ou se o ritmo atual será mantido.

    Em seu Relatório Trimestral de Inflação, divulgado logo cedo, o BC indicou que vê a economia brasileira crescendo menos em 2013 e piorou seus cenários de inflação para este e o próximo ano, citando também riscos trazidos pelo dólar mais elevado e repetindo que continuará “especialmente vigilante” na condução da política monetária.

    Para o economista-chefe do Itaú, Ilan Goldfajn, o relatório do BC indica que a autoridade monetária avalia que altas adicionais do juro são necessárias, mas que não há “pressa excessiva no ciclo de aperto, já que as previsões apontam para a estabilização da inflação numa perspectiva de médio prazo, embora ainda acima da meta”.

    Para este ano, o BC prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro crescerá 2,7 por cento, abaixo dos 3,1 por cento estimados anteriormente e mesmo desempenho visto em 2011, primeiro ano de governo da presidente Dilma Rousseff. Em 2012, a economia doméstica teve expansão de apenas 0,9 por cento.

    A previsão do BC para este ano ainda é melhor do que a colhida na pesquisa Focus, que aponta alta de 2,46 por cento do PIB em 2013.

    O BC argumenta que os indicadores de atividade já vistos no segundo trimestre sugerem continuidade da recuperação, como a retomada da indústria e a manutenção da expansão do consumo das famílias, apesar da estimativa de alta para esta variável ter sido reduzida a 2,6 por cento, ante 3,5 por cento.

    A inflação elevada tem afetado a demanda dos consumidores, uma vez que atinge o poder de compra da população.

    No relatório, o BC piorou suas expectativas e trabalha agora com IPCA de 6 por cento no fechado de 2013 no cenário de referência –que considera Selic estável no patamar de 8 por cento ao ano–, ante previsão anterior de 5,7 por cento. Para 2014, o IPCA deve ficar em 5,4 por cento, ligeiramente acima da estimativa anterior de 5,3 por cento.

    Apesar disso, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, acredita que o IPCA fechará este ano abaixo do registrado em 2012, quando ficou em 5,84 por cento. Isso ocorrerá, segundo ele, porque o BC tem os instrumentos necessários para manter a inflação sob controle, mantra que repetiu várias vezes durante a entrevista coletiva para comentar o relatório de inflação.

    “O cenário de inflação neste ano abaixo de 2012 está de pé”, afirmou o diretor do BC, numa indicação clara de que o aperto monetário continuará.

    Pelo conteúdo do relatório atual do BC, o IPCA voltará a estourar o teto da meta do governo neste trimestre no acumulado em 12 meses, chegando a 6,8 por cento, antes de recuar a 6,2 por cento no terceiro trimestre e a 6 por cento no quarto trimestre. A meta de inflação do governo é de 4,5 por cento, com tolerância de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

    No Focus, os economistas consultados veem o IPCA a 5,86 por cento neste ano, com a Selic a 9 por cento em dezembro.

    CÂMBIO

    O BC destacou, no relatório, que a maior volatilidade e “tendência de apreciação” do dólar são riscos considerados, mas defendeu que na última década o repasse da depreciação cambial para a inflação diminuiu. “Além disso, esse repasse tende a ser suavizado pelo ciclo de ajuste da política monetária ora em curso”, segundo o BC.

    O dólar acumulava alta de 2 por cento ante o real neste mês até dia 26. A moeda norte-americana chegou a subir mais de 5 por cento no pico em junho, quando ultrapassou 2,25 reais, diante da expectativa de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, possa reduzir seu programa de estímulos, o que diminuiria a liquidez internacional.

    Segundo o diretor do BC, as projeções no relatório de inflação não levaram em conta a alta do dólar, que no cenário de referência está em 2,10 reais.

    O documento já contempla, contudo, as reduções nos preços das passagens de transporte público definidas recentemente por diversos governos municipais e estaduais, em resposta às manifestações populares que tomaram as ruas do país nas últimas semanas.

    DÚVIDAS

    Apesar de o BC repetir no relatório o tom forte de combate à inflação adotado recentemente pela autoridade monetária, não há consenso sobre a possibilidade de o Comitê de Política Monetária (Copom) acentuar mais o aperto monetário em julho, quando se reúne novamente.

    Para o economista-chefe da banco Fator, José Francisco Gonçalves, o BC manter o ritmo de alta de 0,50 ponto percentual “é o mais provável”, mas um eventual ajuste de 0,75 ponto na Selic não pode ser descartado.

    O BC iniciou o ciclo de alta do juro em abril, quando tirou a Selic do piso histórico de 7,25 por cento ao ano, para 7,50 por cento. A autoridade acelerou o passo em maio, quando elevou a taxa básica para 8 por cento, informando que agiria de maneira tempestiva para conter a inflação.

    “De certa forma, o BC sinalizou que pode aumentar para 0,75 ponto o ritmo de aperto da política monetária”, afirmou o economista e sócio da Tendências Consultoria, Juan Jensen.

    Para o economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank, Flavio Serrano, no entanto, “o relatório reforça o cenário que o atual ciclo de aperto terá mais duas altas de 0,50 ponto”.

    “Talvez o BC possa estender o ciclo, mas ainda não há indícios disso”, observou Serrano.

    Já no mercado futuro de juros, a maioria das apostas ainda é de que a Selic será elevada em 0,75 por cento na próxima reunião do Copom. Nesta sessão, o mercado não estava reagindo ao relatório do BC, com a leitura de que o documento não trouxe grandes novidades em relação ao discurso recente do BC.

    (Reportagem adicional de Alonso Soto, em Brasília)

  • Reply ricardo 27 de junho de 2013 at 16:36

    Tambem acho que vem 0,50%, mas 75 pontos cairia muito bem.
    Meu desejo é 4 de 0,75% fechando o ano em 11%.

    • Reply Vilmar 27 de junho de 2013 at 16:55

      Fechando ano de 2013 em 9,75% já está ótimo!
      Vou pegando NTNB-B PRINCIPAL cada vez mais barata, tesouro direto, ehheheheh.
      =D

      • Reply ricardo 28 de junho de 2013 at 00:34

        Vilmar, teve titulo do tesouro dando quase 12 % quando os gringos desovaram as ltn 116 e 117. Estou de olho !!

  • Reply Vilmar 27 de junho de 2013 at 12:00

    Eu também, conforme consenso de analistas, aposto em selic subindo +0,50% em julho próximo!!!

     

    COMUNICADO Nº 22.665, DE 27 DE JUNHO DE 2012
    Divulga o Calendário das Reuniões Ordinárias do Comitê de Política Monetária (Copom) para o ano de 2013.
    De acordo com o estabelecido no art. 6º do Regulamento anexo à Circular nº 3.593, de 16 de maio de 2012, divulgo o calendário das reuniões ordinárias do Comitê de Política Monetária (Copom) para o ano de 2013.
    Datas das Reuniões:
    15 e 16 de janeiro
    5 e 6 de março
    16 e 17 de abril
    28 e 29 de maio
    9 e 10 de julho
    27 e 28 de agosto
    8 e 9 de outubro
    26 e 27 de novembro

    2. As reuniões ordinárias são realizadas em duas sessões: a primeira, às terças-feiras, reservada às apresentações técnicas de conjuntura, e a segunda, às quartas-feiras, para decisões das diretrizes de política monetária.

    3. Conforme estabelece o art. 5º do citado Regulamento, a divulgação das decisões do Copom será feita na data da segunda sessão da reunião ordinária, após o fechamento dos mercados.

    Aldo Luiz Mendes
    Diretor de Política Monetária
    www3.bcb.gov.br/normativo/detalharNormativo.do?method=detalharNormativo&N=112037567

  • Reply Ricardo 25 de junho de 2013 at 23:24

    CA, a TR já foi acionada para os depósitos da poupança desde o dia 20 de junho.
    TR 0,0109%

    • Reply Vilmar 26 de junho de 2013 at 14:56

      Brasil Econômico @br_economico 21 min
      Taxa de desemprego fica estável em maio: Nas sete regiões metropolitanas pesquisadas pelo Dieese, o indicador …

      http://bit.ly/1af1o8u

    • Reply CA 30 de junho de 2013 at 17:32

      Ricardo,

      Sei disto, mas a TR só passa a se refletir nas parcelas, quando a SELIC for maior ou igual a 8,5%, foi por isto que relacionei com a próxima reunião do COPOM, quando todos apostam que alcançará este patamar.

      Abs,

      • Reply Vilmar 30 de junho de 2013 at 17:35

        Sim, isto mesmo… e mercado vem apostando em selic chegando a 8,5% , quiçá 8,75% agora em julho.
        Afundaaa inflação!!

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